Cidades

Lei seca lidera suspensão de carteiras no Distrito Federal

Adriana Bernardes
postado em 26/07/2009 08:09
A quantidade de brasilienses proibidos de dirigir porque foram flagrados alcoolizados ao volante bateu o recorde dos últimos sete anos no Distrito Federal. No primeiro semestre de 2009, 572 motoristas infratores tiveram a habilitação suspensa por terem ignorado a proibição da Lei Federal n; 11.705/08, a lei seca. É como se, todos os dias, o Departamento de Trânsito (Detran) tirasse das ruas uma média de 3,1 condutores. Na tentativa desesperada de não perder a carteira, vale tudo ; tudo mesmo ; para conseguir o perdão do Detran (leia na página 28). Mas os números mostram que é perda de tempo e dinheiro. Beber e assumir o volante em seguida ocupa o primeiro lugar na lista de infrações punidas com a suspensão da CNH no primeiro semestre de 2009 (veja quadro). Desde 2003, isso não acontecia, ainda mais com um percentual tão alto ; quase 40% das suspensões aplicadas no período. A última vez que essa punição encabeçou a lista foi em 2002, quando 111 condutores tiveram de ficar longe do volante por ter sido pegos dirigindo alcoolizados. Diretor de Controle de Veículos e Condutores do Detran, o coronel Admir Santana atribui a mudança nas estatísticas à lei seca e às mudanças na fiscalização. Segundo ele, antes da legislação, o órgão não tinha equipamentos suficientes para atestar o teor alcoólico dos motoristas. ;Depois da lei, o Detran recebeu doações e comprovou a eficácia dos novos bafômetros. Só a Polícia Militar levou 50 equipamentos do Ministério da Justiça. Com isso, reforçamos a fiscalização;, explica. Além disso, os condutores acabavam impunes. Levados para a delegacia, eram os últimos a serem atendidos. ;Passava tanto tempo que muitas vezes o teste clínico no IML (Instituto de Medicina Legal) não dava em nada. Perdíamos tempo e o infrator era liberado;, lembra Santana. Nas prateleiras do Núcleo de Análise de Recursos (Nuare) do Detran, existem pelo menos 2,5 mil processos em análise ou aguardando para serem avaliados. Neste mês, a cada semana chegam em média 80 autos de infração aplicados pelo Batalhão de Policiamento de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) e por agentes do Detran. A fiscalização aumentou. Atualmente no DF há Operação Álcool Zero (BPTran) e blitz do Detran de segunda a domingo. A multa por dirigir alcoolizado é salgada: R$ 957. Sobrevivência Motorista profissional, Pedro*, 29 anos, faz parte do universo de condutores que bebeu, dirigiu, caiu na fiscalização e contratou advogado para se defender no Detran. Ele foi parar na delegacia em janeiro deste ano depois que o bafômetro acusou 1,5 mg por litro de ar expelido pelos pulmões. A punição do Judiciário foi mais rápida. ;Prestei 96 horas de serviços comunitários e estou fazendo o curso de reciclagem;, conta. Agora, espera ser perdoado pelo Detran. ;A carteira é a minha sobrevivência. Eu pago pensão. Se perco (a CNH), fico sem emprego e não tenho como arcar com a pensão.; Perguntado por que vai apresentar a defesa ; já que têm consciência do erro cometido ;, ele responde: ;Tenho que tentar.; O bancário Vítor*, 26, foi flagrado pela fiscalização ao sair de uma festa em um clube de Taguatinga. Recusou-se a soprar o bafômetro e acabou multado com base no auto de constatação do agente, como manda a lei. Depois do auto de infração preenchido e assinado, o policial militar pediu a ele que soprasse o bafômetro assim mesmo, já que argumentava que estava bem para dirigir. ;Deu 0,52 (mg/l). Se eu tivesse aceitado fazer o teste, teria ido para a delegacia;, lembra, aliviado. Mesmo admitindo a culpa, Vítor* vai apresentar recurso ao órgão para evitar a suspensão da CNH. ;Como oficialmente eu não fiz o teste, fica mais fácil pensar num bom argumento;, diz. ;E depois, pelo que ouço falar, o Detran tem aceitado muitos recursos;, completa. * Nomes fictícios a pedido dos entrevistados. <--
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