postado em 03/08/2009 09:54
Brasília ganhou fama de ser um museu a céu aberto pela quantidade de monumentos à vista. Os mais famosos pontos turísticos estão concentrados na área central da cidade, mas há preciosidades expostas em lugares pouco conhecidos da capital federal. O Distrito Federal é a região com o maior número de museus do Centro-Oeste. O Sistema Brasileiro de Museus registra 62 espaços no DF, 56 em Goiás, 44 em Mato Grosso do Sul e 23 no Mato Grosso (dados de janeiro de 2009). O Correio preparou um roteiro alternativo de museus, que pode ser aproveitado tanto por turistas quanto por quem mora aqui e busca um passeio diferente.Objetos aparentemente sem valor e jogados no lixo pelos donos fazem parte do curioso acervo do Museu da Limpeza Urbana, mantido pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) na usina de Ceilândia. Brinquedos, eletrodoméstico e até dinheiro encontrados nas ruas do DF ocupam as prateleiras do museu. ;Os garis encontravam peças importantes no lixo e foram juntando. Depois, acharam por bem fazer o museu;, explicou a guia Maria Rodrigues, 62 anos.
Entre as peças inusitadas, estão uma televisão em preto e branco e uma série dos primeiros modelos de celulares que chegaram ao Brasil nos anos 90, os famosos ;tijolões;. Há telefone movido a ficha, máquinas de escrever e uma mesa com máquina de costura embutida que ainda funciona. Um computador com acabamento em madeira e esculturas de sucata produzidas por artistas da Universidade de Brasília (UnB) completam o ambiente.
[SAIBAMAIS]Um dos itens preferidos de Maria é uma boneca gigante, encontrada no lixo em 1997. Depois de ir para a usina, ela foi higienizada, ganhou cabelos novos, colares e uniforme do SLU. A boneca, apelidada de Elda, virou atração em eventos dos funcionários e hoje descansa no museu. Elda despertou em Maria a ideia de reaproveitar brinquedos achados na usina. No ano passado, a guia começou a juntar bonecas descartadas em bom estado e transformá-las. ;Eu fazia um corpo novo com tecido, colocava os braços e as pernas, fazia uma roupa e elas ficavam como novas;, comentou. No fim do ano, ela terminou 42 bonecas e distribuiu para crianças da cidade. ;Não deu para quem quis!”, lembrou.
Nordeste em Brasília
Formada por gente de todos os estados do país, Brasília conserva um pedaço do Ceará na Asa Norte. É o Museu de Artes e Tradição do Nordeste, mantido pela Casa do Ceará. O espaço tem amostras do artesanato da região, objetos antigos e réplicas de roupas tradicionais. Um dos ambientes reproduz a vida de um pescador, com cesto de cipó e o manzuá, armadilha de palha para pegar lagostas. Exemplares de filé, macramê e renda de bilro exibem o talento das artesãs cearenses. A responsável pelo museu, Maria de Fátima Azevedo Ramos, 66 anos, explica que parte do material vem de doações, como os ferros à brasa, máquinas de costura e moedores de café antigos. O museu é frequentado por estudantes, brasilienses e turistas vindos de toda parte. ;Tem muita gente que mora lá (no Ceará), está de férias aqui e vem visitar;, disse. Apesar de ter nascido em Portugal, Fátima aprendeu tudo sobre a cultura cearense depois de 29 anos trabalhando na casa.
Na vitrine onde estão guardados bonecos e santos, um livreto revela a cômica história de um bode cearense. Reza a lenda que o bode morava em Fortaleza e sabia o endereço de todos os conhecidos. ;Ele pegava o bonde, descia na casa e batia na porta. A pessoa já saía com uma comida para ele;, comentou Fátima. Na última sexta-feira, a aposentada Divina Pereira da Silva, 62 anos, ficou curiosa com o acervo do museu e o visitou pela primeira vez. ;As pessoas daqui que não têm condições de ir para o Ceará podem conhecer um pouco do estado no museu;, opinou Divina.
Os órgãos públicos federais dedicam espaços para contar sua história e expor objetos antigos. O museu do Tribunal de Contas da União (TCU) guarda máquinas de calcular usadas por funcionários do início do século 20 e um grampeador de aço fundido do século 19. Uma das raridades da sala é a cópia da minuta do decreto de criação do TCU, assinada por Ruy Barbosa em 7 de novembro de 1890. Próximo ao museu, fica o Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, que abriga exposições temporárias. Até 22 de agosto, visitantes e funcionários do TCU poderão conhecer obras do artista Miguel Chevalier. São telas impressas e imagens projetadas nas paredes que tratam da integração entre o ambiente natural e o virtual. O TCU oferece transporte gratuito para escolas públicas do DF que queiram levar os alunos ao museu. A visita leva cerca de duas horas e pode ser agendada pelo telefone 3316-5221.
Opções de museus no DF
Museu da Limpeza Urbana
Material recolhido por garis ao longo dos anos.
QNP 28, Ceilândia (Usina do SLU)
Aberto de segunda a sexta, das 8h às 17h
A entrada é gratuita, mas é preciso agendar visita
Telefone: 3376-1043
Espaço Cultural Marcantônio Vilaça e Museu do TCU
SAFS, Quadra 4, Lote 1, edifício-sede do TCU
Aberto de segunda a sexta, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Telefone: 3316-5036
Espaço Cultural do Incra
O acervo do memorial conta a história da reforma agrária com objetos usados nos primeiros procedimentos de cartografia, documentos raros, títulos da dívida agrária e fotos. A sala multimídia abriga lançamento de livros e vídeos e tem lugar para 30 pessoas.
SBN, Quadra 1, Bloco C, térreo
Aberto de segunda a sexta, das 9h às 18h
Entrada gratuita
Telefone: 3411-7729/7676
Museu de Valores do Banco Central do Brasil
O visitante conhecerá a história das moedas usadas no Brasil ao longo dos anos. Cédulas antigas, barras e pepitas de ouro completam a coleção. É recomendável reservar pelo menos uma hora para conhecer tudo. O museu agenda visitas para escolas e grupos.
SBS Quadra 3, Bloco B, 1; subsolo, edifício-sede do
Banco Central do Brasil
Aberto de terça a sexta, das 10h às 17h30, e aos sábados e
domingo, das 14h às 18h
Entrada gratuita
Telefone: 3414-2093
Museu de Artes e Tradição do Nordeste
Artesanato e objetos típicos do estado nordestino. Rendas, equipamentos de pesca, objetos e bonecos produzidos na região e inspirados pela cultura local.
SGAN 910, Conjunto F (casa do Ceará)
Aberto de segunda a sexta, das 9h às 17h
Entrada gratuita
Telefone: 3272-3833
Museu do Superior Tribunal de Justiça
O acervo do museu consiste em mobiliário antigo, fotos de ministros e processos. A exposição permanente Espaço, Memória e Ação tem a maquete da obra do STJ. Há ainda um espaço cultural com exposições temporárias. Escolas de ensino fundamental e médio e grupos da terceira idade podem agendar visitas.
SAFS, Quadra 6, Lote 1, edifício dos Plenários, 2; andar
Aberto de segunda a sexta, das 9h às 18h
Entrada gratuita
Telefone: 3319-8373
Museu do Instituto Histórico e Geográfico do DF
A história da construção de Brasília está detalhada nos textos, fotografias e objetos do museu. Entre os destaques da coleção, está a cadeira na qual o ex-presidente Juscelino Kubitschek assistiu à primeira missa e uma arca de madeira usada na missão Cruls para guardar mapas. Há ainda uma réplica da fachada de uma antiga casa de JK e roupas usadas por ele.
SEPS 703/903, Conjunto C
Aberto de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h
Entrada gratuita
Telefone: 3226-7753
Memorial do Ministério Público Federal
Objetos, documentos e imagens contam a história da atuação dos procuradores. O memorial possui painéis com textos e imagens que mostram a estrutura do MPF e suas formas de atuação, além de terminais multimídia com conteúdo interativo. Escolas de ensino médio e universitários podem agendar visitas institucionais ; o MPF oferece transporte e lanche. Há visitas guiadas em inglês, mediante agendamento prévio.
SAF Sul, Quadra 4, Conjunto C, Bloco B, cobertura ; Procuradoria Geral da República
Aberto de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h
Entrada gratuita
Telefone: 3105-6496
Museu Histórico da OAB
Documentos e objetos de advogados ilustres da história da ordem, inclusive a petição de impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Lá está também a mesa de trabalho de uma funcionária que faleceu ao abrir uma carta-bomba endereçada ao então presidente da ordem, Eduardo Seabra Fagundes, em 27 de agosto de 1980. A visita guiada leva três horas e deve ser marcada com antecedência.
SAS Quadra 5, Lote 2, Bloco N, edifício OAB, térreo
Aberto de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h
Entrada gratuita
Telefone: 2193-9710
Museu do Tribunal Superior Eleitoral
O espaço detalha a evolução do processo eleitoral com objetos que narram a história do tribunal. Diversos modelos de títulos eleitorais e urnas de votação podem ser vistos, além de uma galeria com os ministros que já passaram pelo TSE.
Praça dos Tribunais Superiores, Bloco C ; prédio do TSE
Aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h
Entrada gratuita
Telefone: 3316-3525