postado em 21/07/2009 10:58
Após 28 dias em greve, os policiais civis de Goiás suspenderam a paralisação. A decisão foi tomada em assembleia da categoria, na tarde desta segunda-feira (20/7), em que 80% dos presentes votaram pelo retorno às atividades. No entanto, caso o governo não cumpra os acordos até o dia 10 de agosto, a classe garante que a greve será retomada.
Com a paralisação dos 3,5 mil policiais civis do Estado, estima-se que cerca de 15 mil ocorrências tenham deixado de ser registradas nas delegacias. O dado foi passado pelo presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol-GO), Silveira Alves de Moura, que afirmou: "Não há como mensurar o prejuízo da greve à população. Por baixo, podemos dizer que 30 mil carteiras de identidade deixaram de ser emitidas neste quase um mês. Além dos demais serviços que deixaram de ser feitos".
[SAIBAMAIS]
Insegurança
As delegacias cumpriram, durante a greve, apenas 30% das atividades. Moura explica que isso incluía apenas serviços básicos como funcionamento da central de flagrantes e registro dos crimes hediondos.
Quando questionado sobre um possível aumento da criminalidade, por conta da paralisação, o presidente do sindicato da categoria afirmou que é essa era uma situação inevitável. "Muitos bandidos acham que, por conta da greve dos policiais, eles ficariam impunes. Mas é importante esclarecer que a parte preventiva e de policiamento cabe à Polícia Militar. Mas sim, o bandido se sente menos vigiado, menos perseguido pela policia, o que acarreta num maior número de crimes cometidos".
Acordos
Apesar de nem todas as reivindicações da categoria terem sido acordadas com o governo do estado, Silveira de Moura esclarece que os policiais acharam por bem retomar as atividades, ainda que provisioramente. "A categoria entendeu que poderia dar um crédito de confiança ao governo em respeito não a ele, que só faz achatar os nossos salários, mas à sociedade".
As negociações entre governo e categoria para o acerto do acordo começam no dia 3 de agosto. As discussões girarão em torno dos detalhes do novo Plano de Cargos e Salários, que será criado com aumento do teto salarial da categoria. "Com o plano, o piso continua o mesmo, mas o teto por aumentar para R$ 8,4 mil", ressalta Moura.
O presidente do sindicato afirma, ainda, que o governo disse não ter condições de pagar os resíduos nem a reposição inflacionária (veja abaixo todas as reivindicações da categoria). No entanto, a classe pretende entrar com uma ação na justiça para o pagamento das reivindicações. "É um direito constitucional que temos. Com isso pretendemos aumentar o piso salarial".
Uma nova assembléia já foi marcada para o dia 10 de agosto para avaliar as negociações - começam no dia 3 de agosto. "Caso o acordo de criação do plano não seja cumprido, vamos retomar a greve a partir do dia 10". A expectativa dos policiais civis é que, até o fim de outubro, o plano já tenha sido aprovado pelo governo de Goiás. "O tramite não deve demorar já que a proposta está toda elaborada".
Reivindicações
A elaboração do Plano de Cargos e Salários está entre as principais reivindicações da categoria. Além disso, também fazem parte da pauta o repasse dos resíduos salariais e a data-base. "Queremos a reposição inflacionária dos últimos cinco anos. Isso seria a nossa data-base que já soma um reajuste de quase 5%. E também pedimos o pagamento dos resíduos dos subsídios, que são uma parcela de um reajuste de 2006 que o governo não pagou". Moura destaca ainda a melhoria das condições de trabalho e criação de classes especiais como parte das solicitações da classe.