Cidades

UnB retoma as aulas nesta segunda-feira

Semestre letivo começa com uma semana de atraso. No período, instituição implementou medidas de combate ao vírus H1N1

Rodrigo Couto
postado em 17/08/2009 11:11
Depois de adiar em uma semana o início do semestre letivo, por conta da disseminação do vírus A (H1N1), da gripe suína, a Universidade de Brasília (UnB) retoma hoje (17/8) as aulas dos mais de 40 mil estudantes da instituição. Durante o recesso, a universidade criou um comitê para monitorar a evolução da enfermidade e definir estratégias de controle. Também treinou mais de mil profissionais de saúde, montou quiosques pelo câmpus e vai espalhar 250 recipientes com álcool em gel e saboneteiras nos banheiros até a próxima sexta-feira. Entretanto, estudantes acreditam que as ações são inócuas. Moradores da Casa do Estudante, Mayra Ponteiro e Hélio Alonso, ambos de 21 anos, afirmaram que não houve planejamento da universidade. "Os bolsistas permanentes, por exemplo, ainda não receberam nenhum treinamento", criticou a aluna de pedagogia. Alonso tem a mesma opinião que a colega. "Em uma semana não deu tempo de fazer quase nada", observou o estudante de agronomia. O reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, minimizou as críticas. "Montamos um plano para enfrentrar e monitorar a enfermidade na UnB. Essa estratégia pode mudar conforme as dificuldades do dia a dia forem surgindo. Os alunos ainda não compreenderam a gravidade da nova gripe. Em um site de relacionamentos, eles apostam na teoria da conspiração. Acham que a doença é invenção da indústria farmacêutica para vender mais remédios." Ainda sem caso confirmado da gripe A, a UnB, segundo o reitor, está preparada para combater a doença. "Hoje (ontem), recebi um relatório com todas as medidas tomadas pela universidade desde que o vírus desembarcou em Brasília. Não dá para impedir a entrada da enfermidade na universidade, mas podemos lidar com ela e controlá-la", acredita. Além da impressão de 50 mil cartazes com informações sobre os sintomas e formas de prevenção da influenza A, a UnB montou quiosques itinerantes em pontos estratégicos para exibir vídeos e ministrar palestras. Outra medida da universidade foi avaliar a circulação de ar em salas dos câmpus da Asa Norte e do Gama. Após a vistoria, nove turmas foram realocadas e outras 12 receberam mais ventilação. "Estudantes e servidores que apresentarem alguns sintomas da nova gripe não devem frequentar as aulas", orientou César Carranza, infectologista da UnB. Ouça entrevista com o reitor da Universidade de Brasília José Geraldo Resistência comprometida As profundas alterações da resposta imunológica para adaptar o corpo da mulher a um ser vivo estranho - o feto - de tal maneira que não exista rejeição na defesa do organismo contra antígenos é uma das explicações que colocam as grávidas dentro do grupo de risco da gripe suína. O especialista em infectologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) José David Urbaez também explica que há mudanças nos músculos lisos de todos os tratos do corpo - respiratório, digestivo e urinário, o que torna a gestante mais vulnerável a enfermidades. "A restrição mecânica aos movimentos respiratórios, por conta do volume abdominal alterado pelo crescimento uterino, facilita as infecções do sistema respiratório", diz Urbaez. A grande preocupação com as grávidas, que mobilizou algumas instituições a suspenderam a frequência das gestantes em seus locais de trabalho no Distrito Federal e em alguns estados, faz sentido para o especialista. Entre os 192 óbitos no país confirmados pelo Ministério da Saúde, 28 eram gestantes (14,5%). Entre as vítimas, pelo menos oito tinham outro fator de risco - hipertensão, cardiopatia ou diabetes. Boletim Divulgado na semana passada, o boletim oficial aponta que, de todos os casos de influenza A acompanhados por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no país, 135 correspondem a grávidas (8,5%). Do total de mulheres em idade fértil com o vírus A (H1N1), 22,4% são gestantes, enquanto que, na gripe comum, esse percentual cai para 14,7%. Durante a cobertura da gripe suína, a reportagem percorreu centros de saúde e emergências de hospitais públicos e privados da capital federal e ouviu questionamentos das gestantes. Confira, no quadro acima, algumas das dúvidas mais recorrentes, respondidas pelo infectologista José David Urbaez. (RC) Tira dúvidas As grávidas podem tomar o Tamiflu? E a vacina? Sim. Podem e devem tomar o Tamiflu. A vacina para influenza A ainda não existe. No entanto, estão em andamento pesquisas para sua fabricação. Se for uma vacina inativada, poderá ser administrada à mulher gestante, pois, não trará prejuízos para o feto. A gripe pode prejudicar o bebê? Tem-se poucos dados sobre o que acontece com recém-nascidos. Mas por serem menores de dois anos, é importante monitorar a criança constantemente. As gestantes estão com medo de ir ao hospital para fazer o pré-natal. Como proceder nesse caso? O pré-natal, que é de fundamental importância, deve ser feito, preferencialmente, em postos de saúde. Mas sempre deve-se fazer a higienização das mãos com água e sabão ou com álcool a 70%. Nos estabelecimentos de saúde, pessoas com tosse, espirros ou coriza devem usar máscara cirúrgica. É necessário lavar as mãos antes de encostá-las na barriga? Não. A infecção só ocorre por contato do vírus com as mucosas respiratórias - nariz, boca e olhos. A pele bloqueia a entrada do vírus ao organismo. Deve-se evitar ficar perto de pessoas com sinais de gripe? Sim. Deve-se manter uma distância maior do que um metro. Ao andar na rua, é necessário usar máscara cirúrgica? Na rua, o uso de máscara não possui nenhum efeito protetor. As pessoas precisam tomar cuidados extras ao usar transporte público? Quem tiver sintomas respiratórios deve cobrir a boca com lenços ou toalhas de papel se tossir ou espirrar. O restante das pessoas deve higienizar bem as mãos.

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