Adriana Bernardes
postado em 25/08/2009 08:12
A pressa para pegar o banco aberto foi a desculpa do comerciante José Carlos dos Santos, 50 anos, para estacionar o carro numa esquina. Apesar do erro, ele ficou indignado ao ver o auto de infração no para-brisas do veículo. ;Acho um absurdo, sim! Antes de sair multando o governo precisa dar opção. Que opção nós temos?;, perguntou indignado. Com base no relatório do Departamento de Trânsito (Detran), o Correio listou os cinco pecados mais comuns na hora de estacionar. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) define 19 formas de estacionamento proibido. O brasiliense escorrega em todas elas.Vale tudo para conseguir um espaço, de preferência bem perto do destino: ocupar vagas reservadas para os bombeiros, idosos, deficientes e parar sobre o gramado ou a calçada estão entre elas. Seja pela pressa, falta de opção ou por comodidade, há quem deixe de lado o bom senso e ignore regras básicas de cidadania.
No topo da lista está estacionar em desacordo com as posições estabelecidas no CTB, com 16.194 flagrantes. A descrição técnica parece genérica demais. Segundo o gerente de Fiscalização do Detran, Silvain Fonseca, ela engloba os casos em que a sinalização indica o estacionamento em 45; e o condutor para no ângulo de 90;, por exemplo. ;Ou quando a sinalização regulamenta vaga de táxi, mas ele está parado em outra posição que não aquela demarcada;, acrescenta.
[SAIBAMAIS]O segundo pecado da lista não tem desculpa: estacionar em horário ou local proibido pela sinalização. Nas ruas sobram maus exemplos. Em frente ao prédio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, no Setor Bancário Sul (SBS), o motorista de um Gol cometeu duas infrações de uma só vez. Deixou o carro em cima da calçada ; terceira infração da lista ; e bem debaixo de uma placa de proibido parar e estacionar. Aliás, deixar os veículos sobre as calçadas é bem comum no estacionamento perto do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios e em frente ao Hospital de Base do DF.
Flagrantes
De janeiro a julho deste ano, a fiscalização fez em média 10 flagrantes por hora. No total, foram 49.308 multas por estacionamento irregular. É menos do que no ano passado. Nos sete primeiros meses de 2008, o Detran fez 63.167 notificações. Fonseca diz que a queda nas multas por estacionamento irregular se deve a uma certa mudança no comportamento de parte dos condutores. ;Apertamos a fiscalização e muitos ficaram mais atentos. Nas imediações do UniCeub, por exemplo, praticamente não temos mais problemas. Em outros locais, porém, ainda temos que melhorar muito;, reconhece.
Um dos locais críticos é o Setor Comercial Sul (SCS) . Perto da estação Galeria do metrô, o motorista de um fusca branco cometeu duas irregularidades ao mesmo tempo. Estacionou o carro em local proibido pela sinalização e na contramão da via. Na Entrequadra 1/2, os condutores estacionam atrás dos outros carros, impedido a movimentação de quem chegou primeiro. Eis o quarto pecado da lista. O Governo do Distrito Federal (GDF) vem estudando meios de aumentar a oferta de vagas na região. Por meio de Parcerias Público-Privadas, deve construir estacionamentos subterrâneos a partir do ano que vem. Até a tarifa máxima já foi definida: R$ 4 a hora.
Em todos os locais onde a equipe de reportagem esteve, foi hostilizada pelos guardadores de carro. Eles faturam com a falta de espaços para deixar os carros. Maria Elisa Longher, 31 anos, é uma entre as centenas de pessoas que entregam a chave do carro para o flanelinha. ;Estaciono atrás de outro carro e, assim que aparece uma vaga, o vigia guarda pra mim. Não tenho dinheiro para pagar mensalidade em um estacionamento privado;, reclama.
Na tentativa de confundir a fiscalização, há quem arranque as placas e apague os números que estipulam a quantidade de vagas reservadas para deficientes ou idosos. Em um dos flagrantes feitos pelo Correio, alguém girou a placa que delimitava três vagas para idosos. Como no local não há pintura no chão, é impossível saber onde não parar.
Segundo Fonseca, assim que o Detran comprar mais guinchos ; serão pelo menos mais dois ; a fiscalização aos infratores ficará mais eficiente. ;Hoje temos dois guinchos grandes que carregam um carro por vez e quatro plataformas que transportam pelo menos dois veículos ao mesmo tempo. É muito pouco, especialmente porque atendemos a demanda de outros órgãos do governo;, diz.