postado em 23/08/2009 07:45
Dados do Clube de Dirigentes Lojistas do Rio de Janeiro (CDL/RJ) reavivam uma antiga polêmica entre brasilienses e cariocas: a transferência da capital do Brasil. Em um ranking entre 10 cidades, Brasília é líder em geração de empreendimentos no comércio varejista e criação de empregos, enquanto o Rio de Janeiro amarga a posição de laterninha. Entre 1997 e 2007, o número de estabelecimentos comerciais cresceu 78,1% na capital federal, quase seis vezes a quantidade do Rio (12,3%). No mesmo período, o DF obteve o melhor incremento em criação de postos de trabalho, 111,7% contra os 27,2% da ex-capital do país.Entre as justificativas para o bom desempenho candango estão a organização urbana e os rendimentos de servidores públicos. Do lado fluminense, a mudança da capital figura como um dos principais problemas para o comércio da região, além da violência. ;Somente entre 1970 e 2006, o PIB da cidade registrou uma queda de participação de 62,5% no PIB nacional (Produto Interno Bruto, que corresponde à soma de todas as riquezas do país), uma trajetória que deriva da transferência da capital e da carência de estratégias de fomento;, afirma o presidente da CDL do Rio, Aldo Gonçalves.
Em Brasília, o aumento na quantidade de estabelecimentos comerciais e de empregos teria sido alavancado principalmente pela construção de shopping centers. Segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio), a pedido do Correio, mais da metade dos centros comerciais da cidade, 62,96%, foi inaugurado entre 1997 e 2007, período analisado pelos lojistas do Rio de Janeiro.
[SAIBAMAIS]De acordo com o presidente da Fecomércio, senador Adelmir Santana (DEM-DF), os centros de compras foram importantes para a consolidação do comércio candango. ;Em todo o DF, são 27 (shoppings). E não chegou ao limite. Ainda há espaço para mais e os investidores enxergam isso;, avalia o senador. Para 2010, está programada a inauguração do Iguatemi Shopping, empreendimento que deve criar 1,5 mil empregos diretos.
Prosperidade na rua
O comércio de rua também tem se mostrado próspero na cidade. Em 12 anos, o empresário Olair Francisco transformou uma barraquinha de calçados, na Praça do Relógio, em Taguatinga, em um empreendimento com 40 lojas, mil funcionários, mais uma fábrica. ;Nossa meta é chegar a 100 lojas e 3 mil empregados nos próximos 10 anos;, almeja Olair, dono do grupo Agittus Calçados. Em setembro, ele espera inaugurar mais um estabelecimento no Riacho Fundo I e, no mês seguinte, uma grande loja em Samambaia. ;O que justifica essa situação boa é o DF ter o melhor poder aquisito do Brasil. A renda per capita da cidade chega a ser quase o dobro da de São Paulo devido ao número de funcionários públicos;, diz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF, Antônio Augusto de Moraes.
Na avaliação do empresário André Naegele, dono das lojas de roupas Avanzzo, a estabilidadade da economia com o Plano Real, nos anos 1990, também foi determinante para o comércio. Somado a esse fato, a proximidade com o poder público, a segurança da cidade e uma demanda maior que a oferta também teriam colaborado para o desempenho indicado no estudo do CDL. ;Mas nem tudo são flores. Temos custos mais altos que em outros lugares com pagamento de transporte para funcionários e com locação dos pontos;, pondera.
No Rio de Janeiro, em contrapartida, há cerca de 20 centros de compras. Para o presidente da CDL fluminense, Aldo Gonçalves, o planejamento urbano de Brasília facilita o combate à pirataria, à informalidade e à violência, situação que cria condições favoráveis ao desenvolvimento do comércio formal. Gonçalves destaca ainda como fatores prejudiciais ao Rio a expansão da favelização e a ausência de uma política de desenvolvimento econômico.
