Mariana Flores
postado em 12/07/2009 09:13
A turbulência econômica internacional não deve frear o crescimento da capital do Brasil. Pelo menos não como esperavam as projeções oficiais no início deste ano. Com base nos indicadores da economia do primeiro semestre, a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) elevou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2009. A expectativa é de que a soma de todas as riquezas produzidas aqui atinjam R$ 103 bilhões este ano.
A previsão é mais otimista que a de abril, mas continua abaixo da de dezembro. No fim de 2008, o órgão estimava que a economia brasiliense iria crescer 3,5%. Em abril deste ano, o índice foi revisto para uma faixa entre 1,5% e 2,9%, em função dos impactos da crise econômica - arrecadação 13% inferior à esperada para 2009 e um corte de R$ 238 milhões no volume de repasses do governo federal para o GDF.
O otimismo foi recuperado, ao menos em parte: a estimativa é que a soma das riquezas cresça pelo menos 2% - um terço acima da previsão anterior. O teto para o crescimento do PIB foi mantido em 2,9%. O volume de crescimento projetado pela Codeplan é inferior ao registrado nos últimos seis anos (veja quadro), mas bem superior ao esperado para a economia nacional. Na semana passada, a estimativa dos analistas ouvidos para compor o Boletim Focus, do Banco Central (BC), era de retração de 0,50% no PIB nacional. Mais otimista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estima uma alta de 1% no PIB nacional.
Professor da Universidade de Brasília (UnB), o economista Roberto Piscitelli é um pouco mais pessimista: "É difícil que o DF tenha um desempenho tão descolado do restante do país. A cidade tem particularidades que fazem com que o impacto da crise não seja tão forte, mas acho essa previsão muito otimista", afirma. Mas o crescimento mínimo de 2% em relação ao desempenho de 2008 é viável e deve ocorrer, defende o presidente da Codeplan, Rogério Rosso.
A favor do crescimento econômico, segundo ele, estão o aumento da massa de rendimentos, que resultou em maior consumo, e uma frustração de arrecadação menos intensa que a verificada no início do ano. "Nossa economia sofrerá os efeitos da crise, mas não será como esperávamos. A economia do DF é centrada no segmento terciário, que, além de reagir mais rapidamente à queda dos juros, é o setor que menos sofreu os impactos da crise. Por outro lado, a indústria e a agropecuária, os setores mais prejudicados no país, não têm peso grande aqui", explica Rosso.
"A economia brasiliense é sustentada pelo consumo, e a renda elevada dos funcionários públicos faz com que tenhamos uma rotina dos gastos. As pessoas podem assumir compromissos, fazendo girar a economia", completa o gerente de análise da Codeplan, Carlos Alberto Reis. Com reajustes salariais no setor público e a recuperação do nível de emprego, o volume de dinheiro em circulação na economia local chegou a R$ 148,6 milhões por mês, volume 10,5% maior que há um ano, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Já a arrecadação continua decepcionando, mas em menor intensidade do que o projetado. Em abril, o GDF amargava uma redução de 13% no volume de receita esperado para este ano. Agora, a redução caiu para 11%, segundo o secretário de Planejamento, Ricardo Penna. "Ainda estamos numa situação difícil em termos de receita, mas a crise melhorou. Agora, estamos monitorando de perto, mas este déficit pode se reverter no segundo semestre", afirma o secretário.
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