Helena Mader
postado em 30/06/2009 08:45
Quem precisar de atendimento pediátrico amanhã vai ficar no prejuízo. Nem todos os planos de saúde são obrigados a reembolsar os pagamentos feitos diretamente aos médicos. A maioria dos convênios deve devolver aos consumidores apenas os preços previstos em tabela ; muito inferior aos R$ 90 que serão cobrados hoje por grande parte dos profissionais. Em alguns casos, não há sequer possibilidade de ressarcimento. Os pacientes podem recorrer à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ou ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para cobrar os seus direitos (leia abaixo).
[SAIBAMAIS]O promotor de Defesa do Consumidor Trajano Sousa de Melo acompanha há mais de quatro meses o caos na pediatria do Distrito Federal. Ele recebeu dezenas de reclamações de pais que buscaram atendimento em hospitais particulares, mas encontraram filas e muitas dificuldades. Trajano vê com preocupação a notícia da paralisação dos atendimentos por meio de convênios, prevista para amanhã. ;Os médicos têm suas razões, que devem ser analisadas pelas empresas. Mas essa paralisação pode causar muitos prejuízos aos pacientes;, explica o promotor.
Trajano Sousa orienta os clientes de planos de saúde que pagarem por atendimento a pedir o reembolso (1) às empresas. O representante do Ministério Público destaca ainda que os próprios médicos podem ter problemas com o movimento. ;Isso vai representar um descumprimento dos contratos com os planos de saúde e as empresas poderão cobrar dos pediatras os prejuízos que porventura tiverem;, finaliza.
;Absurdo;
O militar Roosevelt Torres, 36 anos, está preocupado com o impacto que a eventual suspensão do atendimento pediátrico por meio de convênios pode causar em seu orçamento. Pai de Vinícius, de 6 anos, e Amanda, 2, ele gasta R$ 800 por mês com plano de saúde para ele, os filhos e a mulher. ;Não quero ter que pagar consultas pediátricas separadamente, já faço um investimento alto para garantir a saúde da minha família. Seria um absurdo;, diz o militar, que ontem precisou esperar na fila em um hospital da Asa Sul para conseguir atendimento para o filho mais velho, que sofria com mal-estar e vômitos.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulação dos serviços prestados pelos planos de saúde, informou que o ressarcimento de despesas depende do tipo de plano de saúde contratado pelo beneficiário. A agência informa ainda que, caso as operadoras não tomem providências, os beneficiários devem entrar em contato com a ANS para registrar a denúncia.
Assim como a pediatria, outras especialidades passam pela mesma dificuldade e podem apresentar falhas no atendimento em breve. Psiquiatria, reumatologia, clínica médica e geriatria são também exemplos de setores em que a consulta se resume, na maioria das vezes, ao encontro entre o médico e o paciente. Na cardiologia, por exemplo, os profissionais sempre solicitam procedimentos como eletrocardiograma ou testes de esforço. E eles representam uma remuneração a mais, o que compensa os baixos valores da consulta. ;A consulta com o pediatra é mais longa e envolve toda a família, já que temos que conhecer desde o histórico da gravidez. É preciso que haja uma remuneração específica;, defende o pediatra José Marco Andrade.
1- FIQUE ATENTO
Para solicitar o ressarcimento das despesas com médicos, é importante guardar os recibos e as notas fiscais entregues pelos profissionais. Os clientes devem entrar em contato com o plano de saúde por telefone ou pessoalmente para apresentar a documentação e pedir o dinheiro de volta ; somente nos casos em que isso é previsto em contrato. <-- --> <--
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--> Negociações caso a caso <--
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--> <-- --> A maioria dos representantes dos planos de saúde não quis se manifestar sobre a paralisação de amanhã nem sobre a possibilidade de uma suspensão definitiva dos atendimentos por meio de convênio. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) informou, por meio da assessoria de imprensa, que as negociações são feitas individualmente por cada empresa e que cabe às operadoras se manifestarem. A Amil e a Golden Cross também foram contatadas, mas ninguém dessas empresas quis comentar o assunto. O superintendente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), Roberto Fontenele, critica a decisão de os hospitais fecharem as emergências por uma questão de redução de lucros. Ele destaca a dificuldade de reajustar a remuneração de apenas uma especialidade, o que poderia gerar descontentamento entre profissionais de outras áreas. ;As operadoras não possuem apenas uma especialidade no seu escopo de atendimento. Nosso pensamento é fortalecer o atendimento em consultórios. Além disso, se todos os hospitais se comprometerem a atender a pediatria, o mercado ficará aberto e os profissionais serão devidamente remunerados;, destaca o superintendente da instituição, que reúne 35 entidades no DF, como os planos dos servidores da Caixa, do STF, da Petrobras e da Infraero. (HM) <--
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--> A quem recorrer <--
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--> <-- --> Se tiver problemas com o seu plano, procure os seguintes órgãos: Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)