Cidades

Estudantes de colégio particular ajudam a ressocializar crianças abandonadas pelos pais

postado em 09/07/2009 08:00
Tudo começou com a vontade de ajudar o próximo. Mas arrecadar doações não era suficiente ; o grupo de 20 adolescentes queria fazer a diferença na vida das pessoas. Eles decidiram dedicar tempo e carinho para levar alegria a crianças carentes. Alunos do colégio Leonardo da Vinci criaram o grupo Irmão mais velho, em parceria com o projeto Aconchego, entidade civil com atuação no DF. A prioridade do projeto é promover a convivência familiar de crianças que vivem em abrigos.

O grupo se reúne a cada duas semana para visitar a Casa de Ismael, na Asa Norte. A ação começou há um ano, com o encontro de adolescentes interessados em fazer trabalho voluntário. Eles montaram uma caixa de brinquedos para usar com as crianças abrigadas e planejaram dinâmicas para animar os encontros. Em pouco tempo, todos reaprenderam a pular corda. Bola de vôlei, peteca e lápis de cor viraram as ferramentas mais importantes da equipe. ;A gente não vai só para brincar, mas para escutá-los também;, lembrou o estudante Daniel Lima, 18 anos.

Os alunos com o auxiliar de disciplina Viuldê Macedo (quarto a partir da esquerda): visitas sempre avaliadasA estudante do 2; ano Gabriela Zeni, 16 anos, nunca havia participado de uma ação parecida. ;Conheci uma outra realidade da qual eu não tinha nem noção;, comentou. Antes das visitas, os alunos passam por orientação psicológica para lidar com os problemas relatados pelas crianças do abrigo. Elas aprendem a ouvir histórias complicadas e administrar a situação. Nessas horas, entendem que as crianças não precisam só de ajuda material, mas de um pouco de carinho. ;Muita gente vai lá, entrega as coisas e vai embora. A gente conversa, sabe da vida deles;, afirmou Daniel.

Durante as visitas, os estudantes se acostumaram a ouvir histórias de vida marcadas por violência e abandono. Eles ainda se abalam quando escutam um caso difícil, com elementos desconhecidos para quem foi criado em uma casa de classe média ou alta. ;Nós temos o dobro da idade de algumas crianças e nunca passamos por nenhuma situação parecida com as delas. Não deveria ser assim;, completou Gabriela.

Companhia
As crianças atendidas pelo projeto foram afastadas da família por decisão judicial e algumas aguardam adoção. Parte delas mantém contato com familiares e recebe visita de parentes. Outras são apadrinhadas e passam o fim de semana na companhia de voluntários. ;Apesar de eles não estarem com o pai e a mãe, têm nossa companhia;, comentou Letícia Mendes, 16 anos. Os estudantes tentam passar aos meninos e meninas do abrigo valores como companheirismo e amizade.

O grupo sempre faz as visitas acompanhado pelo auxiliar de disciplina do colégio, Viuldê Macedo. Ele deixa de lado a formalidade do trabalho e entra nas brincadeiras. ;Quando terminamos, nos reunimos lá fora para falar sobre o que cada um sentiu, o que foi feito naquele dia;, disse. Para a diretora pedagógica da Unidade Sul do Leonardo da Vinci, Márcia Nunes, o voluntariado é percebido como um diferencial dos jovens no mundo todo e uma oportunidade de crescimento para os alunos. ;É uma experiência muito rica para eles. Certamente, eles estão sendo transformados e serão pessoas diferentes;, frisou.

; Como ajudar

A equipe do Irmão mais velho também conta com doações para levar à Casa de Ismael nas próximas visitas. Eles estão recolhendo roupas de cama, cobertores, travesseiros e casacos para o frio. Também são aceitos alimentos, brinquedos ou material de limpeza. O material deve ser entregue no Leonardo da Vinci da 703 Sul (procurar Macedo). Quem quiser participar de outras iniciativas do projeto Aconchego pode entrar em contato pelo e-mail projetoaconchego@tba.com.br.

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