Cidades

Consultórios terão que desocupar salas de centro cultural em Taguatinga

Associação dos Trabalhadores em Educação é intimada a deixar espaço público, que deve ser exclusivamente dedicado a atividades culturais

Helena Mader
postado em 23/07/2009 08:55
As clínicas médicas instaladas no Centro Cultural Teatro da Praça terão que deixar o local. A Administração Regional de Taguatinga enviou ofício à Associação dos Trabalhadores em Educação do Distrito Federal (ASTE)(1), pedindo que a entidade transfira os consultórios do espaço. O centro deve ser exclusivamente dedicado a atividades culturais. O prazo para que a ASTE informe quais providências serão tomadas é de 30 dias. Na última terça-feira, o Correio mostrou as irregularidades na utilização do local. O Centro Cultural Teatro da Praça foi tombado pelo GDF em agosto de 2007.

O administrador de Taguatinga, Gilvando Galdino Fernandes, diz que o governo quer levar a diretoria local de cultura para as salas que serão desocupadas. ;Esse setor tem cerca de 30 pessoas que hoje trabalham em um espaço pequeno no nosso prédio. Agora, vamos transferir a diretoria de Cultura da Administração Regional para o Teatro da Praça, onde elas poderão tocar os projetos ligados à cultura, ao esporte e ao lazer;, garante.

Gilvando Galdino diz que espera chegar a um entendimento com a Associação dos Trabalhadores em Educação. Apesar de as salas serem de propriedade do GDF, a entidade não paga aluguel. ;A associação não tem fins lucrativos e presta importantes serviços aos servidores da área da educação. Mas ela precisa sair do local. Por isso, formalizamos por escrito o pedido para que deixe as salas;, conclui o administrador regional.

No Centro Cultural Teatro da Praça, a ASTE oferece atendimento nas especialidades de cardiologia, ginecologia, pediatria, ortopedia, psiquiatria e odontologia. Os servidores vinculados à associação podem usar os serviços, desde que destinem 1,5% do contracheque à entidade. Outros interessados também podem utilizar as clínicas, desde que paguem à parte pelas consultas.

A instituição se manteve no Centro Cultural ao longo da última década por conta do apoio de políticos. O ex-administrador regional Benedito Domingos não mandou ofício pedindo a saída da ASTE. Fez apenas um comunicado verbal para que as salas fossem desocupadas até novembro do ano passado. Mas a ASTE pediu mais tempo para a mudança e nada foi feito.

;Tudo bacana;
O diretor de Saúde da Associação dos Trabalhadores em Educação, Marcos José Faria, diz que ainda não recebeu o ofício enviado ontem pela Administração de Taguatinga. ;Não queremos ficar lá. Temos um terreno para construir nossa sede, só precisamos de um tempo. Temos que conversar direito para encontrar uma solução que seja boa para todos;, diz Marcos. ;Quando chegamos, o prédio estava abandonado, era depósito de papel velho. Pintamos, organizamos tudo, e deixamos tudo bacana. Agora, querem o espaço de volta;, critica Marcos José.

O Centro Cultural Teatro da Praça foi tombado pelo Decreto n; 28.238 (leia O que diz a lei), assinado pelo governador José Roberto Arruda em agosto de 2007. Com isso, qualquer intervenção só poderá ser executada mediante parecer técnico e aprovação da Secretaria de Cultura e pela Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico do DF (Depha).

1 - BOTOX
A Aste reúne servidores da área de educação. Por meio de convênios com clínicas, farmácias, centros odontológicos, planos de saúde, consultórios de psicologia e centros de beleza, os associados têm descontos em tratamentos de saúde ou estéticos. Há abatimentos até para aplicação de botox.

O QUE DIZ A LEI
O Decreto n; 28.238, de 2007, estabelece que o Centro de Ensino Médio EIT e o Centro Cultural Teatro da Praça passam a ficar sob a proteção do GDF, mediante tombamento provisório. Qualquer intervenção no bem tombado e na respectiva área de tutela precisa de parecer técnico e aprovação da Secretaria de Cultura e da Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico. Com isso, o governo deve adotar providências visando a apuração penal e o ressarcimento dos danos causados por atos de vandalismo, destruição, deterioração e mutilação que venham a ser praticados em relação ao bem tombado.

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