Cidades

Pequenas atitudes, grandes resultados

postado em 19/07/2009 10:47
Quando a produtora de tevê Lia Tavares, 29 anos, se mudou para uma chácara no Setor de Mansões do Lago Norte (MI), próxima ao Lago Paranoá, ela decidiu ter um caiaque - apesar de nunca ter andado em um antes. Mandou fazer a embarcação com materiais recicláveis, cujo preço era menor do que o oferecido na loja de produtos esportivos. O principal motivo da nova aquisição surpreendeu amigos e a própria família da produtora. O caiaque, que normalmente é usado para lazer e competições, teria uma outra finalidade nas mãos de Lia: ser o meio de transporte ecológico para ir e voltar do trabalho, localizado na QL 13 do Lago Norte. Há sete meses, ela trocou o estresse de encarar o trânsito a bordo de um Gol preto pelo prazer de navegar nas águas do lago. "Foi a maneira mais eficiente, econômica, divertida e ecológica que encontrei para me locomover", resume. Todos os dias, Lia conta com a ajuda do marido para chegar ao local de embarque, o Piscinão do Lago Norte. Eles vão de carro até lá porque a produtora não consegue carregar o pesado caiaque azul. Com a mochila nas costas (que carrega roupa, capa de chuva e lanterna) e o colete salva-vidas, Lia gasta 15 minutos para atravessar o lago e desembarcar no píer do trabalho. Tempo 10 minutos inferior ao que costumava gastar quando ia de carro. "Estou me aperfeiçoando e percebendo melhor as características das ondulações. Hoje, sou mais rápida, gasto menos dinheiro, faço mais um esporte e ajudo a conservar o meio ambiente, evitando a emissão de gás carbônico do carro", afirma Lia. Pequenas atitudes, como a da produtora, podem contribuir para melhorar a qualidade de vida de várias pessoas. Não existe um manual que ensine como se tornar um cidadão-modelo ou salvar o planeta, mas há como desenvolver a própria capacidade crítica e analítica para buscar soluções criativas em prol de um bem-estar coletivo. Para o pesquisador do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB) Donald Sawyer, o nosso comportamento pode ser ajustado para que haja um equilíbrio entre a convivência dos seres vivos e a natureza. "É uma mudança de hábito. Hoje, não basta mudar o comportamento individual. É preciso ter uma participação mais efetiva na sociedade e cobrar políticas públicas sustentáveis. Num futuro próximo, teremos que conviver com escassez de água, falta de alimentos e energia a custo elevado. Temos que mitigar alguns problemas e nos adaptarmos a outros, que serão inevitáveis devido às mudanças climáticas globais", argumenta o pesquisador. Parceiros Com o intuito de evitar a queima do diesel - que contribui para a poluição do ar junto com outros combustíveis fósseis - , impedir o desmatamento para a produção de combustível vegetal e dar um descarte adequado ao óleo de cozinha usado, o cineasta Roberto Ballerini, 31, estuda uma maneira inusitada para abastecer o jipe Niva (1990/1991), que comprou há quase um ano. Ele quer encher o tanque de 42 litros com óleo de soja, girassol ou qualquer outro do tipo vegetal, que normalmente depois de usado na cozinha teria como destino o ralo da pia, o vaso sanitário ou o lixo. Com isso, o cineasta faria sua parte para evitar a contaminação do esgoto com o óleo impuro. "Comprei o carro com a intenção de fazer a adaptação do motor a diesel, para poder rodar com o óleo de cozinha usado", afirma Ballerini. Segundo ele, adaptar o atual motor a diesel aos moldes dos que eram usados no passado não é difícil nem caro. "Preciso colocar um filtro específico e instalar um sistema que aqueça o óleo a uma temperatura de 90°C. Fazer isso não custa muito", diz. O óleo de cozinha usado deverá passar por uma filtragem rígida para tirar as impurezas como restos de comida, sal e água. O cineasta acredita que, num espaço adequado, o processo de tratamento do óleo usado pode ser feito sem problemas. A maior dificuldade de Ballerini, no entanto, é encontrar parceiros que doem o óleo de cozinha. "Eu precisaria de, pelo menos, 100 litros de óleo usado por mês, mas essa quantidade só é possível coletar em restaurantes", calcula.

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