Vinte e oito imóveis funcionais do Governo do Distrito Federal (GDF) serão colocados à venda no próximo dia 3 pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). São 20 apartamentos e casas localizados em áreas nobres, como o Plano Piloto e Lago Sul, e oito erguidas em terrenos em Brazlândia, Gama e Sobradinho. Os valores mínimos para os primeiros lances variam de R$ 79 mil a R$ 1,5 milhão. Os interessados podem ; e devem ; conhecer os imóveis antes de apresentar a proposta de compra. As condições estruturais e físicas, na maioria deles, estão precárias. Para começar a morar, será preciso fazer alguns reparos. Em alguns imóveis, a única solução é investir na reforma completa.
[SAIBAMAIS]Outro problema grave pertinente aos imóveis do governo local são os atuais ocupantes deles. Apenas 11 das 28 unidades oferecidas pela Terracap estão vazias. No edital de licitação, está estabelecido que é responsabilidade do licitante vencedor arcar com a desocupação dos imóveis, mesmo que judicialmente. Ou seja, quem comprar uma casa ou um apartamento com moradores dentro terá que se munir de bons argumentos para tirá-los, sem que tenha que apelar para ações na Justiça. O morador do apartamento 304 do Bloco A da 203 Sul, identificado apenas como Valter, diz que mora há 23 anos no local e não vai abrir mão de lutar pela sua permanência. Ele conta que há uma ação dos moradores na Justiça para discutir o assunto.
Para evitar esse tipo de incômodo, o casal Roberto Borges, 38, e Keyla Lopes, 33, só está visitando apartamentos no Plano Piloto que estejam vagos. Na manhã de ontem, eles conheceram algumas unidades no Bloco A da 203 Sul. ;Comprar imóvel ocupado é dor de cabeça. Eles nem entram na nossa lista;, afirma Roberto. Após visitarem três apartamentos no prédio, o único que o casal gostou foi o 102, que tem 234,27 m2 de área privativa e valor inicial de R$ 763 mil. ;O resto está muito detonado;, reclama Keyla Lopes, relatando que, na maior parte dos imóveis, os armários estão quebrados, a pintura e o piso estão desgastados e faltam objetos como torneiras.
A administradora Sâmela Viegas, 33 anos, pediu ajuda da prima, Laíssa Correia, 27, na busca de um novo lugar para morar no Lago Sul. Ela quer se mudar com a família para a cidade e foi conhecer as três casas lançadas no edital da Terracap. Além da unidade do Conjunto 8 da QL 10 ter uma localização privilegiada, a construção é a que está em melhores condições. ;Nas outras duas casas, o jeito é derrubá-las. Tem muita coisa para arrumar;, conta. No entanto, a administradora acha que o valor inicial do lance, de R$ 1,5 milhão, é equivalente apenas ao terreno no local. ;Vou ter que gastar muito para a reforma e acho que não compensa;, diz.
Mercado
O subsecretário de Suprimentos da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), Henrique Vieira Ferrari, explica que a deterioração dos imóveis é devido ao tempo de construção e uso. ;Eles foram construídos na década de 1960 e 1970 para acomodar servidores públicos. Hoje, esse tipo de ocupação só é feito com a autorização do governador. Por causa do ônus que o comprador terá, os imóveis foram avaliados sem considerar as benfeitorias, como se ele tivesse comprado na planta original;, justifica o subsecretário, destacando que o valor do lance inicial foi avaliado pela Terracap pelo preço de mercado.
Na análise preliminar do presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF), Adalberto Valadão, os valores iniciais sugeridos para os imóveis estão abaixo do valor do mercado. Um apartamento de 240 m2 no Plano Piloto, por exemplo, gira em torno de R$ 950 mil, desde que estejam em boas condições. No entanto, ele ressalta que se os imóveis apresentarem más condições estruturais e físicas, o investimento pode estar alto. ;O comprador tem que levar em conta as condições de habitalidade de todo o prédio, como a instalação das tubulações da rede de água, de gás, do hall de entrada do bloco. Uma reforma desse tipo é grande problema;, diz.
; Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense