Cidades

No DF, estima-se que cada habitante gastará R$ 13.408 no comércio neste ano

Juliana Boechat
postado em 23/08/2009 07:46
Brasília é o melhor lugar do país para quem gosta de comprar. Com o mercado em constante ascensão, lojas e shoppings surgem a todo instante pela cidade. E não falta consumidor para absorver todo esse crescimento. Segundo cálculos feitos pelo Correio, com base em projeções da empresa paulista de consultoria Target Marketing, o Distrito Federal é a unidade federativa que deve consumir mais por habitante neste ano. No DF, a expectativa é que cada habitante gaste até R$ 13.408. Logo atrás aparece o carioca, com um gasto previsto de R$ 12.902. E, em terceiro, o paulista, com R$ 12.561. O DF ultrapassa em quase 40% a média nacional de consumo por habitante, que gira em torno de R$ 9.731.

A arquiteta Ana Maria Arsky, 38 anos, faz parte desse grupo crescente de consumidores de Brasília. Sempre em busca de produtos diferenciados, ela reserva um pouco do salário todo mês para fazer compras. Como anda pela cidade durante todo o dia para acompanhar o andamento dos seus projetos, Ana aproveita para parar em algumas lojas nas comerciais do Lago Sul e conferir as novidades. Raramente ela sai sem comprar alguma coisa. No armário, roupas de marca, 16 pares de chinelo e mais de cem de sapato. Com viagem marcada para a Bahia no mês que vem, ela já começou a procurar roupas de verão. Tudo é motivo para comprar: ;Quanto estou estressada, compro; quando estou feliz, compro. Quando termino com o namorado, é hora de refazer o armário;.

Ana quase não vai a shoppings(1). Prima pela tranquilidade e pelo atendimento atencioso que recebe quando compra em butiques das quadras da cidade. Ela garante que, hoje, o vício de comprar não se compara ao que já foi um dia. Em 2006, Ana fez uma promessa de ficar um ano sem comprar roupas, sapatos e acessórios. Depois do resultado bem-sucedido, a arquiteta passou a se controlar mais. ;Mas gosto de me presentear. Trabalho tanto, mereço ficar mais bonita;, explica Ana, que mora com os pais no Lago Sul.

Em busca de consumidoras como Ana, o empresário Camargo Lins decidiu abrir na capital uma franquia da loja SAAD, que vende cintos, sapatos e bolsas. Brasília foi indicada por uma empresa de consultoria de São Paulo, que Lins contratou para avaliar o mercado nacional. Camargo inaugurou, no último dia 19, a primeira franquia da loja no Brasil. Até então, os produtos eram vendidos apenas em lojas multimarcas.

"Lugar do dinheiro"
O otimismo de Camargo em relação às vendas é tão grande que ele já pensa em abrir novos negócios na cidade. Em setembro, pretende inaugurar duas novas lojas no ParkShopping. Ele ainda não sabe quais serão as marcas, mas tem a certeza de que investir na cidade é sinônimo de sucesso. ;Brasília é o lugar do dinheiro, é o lugar para investir. Isso se deve, em certa parte, ao grande número de funcionários públicos;, diz, animado. ;Há oito meses, nós resolvemos que viríamos para Brasília. É porque acreditamos na cidade. Esta é só a ponta do iceberg, a cidade ainda vai crescer muito;, avalia.

[SAIBAMAIS]Até mesmo as lojas já consolidadas na capital pensam em expandir os negócios devido ao alto nível de vendas. A Livraria Cultura conta com uma loja no Shopping Casa Park, na Estrada Parque de Indústria e Abastecimento (Epia), e só está esperando a inauguração do Iguatemi, em março do ano que vem, para abrir a nova filial. Depois de São Paulo, Brasília será a única cidade que terá mais de uma loja da Cultura. ;Estamos levando filiais da livraria para capitais em ascensão para tirar um pouco o foco do eixo Rio;São Paulo, que já está saturado. Mesmo em época de crise econômica, o comércio em Brasília cresceu 20%. Temos que investir aí;, destaca Sérgio Herz, diretor financeiro da livraria.


1- A campeã
Segundo levantamento realizado pelo Sindicato dos Varejistas do DF (Sindivarejista), o Plano Piloto conta com 21 shoppings. É a cidade com o maior número de shopping por habitante de todo o Brasil. São 3,2 mil lojas nos estabelecimentos, que geram cerca de 26 mil empregos diretos e 40 mil indiretos.


; Mercado de luxo em ascensão

Não é só a Livraria Cultura que está satisfeita com as vendas em Brasília. Outras filiais de grandes empresas se destacam no cenário nacional como as que mais faturam em todo o país. É o caso do hipermercado Extra no fim da W3 Norte. O sucesso tem uma explicação: a localização da loja, próxima a uma área nobre de Brasília, o Lago Norte. A megaloja Fnac, no Park Shopping, também chama a atenção com o número de vendas. Das 131 lojas da marca espalhadas pelo mundo, a de Brasília é a que mais cresce e atrai consumidores. É campeã na venda de aparelhos digitais e de informática.

Brasília carrega ainda o status de terceiro polo consumidor do mercado de luxo, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. Segundo pesquisa realizada pela Consultoria MCF, com mais de 100 empresas e 600 consumidores, 48% dos entrevistados procuram na capital produtos e serviços exclusivos. A tendência é que o percentual aumente de agora em diante, com a abertura da nova ala do ParkShopping e a inauguração do Iguatemi.

Joias
O mercado de joias faz parte desse grupo prime que se expande a cada dia na capital do país. Os motivos são os mesmos: estabilidade do funcionalismo público, bons salários, renda per capita alta e o centro dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A venda de joias movimenta, por ano, cerca de R$ 100 milhões, 80% dos quais na informalidade. Ainda assim, está em ascensão e conta com ajuda de associações e órgãos nacionais para se desenvolver de maneira correta. Segundo especialistas, os investimentos na área de joias e gemas devem aumentar, neste ano, 12%. Enquanto isso, o mercado de luxo deve crescer 9% em 2009.

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