Luciana Navarro, Mariana Flores
postado em 30/06/2009 09:48
Viajar de ônibus entre dois estados ficará mais caro a partir de amanhã. O governo federal autorizou as empresas a elevarem em até 7,048% os valores das tarifas, acima da inflação dos últimos 12 meses. O que não significa que o reajuste nas passagens terá o mesmo percentual autorizado. No preço pago pelo consumidor está embutida ainda a taxa de embarque, que no caso do Distrito Federal é de R$ 0,33. A decisão vale para todas as viagens interestaduais e internacionais entre municípios distantes pelo menos 75km. Estão excluídos os trechos entre Brasília e as cidades goianas e mineiras do Entorno do Distrito Federal. De acordo com a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), o aumento para as viagens que ligam o DF aos municípios do Entorno deve ser autorizado ainda no mês de julho.
A alta nos preços vai atingir cerca de 2,5 milhões de pessoas que embarcam na Rodoferroviária anualmente. Em todo o país, o volume de passageiros que viajam de ônibus é de 62,2 milhões, segundo os números da ANTT.
Com o reajuste, um brasiliense que vai viajar para Goiânia, por exemplo, pagará R$ 29,72, em vez dos R$ 27,77 cobrados até a meia-noite de hoje (veja quadro). Os passageiros reclamaram do percentual elevado, acima da inflação dos últimos 12 meses. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Médio (IPC-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV), entre 21 de julho de 2008 e 20 de junho deste ano, o IPC-M foi de 5,02% no Brasil e de 4,88% em Brasília.
As passagens são caras, na opinião da mineira Maria Eugênia Santos Cordeiro, de 47 anos. ;Não precisariam de um novo aumento;, reclama. Periodicamente, ela viaja para vender as peças que a associação de artesanato que coordena produz na cidade de Veredina, Minas Gerais. Para vir a Brasília participar de uma feira e voltar para sua cidade, ela gastou R$ 269, além de R$ 50 por excesso de bagagem. ;Se aumentar muito o preço, pode não valer mais a pena levar os produtos para outras cidades. O que gastamos com passagem consome nossos ganhos;, afirma. Ele reclama ainda que não consegue mais viajar de férias. ;Agora, vai ficar ainda mais difícil;, lamenta a viúva, mãe de quatro filhos.
Variação elevada
O reajuste pode pesar mais no bolso dos brasilienses que viajam para cidades mais distantes da capital do país. Ir para São Luís (MA), de ônibus, vai custar R$ 20 a mais, mesmo acréscimo aplicado à tarifa do trecho até Recife (PE). Para São Paulo, viagem feita anualmente por cerca de 74 mil pessoas, a passagem ficará R$ 9 mais cara. Para Alexânia, o custo ficará R$ 0,72 mais caro.
Nos últimos 12 meses, segundo a FGV, as passagens de ônibus interestaduais e intermunicipais variaram em média, 3,74% no país. Em Brasília o aumento foi de 4,06%. Essa mudança de preço pesa no bolso dos brasileiros. Segundo a FGV,0,23% do orçamento doméstico das famílias do país é destinado a essas despesas. No DF, a influência das passagens de ônibus é bem menor: 0,03%. Os bilhetes aéreos, em contrapartida, pesam bem mais nos gastos dos brasilienses: 1,78%. Entre os brasileiros, a influência é a mesma dos ônibus.