Cidades

Pousadas desafiam a lei na W3

Helena Mader
postado em 08/07/2009 08:22
Elas não têm letreiros, anúncios, ou qualquer aviso que possa chamar a atenção. Mas o entra e sai de pessoas com malas e mochilas de viagem não deixa dúvidas: as pousadas da W3 Sul estão de portas abertas. Mesmo com uma decisão judicial de maio do ano passado que impede o funcionamento desses estabelecimentos (leia Entenda o caso), os empresários desafiam a fiscalização e continuam a cobrar pela hospedagem nas casas das quadras 700. A atuação na ilegalidade abre brechas para atividades criminosas. São cada vez mais comuns casos de apreensão de drogas e armas, além da prisão de traficantes nas pensões da Asa Sul. [SAIBAMAIS]Para garantir a clientela, os donos lançam mão de estratégias como divulgação pela internet ou propaganda boca a boca. Existem até mesmo sites em inglês, com fotos dos quartos e das instalações das pousadas. Em tempos de proibição, os artifícios para camuflar a atividade são variados. Em muitas hospedarias, as entradas ficam nos fundos, voltadas para o jardim. Também há empresários que não aceitam mais clientes para períodos curtos. É preciso pagar uma taxa mensal de permanência, que varia entre R$ 400 e R$ 500. Assim, eles evitam o vaivém de hóspedes com malas, o que chama a atenção da vizinhança. Falta de opção No caso dos estabelecimentos que cobram diárias, o preço varia muito: entre R$ 35 e R$ 130. Há opções para todos os gostos e bolsos, de quartos sem banheiro, sem ventilador ou café da manhã, a suítes com ar condicionado e frigobar. Entre os clientes, estão pessoas que vêm de fora de Brasília para visitar a cidade ou para buscar atendimento médico. Muitos turistas reclamam da falta de opção de hospedagem barata e bem localizada na capital federal e argumentam que as pousadas são a melhor saída para quem está com o orçamento de viagem apertado. ;Encontrei esse hotel pela internet quando procurava um albergue barato na área central da cidade;, afirma uma turista espanhola que não quis se identificar. Ela conta que não sabia que o estabelecimento era irregular, mas estranhou o fato de não haver nenhuma placa de identificação na entrada. Ontem, a equipe de reportagem telefonou para 15 pousadas na Asa Sul, todas divulgadas pela internet. Em apenas três delas, o interlocutor avisou que o comércio estava interditado. Em 12, os atendentes não hesitaram em passar informações sobre o preço das diárias e sobre os quartos e confirmaram que os estabelecimentos estavam de portas abertas à clientela. Na Pousada JK, no Bloco A da 703 Sul, a proprietária avisou que só aceitava hóspedes aos fins de semana. ;Estamos funcionando sim, mas apenas aos sábados e domingos. Durante a semana é arriscado, porque tem mais fiscalização;, justificou. Na Pousada da Nilza, também na 703 Sul, a atendente ofereceu um site com fotos do estabelecimento. Lá, o preço dos quartos varia de R$ 50 a R$ 80. ;Com café da manhã e internet grátis;, frisou a responsável pelo negócio. O Correio foi à W3 Sul. Na Quadra 704, flagrou a procura de dois rapazes por uma hospedaria. Eles bateram ao portão de uma casa, conversaram com uma pessoa e saíram. Em seguida, dirigiram-se a outra moradia, onde conseguiram abrigo. Por telefone, a atendente confirmou que o local funciona como pousada. Nas quadras 500, também há pousadas funcionando irregularmente. De acordo com a assessoria de imprensa da Administração de Brasília, nenhuma delas tem alvará para receber hóspedes. Muitas dessas pequenas hospedarias são usadas até como motéis. Ficar uma hora em um desses pequenos hotéis custa cerca de R$ 20. Na polícia Os donos de pousadas que desrespeitam a lei e reabrem as portas depois de uma interdição podem ser até presos. O artigo 330 do Código Penal determina detenção de 15 dias a seis meses em caso de desobediência à ordem. Pelo menos três ocorrências de descumprimento da interdição já foram registradas na 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul). O secretário de Ordem Pública e Controle Social, Roberto Giffoni, garante que os fiscais continuam agindo para coibir o funcionamento das pensões. Ele destaca que os artifícios dos proprietários para camuflar a atividade atrapalham a atuação dos agentes. ;Estamos atentos a esse problema e vamos fazer uma ação conjunta com órgãos da segurança pública. É preciso um trabalho de inteligência para acabar com essa prática.; De acordo com Giffoni, os casos flagrados serão levados à polícia, já que todas as pousadas da Asa Sul foram interditadas anteriormente. ;Todos vão responder por descumprir a interdição. Isso configura crime de desobediência;, finaliza o secretário de Ordem Pública e Controle Social. O que pode Regras para uso dos terrenos das quadras 700 da Asa Sul, de acordo com o gabarito para a área: # As casas só devem ser usadas para habitação familiar # O limite é de dois pavimentos por residência # O subsolo pode ser utilizado para a construção de quartos, copa ou cozinha, desde que ventilados e iluminados # A altura máxima das edificações é de 7m, excluindo a caixa d;água # Se houver via pública de acesso direto à residência, é permitida a construção de garagem dentro do lote # É proibida a construção de coberturas # É permitido instalar toldos nas janelas e nas portas da casa

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