Pablo Rebello
postado em 20/08/2009 08:49
Muita gente costuma comparar o clima de Brasília com o de um deserto, onde os dias são escaldantes e a umidade do ar parece ser um sonho distante, presente somente além da linha do horizonte. Em nenhum outro período do ano essa comparação ganha mais força do que entre agosto e setembro, quando a época de seca na capital chega ao seu auge. Previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam que o período crítico, com umidade abaixo de 20%, deve atingir mais os brasilienses a partir da última semana deste mês. No entanto, os efeitos da seca começam a incomodar a população. Há 68 dias, não cai uma gota de chuva no DF. Uma frente fria, porém, pode trazer chuvas fracas e esparsas para a capital entre sexta e sábado.
A estudante Ana Caroline Gomes Mata, 21 anos, confirma que tem enfrentado mais dificuldade para respirar, principalmente após a realização de um exercício físico. Ela também começou a usar manteiga de cacau nos últimos dias para evitar rachaduras nos lábios e carrega uma garrafa d;água para onde quer que vá. ;Estou acostumada com a seca. Ela causa dificuldades vez ou outra, mas até que eu gosto. É melhor do que lugares úmidos demais;, comentou a jovem, que gosta de fazer trilhas, caminhar e correr, quando tem tempo.Segundo o meteorologista Manoel Rangel, o período de seca deve se estender até outubro. ;Esperamos algumas pancadas de chuvas esparsas e fracas já para o fim de setembro. Mas o período chuvoso mesmo só deve começar no mês seguinte;, detalhou. Até o momento, a umidade mais baixa do ar registrada este ano foi de 18%, em 28 de junho. No ano passado, o dia mais crítico foi 12 de setembro (12%). O meteorologista acredita que a seca deste ano será mais amena que em 2008, porque a temporada de chuva se estendeu em 2009.
;O clima tem se comportado dentro do esperado. E, apesar de termos uma massa de ar seco e quente que paira sobre a Região Centro-Oeste, temos também uma massa de ar frio no sul de Goiás, que pode aumentar um pouco a umidade geral;, ressaltou Rangel, que trabalha no Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Essa é uma época de dias quentes e secos. Com isso, a vontade de beber água aumenta assim como os problemas respiratórios e de pele. Com a umidade relativa do ar abaixo de 20%, a situação se torna crítica.
Muito líquido
Para o professor de pneumologia da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Martins, alguns cuidados precisam ser tomados nessa época para evitar problemas de saúde. ;O mais importante é beber muito líquido. Mas as pessoas precisam se precaver para evitar doenças respiratórias, infecciosas ou alérgicas, que aumentam durante a seca;, afirmou (veja quadro abaixo com os cuidados). As doenças mais comuns nesse período são asma, gripe, resfriado, pneumonia e sinusite. Mas problemas na pele também são comuns. ;A pele fica mais seca, o que leva algumas pessoas a se coçarem mais até surgirem infecções que podem provocar alguma outra enfermidade;, explicou o professor.
O advogado Alex Lima, 34 anos, e a mulher, a servidora pública Ana Paula Lima, 29, ainda não se intimidaram com a seca. Eles costumam caminhar quatro quilômetros no Parque da Cidade. Haja água para dar conta de tanta sede. ;Temos bebido muita água. A garrafinha que carrego não tem dado nem para o passeio inteiro;, comentou Alex.