Eu nasci e morei, em toda a minha juventude, em Laranjeiras, na casa de meus avós Ribeiro de Almeida. Família católica, vinda de Maricá, que para o Rio se transferiu para sempre. Era uma residência de dois andares, com uma varanda a segui-la até o fim do terreno. No andar térreo, era o hall de entrada ; de um lado, a sala de visitas; no meio, a escada e o gabinete do meu avô; do outro lado, a sala de jantar e um grande corredor, onde ficavam localizados os quartos de meus tios e de meus avós.
Em seguida, eram a copa, a sala de almoço, banheiros, cozinha, quarto de empregada etc. Em cima, os quartos de meus pais, irmãos e de nossa prima Milota, uma senhora que sempre morou com os meus avós. A sala de visitas tinha cinco janelas ; três dando para a rua, duas para os lados. Numa destas, minha avó embutiu um oratório, que, aos domingos, abrindo para a sala, permitia que a missa fosse rezada em casa, tão religiosa era a nossa família.
É claro que nada disso veio a influir na minha maneira de pensar: com pouco mais de 20 anos, atuava no Socorro Vermelho, onde um grupo de comunistas recolhia roupas e donativos para distribuir entre os mais pobres da redondeza. E, mais adiante, já formado e arquiteto, lá estava eu, comunista, a participar da luta e das passeatas que o partido de Prestes organizava.
Por outro lado, ao desenhar uma igreja, o arquiteto sente, surpreso, como esta é generosa como tema arquitetural. Com que prazer desenhei as colunas da Catedral de Brasília, a subirem em círculo, criando a forma desejada! E lembro os contrastes de luz que adotei, tão importantes no interior de uma catedral.
Patrimônio
Inaugurada em 1970 e hoje tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Catedral de Brasília é uma obra do arquiteto Oscar Niemeyer. A igreja possui um rico acervo de obras de artistas como Ceschiatti, Di Cavalcanti e Athos Bulcão. Atualmente, o monumento está passando por uma reforma, mas continua aberto à visitação.