Cidades

Bordados mudam a vida de 40 mulheres carentes

Programa social oferece cursos profissionalizantes e a geração de empregos

postado em 22/07/2009 08:53
Que tal transformar uma embalagem de biscoito ou salgadinho em um jogo de mesa? Imagine, então, fazer um tapete de todos os tamanhos e cores a partir de sacolas de supermercado. Na Quadra 15 do Condomínio Del Lago, no Itapoã, a técnica de transformar lixo em obra de arte virou atração e mudou a vida de pelo menos 40 moradores de baixa renda. Tudo isso graças ao projeto Aprender Fazendo, da Associação Família Cidadã, que além de ajudar na preservação do meio ambiente também ensina meninas e mulheres a confeccionar bolsas e bordados como forma de geração de emprego e renda. Os cursos são gratuitos.

A artesã Benedita Lopes Santana, 43 anos, aprendeu o ofício com a mãe, quando tinha apenas três anos. ;Comecei a fazer esse trabalho muito cedo em Minas Gerais utilizando palha de buriti;, comenta. Como os artesanatos eram feitos a partir de material orgânico, Benedita resolveu mudar a técnica depois de perceber a quantidade de plásticos que são jogados na rua todos os dias. Passou a pedir de porta em porta o lixo das casas e a catar os plásticos do chão. ;Eu fico doente quando eu vejo embalagens soltas. Quando a gente sabe do mal que elas fazem à natureza e descobre utilidade nelas, passamos a dar mais valor;, explica. Para se fazer um tapete de 1,40m de comprimento, a artesã utiliza 600 embalagens. ;Fico muito feliz porque estou contribuindo para a preservação do meio ambiente e disseminando a consciência ecológica;, avalia.

No mesmo espaço, a costureira Helena Marques Dias, 54 anos, usa e abusa da criatividade para produzir bolsas femininas. Dependendo da agilidade das mãos, ela consegue costurar entre 20 e 30 por dia. ;Eu faço com muito gosto;, diz ela. A cada bolsa produzida, Helena ganha R$ 2 de uma empresa de serigrafia do Setor Sudoeste. Todo material, no entanto, é doado pela Fundação Banco do Brasil à Associação Família Cidadã.

Serigrafia
Durante a semana, uma atividade diferente é ensinada. Os moradores têm oportunidade de aprender a confeccionar camisetas e recebem aulas de informática, serigrafia e bordado. A dona de casa Ana Paula Ribeiro da Silva, 50 anos, caminha quatro quilômetros para poder chegar ao local, mas não abre mão das aulas de ponto de cruz. ;Não tive oportunidade de aprender isso na minha juventude porque sempre trabalhei em casa de família. Acho que é uma forma de aprender um ofício para trazer o pão de cada dia, sem contar também que é uma terapia;, destaca.

O interesse em aprender uma técnica fez as estudantes Larissa Alcantara e Mirene Ferreira da Silva, ambos de 12 anos, trocarem a televisão pelo crochê. ;Como estamos de férias é melhor a gente se ocupar com alguma coisa do que ficar à toa;, ensina Mirene. ;Sem contar que é uma arte muito bonita;, emenda Larissa. De acordo com a presidente da Associação Família Cidadã, Kátia Staciarine Puttine, a iniciativa tem trazido resultados positivos. ;A população gosta muito porque tem a oportunidade de fazer o que gosta e ainda ganhar um trocadinho;, avalia.

PARA SABER MAIS
Degradação ambiental

Algumas sacolas de plástico demoram até 500 anos para se decompor. Já o papel leva de três a seis meses e, no caso de vidros são até 4 mil anos para desaparecer. Cada objeto desses jogado na rua pode ainda entupir bocas de lobo e poluir mananciais. Jogar lixo na rua significa contribuir para a degradação ambiental e consequentemente para a diminuição da qualidade de vida da população. Anualmente, o Brasil produz 210 mil toneladas de matéria-prima para fabricação de saquinhos plásticos. Isso representa aproximadamente 10% do lixo do país.

Participe
Inscrições para os cursos de informática, confecção de bolsas, camisetas e serigrafia podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 9h às 11h.
Endereço: Quadra 15, Lote 2, Condomínio Del Lago, Itapoã
Telefone: 3254-6710

Quanto custa
Bolsas: R$ 45 a R$ 50
Jogo de mesa: R$ 7 a R$ 10
Tapete: R$ 40

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