Guilherme Goulart
postado em 09/08/2009 09:52
Levantamento do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal aponta linhas de cinco regiões administrativas como as mais visadas por assaltantes do sistema de transporte público coletivo da capital do país. São 21 rotas marcadas pela violência das quadrilhas especializadas, distribuídas entre Santa Maria, Samambaia, Ceilândia, Estrutural e Águas Claras (leia arte). A maioria dos ataques ocorre com frequência em pontos específicos, conhecidos e temidos por motoristas, cobradores e passageiros brasilienses.
[SAIBAMAIS]Os detalhes das informações também fazem parte de estudos e relatórios realizados pela Secretaria de Segurança Pública do DF. Sabe-se que a maioria dos criminosos envolvidos em roubos a ônibus e micro-ônibus tem entre 18 e 20 anos, mora em regiões carentes e em casas próximas ao local do ataque e usa drogas. Para o órgão, os registros de assaltos aumentaram por conta do fim do serviço prestado pelas vans de transporte alternativo. Os bandidos, assim, teriam migrado para o transporte regular, uma vez que se ampliou a frota. Circulam hoje 2,4 mil ônibus e 450 micro-ônibus.
Os mapeamentos servirão ainda para que novas estratégias de combate ao crime sejam adotadas pelas polícias Civil e Militar. Uma delas passa pela presença de policiais militares à paisana dentro dos veículos e em paradas de ônibus das localidades com mais registros do delito nas delegacias. Outra alternativa está mais adiantada. Serão colocadas câmeras de vídeo em todos os carros do sistema de transporte público do DF. Os equipamentos servirão para entender a movimentação dos ladrões e reconhecê-los.
Licitação
O processo de compra e instalação dos aparelhos está em fase de licitação. A Secretaria de Transportes do DF, por meio da Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), concluiu o pregão na última semana. Mas o nome da empresa vencedora só será divulgado depois de terminado o prazo para recursos. A firma terá 60 dias para colocar em funcionamento 2.850 kits com duas câmeras e uma unidade de gravação. Também deverá fornecer a configuração do programa de reprodução de imagens a ser instalado nos computadores da DFTrans.
Os ônibus que rodam pelas cidades com os maiores índices de assaltos deverão receber as câmeras de vídeo antes dos demais, segundo previsão da Secretaria de Transportes do DF. %u201CNão sei se elas vão auxiliar na erradicação do crime, mas vão inibir os casos no mínimo em uns 80%. Um cara que entra em um ônibus para roubar sabendo que está sendo filmado e ainda visto por várias testemunhas vai pensar duas vezes antes%u201D, avaliou o secretário de Transporte do DF, Alberto Fraga. Os micro-ônibus serão os últimos a receber os equipamentos.
Pouco dinheiro
O presidente do Sindicato dos Rodoviários do DF, João Osório da Silva, acredita que a medida pode ajudar a reduzir a insegurança. Defende ainda, porém, o aumento do policiamento nas ruas. Para ele, os novos postos comunitários de segurança não têm a eficácia necessária para afugentar os assaltantes. "A justificativa de que os números aumentaram por causa da extinção das vans não procede. Elas saíram de circulação antes das estatísticas. O problema são os postos, pois os PMs não circulam mais nas ruas para ficar cuidando do local. Onde estão as operações de desarmamento?", questionou.
O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do DF
(Setransp) informou, por meio da assessoria de imprensa, que considera a bilhetagem eletrônica o meio mais eficaz para tornar desinteressante o assalto a ônibus na capital do país. O estímulo ao uso do cartão, utilizado por estudantes, trabalhadores, idosos e portadores de necessidades especiais brasilienses, faria com que circulasse menos dinheiro nos veículos do transporte coletivo. Com o caixa vazio, não faria mais sentido as quadrilhas especializadas atacarem as linhas regulares.
Dessa forma, os cobradores também não precisariam mais se preocupar em ressarcir as empresas de transporte em caso de roubo durante o serviço. Apenas não precisam pagar o que acabou levado pelos bandidos se fizerem o registro da ocorrência em uma delegacia próxima e conseguirem três testemunhas. A obrigatoriedade de cobrir o prejuízo dos patrões ocorria até o ano passado, quando os trocadores vítimas dos ladrões de ônibus e micro-ônibus tinham cada rombo descontado no vencimento do mês.