postado em 05/07/2009 08:13
A indecisão sobre a construção de uma quadra poliesportiva entre as residenciais da 409/410 Norte parece ter chegado ao fim. Venceram os moradores que apoiam a obra. Mas os que não concordavam por causa da retirada das árvores da área verde ganharam uma compensação. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) decidiu que o espaço para a prática de esportes vai ser criado, porém, desde que a vegetação que ele vai cortar seja replantada nas proximidades. A obra deve recomeçar na próxima semana. O custo previsto é de R$ 86 mil .Os moradores contrários à construção da área de lazer defendem a permanência do verde previsto no projeto original do Plano Piloto. Eles alegam que a separação entre as superquadras foi projetada por Lucio Costa para ser um bosque urbano. Uma região para estabilizar o ar e diminuir os ruídos da área. O Iphan, a princípio, havia concordado com o argumento e desaconselhou a realização da obra, sugerindo que a quadra poliesportiva ficasse em outro local.
Mas o grupo a favor insistiu e o instituto entendeu que os 29,6% tomados pela área de esportes deixam um percentual do espaço livre. As paineiras e a grama, no entanto, terão de ser plantadas novamente, nas proximidades. Para cada árvore derrubada, cinco serão fixadas. Entretanto, alguns habitantes das entrequadras não estão satisfeitos. "Há quatro quadras de esporte nas 410 e 409. Estão abandonadas, sem condição de uso. Por que não reformá-las? Seria mais barato para a administração. A questão não é só ambiental, é o uso do dinheiro do contribuinte. Além disso, recolhemos 600 assinaturas contra a instalação e entregamos à administradora da cidade, mas nos sentimos ignorados", reclama a advogada Biviane Rojas, 31 anos, moradora da 410 Norte. O coro é engrossado por Losangeles Bajo e Ana Paula Souto Maior, que também discordam da construção da quadra.
Reivindicação
Uma antiga reivindicação no lugar é a falta de espaços de lazer. "Os idosos fazem exercícios em estacionamento de posto de saúde. O local para a prática de esportes vai beneficiar todo mundo. Quem não a quer está mais preocupado com o barulho do que com o meio ambiente", acusa o prefeito da 410 Norte, Gilberto Torres Laurindo. "Respeitamos quem é contra, mas estamos muito felizes com a conquista porque sabemos que esse é o melhor desfecho dessa polêmica", completa Antônio Joaquim de Moraes, membro da prefeitura comunitária.
A decisão do Iphan é conclusiva, porém, um grupo entrou com uma ação popular na Justiça Federal contra o GDF e o Iphan. Mesmo assim, a administradora de Brasília, Ivelise Longhi, garante o início das obras. "A maioria da população que votou quis (a quadra) e nós acatamos". afirma.
Briga que se arrasta
Desde o início de fevereiro deste ano, os moradores da 409/410 Norte dividiram-se em grupos contra e a favor da construção da quadra poliesportiva na área verde que separa os dois locais. A obra começou há cinco meses, quando a Novacap, durante a limpeza do terreno, derrubou algumas árvores. Fato que causou a ira de um grupo de donos de apartamentos. Eles protestaram contra a construção no local e conseguiram paralisá-la. Em 26 de abril, a comunidade decidiu pelo sim em uma votação sugerida pela administração regional. A oposição boicotou a eleição e a Administração de Brasília consultou novamente o Iphan, antes de continuar a construção.