Cidades

Casal de homossexuais afirma ter sofrido discriminação de segurança de shopping

postado em 20/07/2009 19:59
Um casal de homossexuais alega ter sofrido atos de discriminação na noite de domingo (19/7) no lado externo do shopping Pátio Brasil, na Asa Sul. De acordo com uma das vítimas, que pediu para ser identificada apenas como Marcos Paulo, os dois foram repreendidos por um segurança do local enquanto se beijavam. Segundo relatos do rapaz, ele e mais dois amigos saíram da Parada Gay, celebrada no Eixão Sul, e estavam a caminho do Parque da Cidade quando um deles resolveu parar no shopping para comprar algo para beber. Marcos Paulo contou que ele e o terceiro amigo ficaram do lado de fora, já que estavam sem camiseta. Enquanto aguardavam, Marcos e o outro rapaz se beijaram e foram interrompidos por um segurança do local. "Ele abordou a gente e pediu para que parássemos com o beijo, e que aquele não era um local para 'sem-vergonhice'", contou o rapaz ao Correio. Ele ainda tentou procurar a administração do Pátio Brasil, mas a encontrou fechada. Hoje Marcos Paulo tentou novamente entrar em contato com o shopping e mais uma vez não teve sucesso. O gerente de Marketing do Pátio Brasil, Renato Horne, afirmou que a administração do centro comercial não recebeu nenhuma reclamação a respeito, mas deixou claro que o shopping é contra qualquer manifestação discriminatória. "Não é esse tipo de atitude que passamos para os funcionários. Eles são orientados a agir sempre de maneira civilizada", explicou Horne. O gerente ainda foi além e assegurou que, caso uma denúncia sobre esse tipo de ato chegue à administração, o funcionário em questão será novamente orientado sobre a postura do Pátio Brasil. Denúncias Embora o projeto de lei que criminaliza a homofobia (122/06) ainda esteja em discussão no Senado Federal, o diretor da ONG Estruturação, Welton Trindade, incentiva a denúncia em casos como o citado. "É importante denunciar para que fique registrado que a discriminação ocorreu", explica Trindade. O diretor alega que esses registros são importantes para a formação de um banco de dados, comprovando a necessidade de uma lei para punir responsáveis por tais atos. Trindade reconhece que hoje muitos homossexuais têm certo receio de denunciar atos de homofobia, mas alerta sobre os caminhos que uma pessoa que se sinta lesada pode tomar. "Muitos têm medo de serem hostilizados também pelo policial, mas estas pessoas devem saber que para isso existe a ouvidoria da polícia. Um policial é um servidor do Estado e responde por um código de conduta. Caso aja de maneira inadequada com um cidadão, a ouvidoria deve ter conhecimento", ensina. Além das delegacias, qualquer pessoa que se sinta discriminada por conta da orientação sexual pode também registrar a reclamação na Defensoria Pública ou em ONGs, já que muitas delas disponibilizam o setor jurídico para orientações sobre que atitudes tomar. No caso citado, o diretor da ONG afirmou, por e-mail, que tomou conhecimento do caso e que já disponibilizou advogados para orientações ao casal e ao amigo que presenciou o ocorrido.

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