postado em 07/08/2009 10:13
Sindicalistas de Brasília encontraram uma forma prática de arregimentar manifestantes sem ter de convencê-los dos seus pontos de vista: pagá-los, segundo denúncia publicada pelo site "Consultor Jurídico". Gastando R$ 40 por cabeça, um grupo pode ser reunido para protestar a favor da liberação dos bingos, fazer número na Marcha dos Trabalhadores ou qualquer outra ação, contra ou a favor qualquer causa, em nome de qualquer partido. De acordo com a reportagem, Bruno Maciel, membro da Nova Central disse que já fez %u201Cdiversas vezes%u201D a contratação de 50 a 800 pessoas e foi tudo tranquilo.
Além da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), criada há cerca de quatro anos, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh) do Distrito Federal também é suspeita de utilizar o mesmo método de arregimentação. %u201CQuando você vai organizar uma passeata, você contrata pessoas: 'Eu quero 500, 600.' Você paga para essa pessoa, porque fica muito caro trazer do País inteiro para se manifestar%u201D, disse ao jornalista uma pessoa que se identificou como Oton, responsável pela comunicação do sindicato.
A contratação dos %u201Cmilitantes%u201D começa em Planaltina, cidade-satélite a 30 quilômetros de Brasília. A suposta %u201Cagenciadora de manifestantes%u201D, segundo a reportagem do site, chama-se Sandra Ribeiro. %u201CA Sandra é a pessoa que, toda vez que a gente vai fazer uma manifestação, ela arruma as pessoas. Se você quiser, até 2 mil pessoas ela arruma para você%u201D, disse ao "Consultor Jurídico" Rogério José Cardoso, dirigente da Contratuh. Nas conversas, o jornalista não se identificou como repórter, mas pediu ajuda para organizar uma passeata %u201CFora, Sarney%u201D, contra o presidente do Senado.
Miséria
É na vizinhança de sua casa em Planaltina que Sandra encontra seus manifestantes. Em uma das zonas mais pobres, de uma cidade miserável do Distrito Federal não é difícil encontrar quem queira protestar por R$ 40 ao dia. Boa parte dos seus vizinhos já participou pelo menos uma vez de manifestações sendo pagos. Procurada ontem, Sandra não foi encontrada. Na reportagem do "Consultor Jurídico", ela prometia quantas pessoas o interlocutor quisesse, ônibus e coordenadores para organizar as pessoas. Cobrava R$ 350, se tivesse apenas de arregimentar gente mas o preço subiria se tivesse de preparar camisetas e conseguir um carro de som.
Apesar de ter prestado vários serviços para a Contratuh, procurado ontem, o sindicato negou conhecer Sandra e sua atuação. O presidente da Nova Central, José Calixto Ramos, disse não conhecer Sandra, mas não negou que a entidade tenha pago manifestantes. Diz que, em Brasília, a Nova Central tem apenas diretores e é %u201Cnatural o pagamento%u201D. %u201CAs pessoas têm de ter alimentação, transporte. É uma diária%u201D, justificou. Segundo ele, %u201Ctodo mundo faz%u201D e disse ver um complô para desmoralizar a Nova Central. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.