postado em 21/07/2009 07:51
Dobrou o número de casos de hantavirose este ano no Distrito Federal. A Secretaria de Saúde confirmou ontem mais quatro registros da doença. Com isso, o total de janeiro até agora subiu para oito. Em 2008, foram seis, com uma morte. Apesar de os novos casos terem evoluído para a cura, esse aumento serve como um alerta para a população se prevenir melhor na época da seca e buscar atendimento médico quando houver sintomas suspeitos.Os novos infectados são adultos (três homens e uma mulher) e apenas um deles trabalhava na área rural. Os locais onde eles podem ter contraído a doença estão sendo investigados pela Secretaria de Saúde. O Ministério da Saúde dá ao órgão um prazo de 60 dias para finalizar o processo. Três dos quatros casos de hantavirose registrados inusitadamente nos primeiros meses deste ano, durante a época de chuva, foram contraídos em Brazlândia, Paranoá e Planaltina. Não foi possível identificar o local provável de contaminação de um desses registros porque a pessoa morreu e a família não conseguiu relatar as áreas que ela frequentava. Até o momento, dos oito casos confirmados da doença, dois tiveram quadros que evoluíram para a morte dos pacientes.
A hantavirose (1) é contraída pelo contato direto com saliva, fezes ou urina do rato silvestre (veja quadro ao lado). Essas secreções secam, misturam-se à poeira e poluem o ar que o homem respira. O animal tem como habitat as áreas rurais, mas devido à redução desses locais por causa do crescimento urbano, o rato pode se aproximar com facilidade da cidade.
Segundo a subsecretária de Vigilância à Saúde, Disney Antezana, o período de estiagem (de abril a agosto) é quando se registra o maior número de casos de hantavirose porque o tempo seco reduz a oferta de alimentos aos ratos, além de facilitar a propagação da doença. Os animais, portanto, se aproximam das áreas com maior presença humana em busca de comida ; normalmente onde há lixo e restos de alimentos.
Chuva prolongada
Apesar de este ano o período chuvoso ter se prolongado e os primeiros sinais de seca surgirem apenas no mês passado, o número de casos da doença no DF já é maior do que a quantidade registrada em todo o ano passado. A previsão meteorológica é que a estiagem e a baixa umidade permaneçam até meados de outubro, portanto, nos próximos quatro meses, é fundamental se prevenir contra a hantavirose.
;O surgimento de casos de hantavirose ainda não tem sazonalidade bem estabelecida no Brasil e, no DF, há algumas sinalizações. A contaminação nos primeiros meses do ano não ocorre com frequência, mas tivemos casos registrados. Ainda não temos elementos suficientes para identificar os fatores que interferem na transmissão da doença. Por isso, é importante o trabalho constante de prevenção;, explica Disney Antezana.
Capacitação
Reuniões e cursos de capacitação foram feitos com agentes da Secretaria de Agricultura e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) para intensificar o trabalho informativo na população das áreas rurais. Dentre as orientações repassadas, a mais importante, segundo a subsecretária, é manter bem roçados de 20 a 25 metros do entorno da residência. ;Isso reduz a possibilidade de contato entre o roedor silvestre e o homem;, orienta ela.
Caso haja suspeita de contaminação, devido à apresentação de sintomas como febre alta, dores musculares, tosse, náuseas, vômito e dificuldade para respirar, durante um período de três a cinco dias, Disney Antezana recomenda a procura imediata de um posto de saúde, porque o diagnóstico precoce é essencial para a cura. ;É uma doença aguda, que evolui rapidamente;, frisa ela. O público de risco são pessoas que visitaram ou moram na área rural e que são previamente saudáveis.
Em 2007, foram registrados 10 casos da doença no Distrito Federal, que evoluíram para uma morte. O aumento das confirmações este ano, segundo Disney Antezana, está dentro do esperado. A Secretaria de Saúde descarta, até o momento, epidemia ou surto de hantavirose no DF.
1 - EPIDEMIA
Os primeiros casos da hantavirose no Distrito Federal surgiram em 2004, quando dezenas de pessoas foram contaminadas em São Sebastião. À época, a nova epidemia contaminou 38 pessoas e matou 13. Desde então, foram registrados 90 casos no DF.