A crise se afastou do varejo brasiliense. Pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio em junho revela que as vendas no comércio cresceram 0,81% em relação a maio. Frente a junho de 2008, o avanço foi mais tímido: 0,08%. No acumulado do ano, o saldo foi positivo em 0,76%. O segmento de papelarias foi o que mais cresceu no mês passado e saltou 12% em relação ao mês anterior (veja quadro abaixo).
Para a empresária Adriana Fuzo, dona da Diva Papeteria, o desempenho das papelarias é uma consequência do maior apelo do papel. ;Com a internet, tudo se tornou impessoal, mas, agora, o papel volta a ter valor;, comemora.
De olho nessa demanda, a empresária acaba de inaugurar sua loja no Terraço Shopping, onde já existe uma outra papelaria. Para conquistar a clientela, Adriana investe em produtos diferenciados, uma loja com produtos voltados a um público A. ;O diferencial chama atenção;, afirma.
Os supermercados apresentaram o segundo melhor desempenho de vendas, com crescimento de 4,4%. O segmento de bens duráveis, que envolve móveis e eletrodomésticos, teve expansão de 3,25%. Os semiduráveis subiram 2,4%. Em maio, a pesquisa do Instituto Fecomércio registrou uma alta de 5,1% graças à força do Dia das Mães no varejo local. A venda de automóveis também aumentou 3% em junho, impulsionada ainda pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Dia das Mães
Segundo Miguel Setembrino, vice-presidente da Fecomércio, o desempenho positivo do comércio, mesmo que tímido, era esperado. ;O comércio em outras praças não teve resultados tão bons, por isso os números do DF são significativos, ainda mais quando comparados com o mês de maio, quando temos Dia das Mães, data muito forte para o comércio que perde apenas para o Natal;, afirma. A expectativa da Fecomércio é favorável para o setor. Segundo Setembrino, o desempenho do varejo melhora muito no segundo semestre, quando os impostos serão pagos pelos consumidores.
De acordo com o levantamento, apenas algumas categorias apresentaram resultados negativos. O segmento de bens não duráveis teve queda de 1,8% nas vendas, puxada pelo tombo das farmácias e perfumarias (-8,9%) e dos combustíveis e lubrificantes (-6,6%). Os materiais de construção também venderam menos que em maio e caíram 2%.
Empregos no setor
O número de vagas no varejo subiu 1,18% em relação a junho de 2008. Em comparação a maio, houve uma queda de 0,58%. As maiores reduções ficaram por conta dos setores de informática e combustíveis e lubrificantes, cujas vagas diminuíram 18,2% e 15%, respectivamente. Empresas de móveis e decoração e lojas de calçados aumentaram seus quadros de funcionários em 7,8% e 3,4%, respectivamente. Essas expansões, no entanto, não foram suficientes para melhorar o índice de emprego no ano, que acumula taxa negativa de 0,19%.
Além do desempenho das vendas e do nível de emprego, a pesquisa conjuntural da Fecomércio verifica as formas de pagamento mais utilizadas. Os negócios à vista caíram em relação a maio: foram 66,5% do total comercializado em junho contra 69,9% de maio. As vendas pelos cartões de crédito permaneceram praticamente estáveis, com variação de 13,8% para 13,9%. Nos pagamentos a prazo, houve queda de 10,2%, em maio, para 10%, em junho de 2009. Já os pagamentos com cheque pré-datado registraram alta de 8,5%, em maio, para 9%, em junho, os convênios ficaram com 0,5% assim como em maio.