Cidades

Moradores da SQS 205 querem substituir calçadas por estacionamentos

Proposta será discutida na terça-feira com a Administração de Brasília, mas Iphan já informou que áreas verdes são intocáveis

Rodolfo Borges
postado em 16/07/2009 08:15
Os moradores da SQS 205 estão cansados de chegar em casa e não encontrar vagas para os próprios carros. O drama de muitos habitantes do Plano Piloto é mais agudo na 205 Sul, onde nenhum dos blocos tem estacionamento interno ou coberto. Angustiados com a dificuldade para estacionar em frente aos prédios, os moradores planejam propor à Administração Regional de Brasília uma troca dos espaços ociosos da quadra, como grandes calçadas de concreto e caixas de areia inutilizadas, por asfalto.

Artur Benevides (à frente), Silvio e Edna mostram uma das áreas que poderiam virar vagas para carrosNo plano dos moradores, mudanças em quatro pontos poderiam render até 90 vagas à residencial, que está cercada por três bares de grande movimentação da Asa Sul. ;São 11 blocos, que abrigam 594 apartamentos. Não temos vagas para todo mundo, muito menos para os comerciantes ou seus clientes;, reclama o prefeito da quadra, Artur Benevides. ;O comércio está crescendo, principalmente por causa da lei que autorizou os puxadinhos;, completa. Segundo ele, os manobristas têm buscado vagas dentro das quadras residenciais.

É comum os moradores da 205 Sul estacionarem em prédios mais distantes por não acharem vagas no próprio bloco. Muitos se policiam para chegar em casa antes das 22h e garantir os últimos lugares no estacionamento. Há até quem pare o veículo na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), vizinha à SQS 205, por falta de opções.

Por tudo isso, é difícil encontrar alguém que se oponha à ideia de trocar concreto por asfalto. ;Desde que não interfira nos jardins, não tenho nada contra os estacionamentos;, diz o síndico do Bloco H, Vladimir Machado da Silva. ;Mas é sempre possível encontrar alguém que seja contra qualquer coisa;, brinca, garantindo que no Bloco H não há ninguém avesso ao aumento de vagas.

No Bloco J, os moradores também são unânimes quanto à necessidade de aumentar o estacionamento. ;A transformação da calçada em frente ao bloco chegou a ser autorizada há 10 anos, e funcionários da Novacap vieram iniciar o trabalho, mas foram impedidos por dois ou três moradores insatisfeitos com a derrubada das árvores;, lembra Silvio Kobayashi, síndico do Bloco J.

Reações
É por medo de reações como essa que os síndicos da quadra fazem questão de manifestar respeito às plantas. ;Não queremos interferir na área verde. Temos um bosque maravilhoso e ele não vai sair daqui;, garante Edna Chaperman, síndica do Bloco F.

Além do concreto ocioso, os moradores miram-se em quatro caixas de areia inutilizadas. ;Agora, a quadra conta com um parquinho cercado. Não há mais por que manter essas caixas de areia, que servem apenas como banheiro improvisado para os animais;, considera Artur Benevides. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), contudo, as caixas de areia fazem parte da área verde das quadras.

;Essa área não pode ser diminuída nem em um milímetro;, avisa o superintendente do Iphan no DF, Alfredo Gastal, que sugere o ajardinamento das caixas. Segundo Gastal, a melhor solução para o problema das vagas é criar uma legislação que ;estabeleça as regras do jogo;, com horários de funcionamento e ocupação das vagas. ;É o governo que tem que resolver esse problema de estacionamento;, defende.

Procurada pela reportagem, a administradora de Brasília, Ivelise Longhi, preferiu não se manifestar ainda sobre a questão. Longhi tem um encontro marcado com os síndicos da SQS 205 para a próxima terça-feira, e, depois de ouvir detalhes do plano dos moradores, deve se posicionar.


; Regulamentação

A Lei n; 766/08 regulamenta os chamados puxadinhos do comércio da Asa Sul. Pelas novas normas, o limite máximo para que os comerciantes possam avançar em área pública é de 6m, a partir dos fundos da loja original. A taxa anual pela ocupação varia de
R$ 2.380,37 a R$ 22.005,77.

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