O chamado Torneio do Barrão(1) começou no dia 3 último com a participação de 12 equipes e 240 atletas. Pelo menos 300 pessoas passaram pelo local para assistir a final do campeonato. Nos primeiros dez minutos da disputa pelo terceiro lugar, veio o primeiro gol da equipe Lá Vai Bola, representante da QI 20, em cima do KLP (Kachaça, Limão e Pinga), da Quadra 38 do Guará II. A revanche veio três minutos depois, com um chute do certeiro ao gol do meio de campo de camisa número 11, Willian da Silva e Sá. Enquanto jogava, o rapaz, 23 anos, que já treinou no Corinthians, era cobiçado pelo empresário Bolivar Marca, representante do The Strongers, clube de futebol da Bolívia, país vizinho. ;Venho observando ele há algum tempo e pretendo convidá-lo para jogar fora do Brasil. Acho que é um jogador com futuro promissor;, disse o olheiro boliviano.
A habilidade de Willian com a bola foi confirmada durante os 50 minutos de jogo. Mesmo sendo marcado constantemente, ele emplacou dois dos três gols do KLP, mas não se vangloriou por isso. ;O outro time estava com dois jogadores a menos. Ficamos em vantagem, porque o jogo estava desproporcional;, reconheceu.
Vibração
A cada gol, uma vibração diferente vinha da torcida formada não apenas por adultos, mas também por crianças, moços e moças de cabelos grisalhos. A maioria acompanha o campeonato desde quando ele começou, na década de 70. ;É uma competição muito saudável, sem contar que é uma diversão para toda família e lazer para os moradores do Guará;, avaliou o comerciante Kadal Holanda Oliveira, 43 anos. ;É o contraponto da violência. A gente fica feliz porque as pessoas participam todos os anos com muita alegria;, ressaltou o administrador do Guará, Joel Rodrigues.
Na disputa pelo primeiro lugar, estavam o Bragantino, representando o Setor Lúcio Costa e o time Parte Negra, da QI 22. A tensão entre os atletas e a pressão em cima dos competidores era constante.
Camisa suada
O goleiro Hélio Tássio de Queiroz Monturil, 48 anos, que o diga. No final do segundo tempo Tassinho, como é conhecido, segurou uma bola chutada no canto do gol. Precisou se jogar no terrão para não deixá-la entrar. ;Da próxima você não pega não;, agourava um torcedor.
Depois de muito suar a camisa, o Bragantino levou a melhor com três gols, um a mais que o adversário. E inúmeros são os talentos descobertos no campo de terra. O padeiro e centroavante Eder Ferreira de Souza, 28 anos, está de mudança para a França. ;Ainda não sei em qual time irei jogar, mas a previsão é de ir ainda no próximo mês;, contou o morador do Jardim Ingá, em Luziânia (GO). Ele também marcou dois gols para o Bragantino, vencedor do campeonato que terminou em clima de festa. Quem perdeu, abraçou os vitoriosos sem rancor e ergueram os troféus com sorriso largo no rosto, como manda a tradição.
1 - TORNEIO DO BARRÃO
O primeiro torneio ocorreu em 1976. Começou com uma brincadeira organizada pelos moradores. De 1990 a 2000, o campo ficou abandonado, mas o evento voltou com toda força em 2001, com a participação de diversas quadras da cidade.