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Insegurança: já arrombaram seu carro?

Nas asas Sul e Norte, furtos em interior de veículos aumentaram 15,5% de janeiro a maio deste ano na comparação com o mesmo período de 2008. Em todo o DF, porém, esse crime registrou queda de 7%

Guilherme Goulart
postado em 21/07/2009 07:50
O bancário de 30 anos deixou o Fiesta em frente a um bloco da 412 Sul por cerca de cinco minutos. Tempo suficiente não só para subir rapidamente ao apartamento, mas também para dar oportunidade ao ataque de um assaltante. O ladrão arrombou o carro com uma chave de fenda e fugiu com a bicicleta de R$ 5 mil e o aparelho de som. Eram 17h de um dia de semana de maio. ;Jamais cometerei o mesmo erro. Não deixo mais objetos de valor à vista. O prejuízo é enorme;, avaliou a vítima de um dos crimes mais comuns no Distrito Federal.

Clique para ampliarA Polícia Civil do DF registrou 4.206 furtos em interior de veículos entre janeiro e maio deste ano na capital do país. A média é de 841 por mês e 77 por semana. Brasília (asas Sul e Norte) aparece como a região administrativa que mais concentra esse tipo de crime. Foram 1.519 casos (36,1% do total) nos primeiros cinco meses de 2009 e 1.315 (29,1%) no mesmo período de 2008 ; a diferença de 214 registros no Plano Piloto aponta crescimento de 15,5%. A comparação entre os dois anos também revelou aumento no Paranoá, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Águas Claras, Sobradinho II e Setor de Indústria e Abastecimento (veja arte). Considerando todo o DF, porém, houve redução de 7%.

O delegado Kléber Luiz da Silva Júnior, da Delegacia de Repressão a Furtos (DRF), afirmou que as quadrilhas especializadas em arrombamentos de veículos agem de acordo com a oportunidade. ;Eles selecionam veículos com menos equipamentos de segurança, mal estacionados e com objetos à vista. Toca-CDs, porta-CDS, óculos escuros, estepes, celulares, aparelhos eletrônicos como Ipods e até notebooks são algumas das coisas que as pessoas largam nos carros e acabam levadas. Assim fica fácil para o bandido;, explicou.

Investigações feitas pela DRF também tornaram possível traçar o perfil dos especialistas nos furtos. São jovens, às vezes de classe média baixa, e atuam em duplas. Contam com um carro de apoio, geralmente furtado. Enquanto um dirige e garante a fuga, o outro comete o crime. O automóvel também serve para transportar os instrumentos usados para o delito ; chave de fenda, chave micha (uma espécie de chave-mestra) e pedras ; e esconder os produtos dos roubos. Preferem objetos de preço alto e de fácil revenda para receptadores, como estepes, aparelhos de som e computadores portáteis.

Segundo o delegado Kléber Luiz, os criminosos atacam com mais frequência em estacionamentos públicos, como os de shoppings, quadras residenciais, setores comerciais e bancários e faculdades. A Universidade de Brasília (UnB), por exemplo, é um dos alvos preferidos. Há pouca iluminação à noite, várias opções de fuga e veículos dos mais diversos. A DRF prendeu em flagrante na semana passada dois criminosos responsáveis por dezenas de furtos no local.

Oficinas
Apesar da queda na quantidade de ocorrências nas delegacias do Distrito Federal ; de 4.519 para 4.206 registros na comparação dos primeiros cinco meses de 2008 e 2009 ;, a procura por consertos em oficinas de lanternagem continuava alta. A Mecânica DF, no Setor de Garagens e Oficinas Norte, recebe em média até 10 veículos arrombados por semana. Na tarde da última quinta-feira, um Punto passava por retoques depois de as duas maçanetas acabarem arrebentadas. Bandidos as forçaram com chave de fenda para invadir o veículo e levar o estepe.

O crime ocorreu no estacionamento externo do Terraço Shopping, na Octogonal. A proprietária do carro, uma estudante de 24 anos, o deixou em uma vaga às 8h20. Às 11h30, descobriu o prejuízo. ;Na hora, fiquei com medo. Tinha até um caminhão do tipo baú logo atrás. Depois, soube que eles (ladrões) usam esses caminhões para colocar os pneus furtados;, contou. A jovem comprará outro pneu mais barato do que o original. Também para economizar, optou por arrumar apenas as maçanetas. Pagará menos de R$ 100 pelo serviço. Se mandasse pintar as portas, gastaria cerca de R$ 1 mil.

Outra oficina mecânica do Setor de Garagens e Oficinas Norte atende pelo menos cinco automóveis atacados pelas quadrilhas especializadas por semana. ;É muito carro que chega por aqui com a porta arrebentada. Não é um conserto muito barato, não, mas é necessário;, afirmou o dono da Automecânica GP, Geraldo Magela.

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