Adriana Bernardes
postado em 18/08/2009 08:20
O número de mortos no trânsito do Distrito Federal é o menor dos últimos 14 anos. Para cada grupo de 10 mil veículos registrados no DF, morreram 3,8 pessoas. É o que os estatísticos chamam de índice de mortos por 10 mil veículos. A redução é de 74,4% se comparada ao índice de 14,9 mortes por 10 mil veículos apurado em 1995, quando havia 436 mil carros e 652 registros de mortes. Hoje, há 1.034.515 veículos na capital. Atribuem-se ao balanço positivo vários fatores: mais fiscalização, campanhas educativas e lei seca, que em junho do ano passado fixou a tolerância zero para a combinação álcool e volante.[SAIBAMAIS]O resultado é considerado ;excepcional; pelo diretor-geral do Departamento de Trânsito (Detran), Cezar Caldas. Ao analisar a evolução do índice, ele destaca que, em 2000, a frota era cerca de 50% menor e houve o dobro de mortes comparando-se aos 3,8 óbitos por 10 mil carros contabilizados nos últimos 12 meses ; de julho de 2008 a junho de 2009 . ;A redução no índice é resultado de um trabalho criterioso de estatísticas, campanhas educativas e fiscalização. A lei seca contribuiu muito para que diminuíssemos ainda mais esses números. Também temos investido na educação, no respeito à faixa de pedestre e retomamos a campanha Paz no Trânsito;, enumerou Caldas. O índice do Brasil mais atualizado é de 2006: segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), naquele ano houve 93,4 mortos no país por 10 mil veículos.
A avaliação dos dados do primeiro semestre deste ano mostra queda de 15,3% nos acidentes com morte e de 14,4% no total de vítimas. A comparação é com o mesmo período de 2008. O detalhamento do estudo revela que todos os tipos de veículos se envolveram menos em acidentes. Mas há um alerta: houve aumento de mortes entre os jovens de 10 a 19 anos e de passageiros de veículos. A boa notícia é que, desde 2004, o total de pedestres mortos não era tão baixo.
Banco de trás
O Detran ainda não faz o estudo sobre as causas dos acidentes com morte. Mas Caldas acredita que o maior número de mortes de passageiros está relacionado à falta de segurança no banco traseiro. De janeiro a junho deste ano, o Detran aplicou 16,9 mil multas pelo não uso do cinto de segurança. A média é de 3,8 flagrantes a cada hora. Estimativas da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego apontam que 47% das mortes no trânsito seriam evitadas pela simples utilização desse item.
Caldas destaca ainda que o carona do motociclista pode ter engrossado a estatística, uma vez que a quantidade de motos em circulação aumenta a cada dia.
Incidência
Para chegar a esse índice, é preciso dividir o número de mortes no período pela frota de veículos. O resultado é multiplicado por 10 mil. Ao relacionar as mortes com a quantidade de carros, é possível avaliar com maior precisão a violência no trânsito.
Jovens em risco
O trânsito matou mais quem tem entre 20 e 29 anos. No primeiro semestre de 2009, 54 pessoas nessa faixa etária perderam a vida nas vias do DF. Porém, o que mais chama a atenção no balanço do Detran é o aumento de 160% das mortes entre jovens de 18 a 19 anos. Foram 13 casos nos seis primeiros meses deste ano contra cinco no mesmo período do ano passado. A imprudência aliada à falta de experiência ao volante são apontadas por Cezar Caldas como as possíveis causas. ;Quem tem entre 18 e 19 anos ainda dirige com a permissão, não com a carteira. Está em fase de teste;, diz o diretor-geral do órgão.
Para fazer um diagnóstico mais preciso sobre os acidentes, o Detran espera receber da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) quatro servidores que vão reforçar a equipe de estatística. O grupo terá a missão de visitar o local de cada acidente fatal para detectar o que provocou a tragédia. ;Vão levantar se é defeito na pista, sinalização apagada ou se foi imprudência do condutor. Com essas informações, vamos acionar os setores responsáveis para solucionar o problema;, adiantou Caldas.
Dos 188 acidentes fatais registrados no primeiro semestre de 2009, 36,7% ocorreram em vias urbanas, sob a responsabilidade do Detran. Outros 46,8%, nas rodovias distritais, onde cabe ao Departamento de Estradas de Rodagem fiscalizar, e os demais (16,5%), nas rodovias federais que cortam o DF, que estão sob a jurisdição da Polícia Rodoviária Federal.