postado em 24/07/2009 08:30
Abrir o próprio negócio sempre foi o sonho do estudante de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Hudson Sousa, 24 anos. De olho nas oportunidades de mercado, o jovem visitou ontem diversos estandes na Feira do Empreendedor, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, promovida pelo Serviço Brasileio de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). No local, estão sendo oferecidos cursos de capacitação e palestras para quem deseja um espaço no ramo empresarial. ;Eu quero ter autonomia para gerir meu próprio negócio. Talvez eu abra uma empresa virtual, mas ainda não sei o que vai ser. Primeiro, pretendo me capacitar e pesquisar um pouco mais;, disse o jovem, que estava acompanhado da namorada, a estudante de biologia Carolina Costa, 23 anos. Ela pensa em abrir um salão de beleza.Mais de 4 mil pessoas já passaram pela Feira do Empreendedor aberta oficialmente na quarta-feira última. A organização do evento espera receber cerca de 20 mil visitantes até domingo. ;A novidade deste ano é que as pessoas têm uma sequência lógica de informações empresariais, de mercado e linhas de crédito. A procura tem sido muito grande;, disse a gestora de mercado do Sebrae-DF, Lucimar Santos.
[SAIBAMAIS]O consultor de telemarketing Reginaldo Alves, 45 anos, pretende deixar de ser empregado para ser empregador. Há oito anos, chegou a ser empresário do ramo da informática. A sociedade não deu certo e ele abandonou o negócio. Ainda este ano, Reginaldo e a mulher Marilene Sant;Anna, 30 anos, pretendem voltar a empreender. O casal quer abrir uma empresa voltada para o setor alimentício. ;Estou analisando ainda o custo-benefício, mas acredito que dá para ter uma rentabilidade de pelo menos R$ 15 mil por mês;, previu.
Informalidade
Muita gente ainda trabalha na informalidade, como costureiras, manicures, cabelereiros, pipoqueiros e ambulantes. De acordo com o ministro da Previdência Social, José Pimentel, que ontem visitou a feira, a quantidade desse tipo de trabalhador (empreendedores individuais) cresce a cada dia. Em todo o país, existem aproximadamente 11 milhões de homens e mulheres na informalidade, sendo que 127 mil estão em Brasília. Durante o lançamento da Feira do Empreendedor, Pimentel reafirmou a importância da Lei Complementar Federal n; 128/2008, que cria o microempreendedor individual no Simples Nacional.
A assinatura e o lançamento do programa de apoio ao empreendedor individual estão previstos para ocorrer na quarta-feira. A nova lei garante aposentadoria e oportunidade de legalização para os trabalhadores informais. Serão beneficiados os empresários que têm faturamento de até R$ 36 mil por ano e que trabalham por conta própria no comércio, na indústria e na prestação de serviço. ;Ainda este mês, essas pessoas poderão tirar o CNPJ e então ter sua certidão de nascimento da sua empresa. É um incentivo para que elas ingressem na formalidade;, explicou o ministro. Desde o lançamento da Feira do Empreendedor, 30 empreeendedores individuais formalizaram seus negócios.Desde os 18 anos, Rafael Henrique Moreira, hoje com 28 anos, pensa em abrir uma lanchonete no Paranoá. Decidiu que vai tirar o plano do papel nos próximos três meses. Para não ficar só no falatório, já contratou quatro funcionários. ;Só faltava a oportunidade e o conhecimento;, disse.
Rafael tem feito pesquisas na internet e trabalhado dia e noite para tornar o sonho em realidade. Por enquanto, ele trabalha em um quiosque de 28 metros quadrados.
Para ampliar o quiosque e transformá-lo em uma lanchonete, Rafael aluguou uma loja vizinha. No futuro empreendimento, espera atender entre 150 e 200 pessoas por dia. ;Acho que quatro funcionários é pouco para a quantidade de gente;, disse, otimista.
SERVIÇO
Os cursos oferecidos pelo Sebrae-DF começaram na segunda-feira e terminam hoje. Quem quiser visitar a Feira do Empreendedor terá de pagar R$ 4. Os interessados poderão assistir a palestras, visitar estandes e assistir a filmes de empreendedorismo gratuitamente. As oficinas vão até domingo, dia 26, e a inscrição custa R$ 20.
; Setor público está saturado
Em Brasília, é difícil encontrar quem não queira ser servidor público. Segundo o vice-governador Paulo Octávio, essa é a realidade de 95% da população jovem da capital federal. Ele acredita que a cidade tem potencial de investimento em outras áreas. ;Brasília tem outra vocação que é a de capital econômica do Centro-Oeste. Não adianta mais os nossos jovens sonharem eternamente com o serviço público. A capacidade de contratação dos governos federal e estadual está chegando ao limite;, destacou o vice-governador.
Atualmente, há 20 áreas do Programa de Apoio ao Empreendimento Produtivo (Pró-DF). Cinquenta mil empregos diretos foram criados com as 1.885 obras públicas, nas quais há participação de pequenas, médias e grandes empresas. Segundo Paulo Octávio, diversas parcerias estão sendo firmadas, com o objetivo de fortalecer as Áreas de Desenvolvimento Econômico (ADES).