Cidades

Marcelo Caron faz manobra para adiar julgamento

Ex-médico troca de advogado e tenta escapar de julgamento marcado para hoje em Taguatinga. Ele responderá por duas mortes em Brasília

Guilherme Goulart
postado em 07/07/2009 08:16
O julgamento das duas mortes atribuídas ao ex-médico Denísio Marcelo Caron em Brasília começa hoje no Fórum de Taguatinga cercado de desconfianças. A principal delas passa por estratégia do acusado para adiar o desfecho de um processo que se arrasta há sete anos. A última tentativa é a troca de advogado três dias antes da sessão. Para a Promotoria do Tribunal do Júri da cidade, a mudança pretende atrasar a definição do caso. ;É uma manobra conhecida. Mas vamos com a esperança de que possamos julgá-lo;, afirmou o promotor Leonardo Jubé de Moura. [SAIBAMAIS]Caso comece o julgamento, será a primeira vez que Caron se senta no banco dos réus pelas mortes das brasilienses. A funcionária da Terracap Adcélia Martins de Souza, 39 anos, e a universitária Graziela Murta Oliveira, 26, perderam a vida na mesa de operações em 2002 (leia quadro). As intervenções cirúrgicas ; lipoaspirações ; estavam sob responsabilidade dele. E as mortes ocorreram em menos de um mês. Adcélia morreu em 29 de janeiro no Hospital Anchieta, em Taguatinga. Graziela teve complicações e resistiu internada até fevereiro. Por enquanto, Caron tenta esgotar os recursos para adiar as punições para as acusações de homicídio qualificado e prática ilegal de atividade médica. Até 3 de julho mantinha três advogados: Lucílio Borges Corveta da Silva, Luiz Fernando Bernardes Cardoso e Raphael Fernandes. Os defensores foram responsáveis por tentar, na última segunda-feira, adiar a sessão de hoje. Entraram com pedido de suspensão dos trabalhos no Supremo Tribunal Federal (STF) ao alegar que o presidente do Tribunal do Júri de Taguatinga marcou o julgamento sem levar em conta um habeas corpus. Não deu certo. A estratégia desta vez passa pela troca de defensor. Os promotores de Taguatinga souberam ontem que a defesa de Caron está agora por conta do advogado Ricardo Silva Naves, de Goiânia (GO). Ele não foi localizado pela reportagem. O réu, porém, concedeu entrevista exclusiva à TV Brasília no domingo. Falou sobre as mortes das pacientes e pediu desculpas pelas tragédias. Mesmo assim, tratou o caso de Graziela Murta como uma ;fatalidade;. ;Isso (dramas familiares) é o que mais incomoda. Sinto muito pelas famílias e pelas pessoas;, afirmou. Caron terá de enfrentar amanhã as famílias das brasilienses mortas durante as cirurgias estéticas. Alguns parentes inclusive aparecem como testemunhas. A guia de turismo Patrícia Murta, irmã de Graziela, é um exemplo. ;A expectativa é de pena máxima para ele. É tempo demais sem punição e esperamos que nada atrapalhe o julgamento;, disse Patrícia. Crime e castigo Além das duas acusações na capital do país, o ex-médico responde pelos homicídios de outras três pacientes em Goiânia (GO) ; o promotor Diáulas Ribeiro, do Ministério Público do DF iniciou as investigações. Todas as vítimas perderam a vida em operações plásticas. A última condenação de Caron ocorreu em abril deste ano. O Tribunal de Justiça de Goiás o sentenciou a 8 anos de prisão em regime semiaberto pela morte de Janet Virgínia Novais Falleiro em 14 de janeiro de 2001. Também teve de pagar R$ 30 mil à família da vítima. A advogada não resistiu a complicações decorrentes de uma lipoescultura. Caron recebeu condenação anterior na Justiça goiana. Em 2003, pagou R$ 88 mil a Marlene Maria Alves, uma das 17 pacientes com graves sequelas após se submeter a cirurgia com o ex-médico. Além das cinco mortes, ele responde a processos por estelionato, desvio de dinheiro público, formação de quadrilha, furto, uso de documentos falsos e falsificação de documentos públicos e particulares. Diáulas comprovou ainda que Caron usou diploma falsificado de especialização em cirurgia plástica para conseguir registro profissional no Conselho Regional de Medicina de Goiás. Assista trechos da entrevista com Caron

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