Cidades

Construir está 3,59% mais caro

Apesar do incentivo da União, os custos de edificação no Distrito Federal superaram a inflação acumulada no primeiro semestre deste ano, que foi de 2,57%

Mariana Flores
postado em 15/07/2009 08:28
Construir ou reformar um imóvel na capital do país está 3,59% mais caro desde o início do ano. Os custos da construção civil no Distrito Federal subiram mais do que a inflação em 2009 e no acumulado dos últimos 12 meses, apesar da contribuição fiscal concedida pelo governo federal %u2014 desde março, diversos produtos da cesta da construção tiveram reduzidos os percentuais de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), benefício estendido até dezembro. O incremento registrado neste ano é superior à inflação acumulada no período, de 2,57%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ainda assim, os aumentos são inferiores aos registrados no mesmo período do ano passado. De janeiro a junho de 2008, os preços e salários aumentaram, em média, 5,51%, segundo dados do Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 12 meses, os materiais de construção civil e a mão de obra ficaram 10,03% mais onerosos, enquanto a inflação foi de 4,80%. Com o reajuste verificado pelo IBGE, o metro quadrado no DF está em R$ 726,82, o quinto mais caro do país. O acréscimo, no entanto, foi ainda maior do que o constatado até agora pelo IBGE. Como os dados se referem à contabilização feita até junho deste ano, não entrou na conta o reajuste negociado pelos trabalhadores do segmento com os patrões. Desde o início de julho, eles estão recebendo o aumento de 6,5% na remuneração e de 7,0% no piso salarial. Os valores são retroativos a maio, mês da data-base da categoria. Comemoração Apesar do custo mais alto, as lojas de materiais de construção, as construtoras e os trabalhadores comemoram tempos melhores no setor. Os comerciantes devem festejar vendas 5% superiores às de 2008. Um bom resultado, considerando que a economia brasileira deve, pelo menos, estabilizar neste ano, segundo as perspectivas econômicas mais otimistas. As construtoras esperam um faturamento 15% superior neste ano, puxadas pelas obras públicas e pelos prédios residenciais, como os de Águas Claras, segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon), Elson Ribeiro e Póvoa. Mais obras, mais empregos. O número de contratados no segmento é 14% superior ao de 12 meses atrás, o que significa 7 mil pessoas a mais, pelos dados da PED. O bom resultado das lojas se deve principalmente ao benefício da redução fiscal, segundo o presidente do Sindicato Varejista de Materiais de Construção, Cecin Sarkis. Ele contesta que os preços estejam subindo acima da inflação. %u201CCom a redução do IPI, a indústria diminuiu os preços e nós repassamos para os consumidores. O mercado está bem aquecido, estamos vendendo para todas as classes. As pessoas estão aproveitando para reformar suas casas%u201D, afirma. Os números da Codeplan mostram que as famílias mais carentes do Distrito Federal estão reformando ou planejando fazer reparos em seus domicílios. Nas 10 regiões administrativas com menor renda, pelo menos um terço das famílias revela que as casas necessitam de consertos. Em algumas cidades, até 11,5% delas estão sendo modificadas, como verificou o órgão no Riacho Fundo II. Na Estrutural, é onde há maior necessidade de reformas. Dois terços das residências precisam ser reparadas. O comerciante Luiz Antônio Lima, 57 anos, morador da Estrutural há 12 anos, sonhava fazer a reforma na casa em que mora com a mulher e quatro filhos. A redução do IPI e o início das obras de infraestrutura na cidade o animaram. Com a ajuda do cunhado, do sobrinho e de um vizinho, ele começou as obras que derrubaram a antiga casa e deram início à construção de uma loja no primeiro pavimento e da residência no segundo andar. Ele estima que o custo total será de R$ 25 mil. %u201CFiz uma pesquisa de preços e vi que agora está melhor. Pedi um empréstimo e comecei. Vou fazer as poucos, mas vai ficar tudo muito bom.%u201D As obras pequenas, como a de Luiz Antônio, têm animado os trabalhadores. Com a demanda elevada, eles conseguiram reajustar os salários acima da inflação, além do benefício do vale-alimentação de R$ 108,90, a partir deste mês. %u201CA procura está muito boa. Os empregos estão aumentando%u201D, conta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Brasília, Edgard de Paula Viana. Apesar do incentivo da União, os custos de edificação no Distrito Federal superaram a inflação acumulada no primeiro semestre deste ano, que foi de 2,57% O número 7,0% foi o aumento do piso salarial dos profissionais da construção civil no Distrito Federal

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