Guilherme Goulart
postado em 10/07/2009 15:44
A Justiça inocentou quatro dos cinco policiais militares de Barreiras (BA) acusados de torturar e executar dois brasilienses no interior da Bahia. O tenente Alexandre César Freire Lima foi o único condenado, a pena foi de 12 anos pelos homicídios. O sargento Paulo Tasso Costa e os soldados Carlos Alberto Ribeiro Nunes, Reinaldo Silva dos Santos e Ronaldo Silva dos Santos, foram inocentados, mas Ministério Público da Bahia informou que vai recorrer da decisão. "A pena deveria ser maior e os demais não poderiam ser inocentados, uma vez que são réus confessos. Mesmo assim, foi uma vitória. É a primeira vez que um policial militar é condenado no oeste baiano", afirmou o advogado Dálio Zippin Filho, membro da Comissão Especial de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB, também assistente da acusação.
[SAIBAMAIS]O julgamento começou na segunda-feira às 14h e só teve a sentença lida nesta sexta-feira (10/7) às 2h, em São Desidério (BA). No banco dos réus os PMs eram acusados pelas mortes do policial civil do DF Jésus Antônio de Oliveira e do técnico do Ministério da Fazenda Daniel Pereira da Silva. O caso ocorrido em 1998, se arrastava há 11 anos. Houve três adiamentos desde a primeira sessão, em dezembro de 2008.
O duplo homicídio ocorreu em fevereiro de 1998. Jésus e Daniel moravam em Sobradinho. Conheceram-se na infância. E perderam a vida a caminho da confraternização anual da turma, em 8 de fevereiro de 1998 em Angical (BA). Enquanto mais de 30 pessoas seguiram em um ônibus alugado, os amigos dirigiram um Gol. Acompanharam o grupo até que um problema nos pneus do ônibus os dividiu. Continuaram a viagem por algumas horas, mas pararam para descansar às margens da BR-020.
A investigação levantou que os acusados os abordaram ao concluir que se tratavam de assaltantes. Atiraram em direção ao carro, e um tiro pegou em cada. Jésus fugiu. Daniel acabou executado com um tiro na nuca. O policial civil correu 9km ferido e pediu ajuda a um agricultor. Imaginava-se vítima de assalto. Ao sair de carona, porém, os PMs o localizaram. Não adiantou se identificar. Sofreu torturas e levou três tiros. Os cinco voltaram a Barreiras (BA) e apresentaram os corpos como de ladrões de ônibus.