Jornal Correio Braziliense

Cidades

Pólos de educação a distância da UnB chegam a 32

A Universidade de Brasília (UnB) inaugurou três câmpus no Distrito Federal recentemente, mas o alcance da instituição já extrapolou os domínios do Planalto Central há um bom tempo. Desde 2007, quando começou o projeto Universidade Aberta do Brasil(1) (UAB), o centro de ensino superior é responsável, com outras universidades, por polos de ensino a distância. Atualmente, a UnB e a Universidade Federal da Bahia são as instituições responsáveis por mais polos de ensino a distância no Brasil (32 cada), mas apenas a universidade brasiliense alcança 13 estados, como Tocantins, São Paulo e Alagoas. O estudante Jitone Leônidas Soares, por exemplo, frequenta aulas do curso de educação física da UnB em Alto Paraíso (GO), a 219 quilômetros de distância do câmpus Darcy Ribeiro. Jitone, 23, não vai às salas de aula da universidade todos os dias, mas nem por isso tem menos trabalho. Durante o último semestre, o estudante teve de cumprir um rígido cronograma semanal de tarefas. ;Os professores disponibilizam a maior parte da bibliografia e passam exames pela internet;, relata. O melhor, segundo Jitone, é que o aluno pode fazer seu próprio horário. ;Estudo à noite, depois do trabalho;, diz o estudante, que teve de largar um curso presencial por dificuldade em cumprir os horários. ;O ensino a distância é mais cômodo, mas o aluno precisa de disciplina porque o sistema é implacável;, ressalva. Nelma Melani, supervisora de disciplina da Faculdade de Educação Física da UnB, confirma a rigidez. ;Quando o aluno falta a um encontro presencial (são pelo menos quatro por semestre), o risco de reprovação é grande, principalmente em um curso como o de educação física;, diz. Segundo ela, o professor não tem como improvisar em ensino a distância. ;No início do semestre é preciso saber o que vai acontecer da primeira à última semana;, explica. O grande alcance da UnB, que oferece oito cursos a distância(2), é consequência de sua localização geográfica. ;Cada universidade é orientada a trabalhar na sua região, mas o Centro-Oeste tem muitas universidades participantes da UAB;, explica Wilsa Maria Ramos, que coordena a Universidade Aberta do Brasil na UnB. Como as regiões isoladas também precisavam de atendimento, a Capes convidou algumas instituições para ir mais longe. ;A Universidade Federal do Acre não pôde aderir à UAB. Acabamos coordenando oito polos por lá;, conta Wilsa. Diretor de Educação a Distância da Capes, Celso Costa considera que o ensino a distância é um setor que se consolida dentro de um programa governamental. Para contemplar todo o país, a Capes adotou a divisão brasileira por meio de microrregiões, que são 527. A meta, segundo Costa, é que cada microrregião tenha um polo, mas algumas delas são muito extensas ou de difícil deslocamento, o que pede outros pontos de apoio. ;A Ilha de Marajó, que fica na microrregião de Arari, no Pará, não é extensa, mas o deslocamento de um município a outro é muito difícil;, diz. A meta da Capes é estabelecer o local de 880 pólos até o fim do ano. Atualmente, a instituição trabalha com 550 polos de ensino e deve anunciar mais 170 em 15 dias. ;Não vai resolver o problema da educação, mas ao menos vamos conseguir dobrar o atendimento das instituições públicas;, prevê. A ideia é formar professores que auxiliem na educação básica das regiões mais afastadas. Atualmente, cerca de 500 mil professores da educação básica não possuem formação adequada. São médicos que dão aula de química ou pedagogos que ensinam matemática, por exemplo. 1 - FORMAÇÃO DE PROFESSORES Criada pelo Ministério da Saúde em 2005, a UAB tem como prioridade a formação de professores para a educação básica. Atualmente o Brasil conta com 109 mil alunos de educação a distância, graças à colaboração de mais de 80 instituições nacionais de ensino público. 2 - 10% DAS MATRÍCULAS A UnB oferece cursos de artes visuais, biologia, educação física, geografia, letras/português, música, pedagogia e teatro a distância. Os 2,2 mil estudantes dos cursos a distância correspondem a quase 10% das matrículas nos cursos presenciais. PARA SABER MAIS Educação longe do câmpus Depois de serem aprovados em um exame vestibular, os alunos matriculados recebem uma senha para participar do sistema informatizado da universidade. É por meio do Moodle, no caso da UnB, que estudantes e professores se comunicam. Os alunos têm acesso a todo o material didático e a instruções via internet, mas precisam atender a encontros presenciais regularmente, principalmente para passar pelas avaliações mais importantes. O número de encontros varia de acordo com o curso, mas gira em torno de 4 por semestre. Um tutor presencial orienta as tarefas no pólo de ensino, mas quem corrige e avalia as provas é o tutor a distância, que está sempre à disposição para tirar as dúvidas dos alunos. Eles organizam chats semanais para esclarecer dúvidas e se comunicam via e-mails e softwares como Skype e MSN.