Joeci da Silva Brito, 23 anos, negou em entrevista ao Correio, na manhã desta terça-feira (25/8), que ela e a filha de 5 anos foram mantidas reféns dentro de casa, no Guará II, pelo ex-policial civil Edilson Menezes Cruz, 40 anos, na segunda-feira (24/8). A mulher afirmou que tudo não passou de um excesso da polícia. Ela ainda garantiu que em momento algum foi ameaçada pelo companheiro.
"O único momento em que fiquei com medo foi quando a policia invadiu a casa", disse Joeci, em entrevista concedida na residência do casal, na QE 15 do Guará II. No entanto, a mulher reconheceu que, nos últimos dias, o ex-policial estava muito agitado. Segundo ela, Edílson fazia uso de complementos alimentares e anabolizantes.
[SAIBAMAIS]
Tudo começou com um tiro de arma de fogo na noite do último domingo (23/8). A vítima relatou à reportagem que o homem atirou para cima. No momento, ela estava deitada na cama do casal. Joeci contou que não se assustou, não sofreu ameaças e também não deu importância ao ocorrido. "Continuei no quarto." Ela acredita que a polícia tenha chegado ao local após telefonema de vizinhos. Ela afirmou também que em momento algum foi trancada com a filha em casa.
A polícia chegou por volta das 9h. "Não entendi a movimentação dos policiais lá fora." Segundo Joeci, Edílson levantou, tomou banho e mais tarde pediu a ela que fizesse o almoço. Joeci ainda contou que o companheiro disse a ela para ir até o portão da casa e oferecer comida aos policiais.
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Durante a entrevista, a mulher definiu o companheiro como um homem bom. "Nunca sofri ameaças dele. Só senti medo quando a polícia invadiu a casa. Me tranquei com minha filha no banheiro com medo de sermos atingidas por uma bala", contou. Na casa, as marcas dos tiros nas portas, paredes e vidros da sala revelam o cenário descrito pela mulher.
;Ele comprava refrigerante e cerveja para eu vender em shows. Ele também me ajudou a abrir uma conta no banco. Eu mandava o dinheiro para minha família em Barreiras (Bahia);, contou. Mesmo assim, a vítima diz estar com medo da reação do ex-policial. Ela afirma não querer mais vê-lo. Segundo Joeci, o futuro dela e da filha agora é em Barreiras.
Joeci trabalhava em uma lanchonete da Feira do Guará quando conheceu o ex-policial civil. Há cinco meses, ela se mudou para a casa do companheiro com a filha de 5 anos. A menina também demonstrou afeto por Edílson. Com semblante sereno, disse à reportagem que Edílson entregou uma bala de seu revólver e pediu para guardar como lembrança dele. O homem ainda sugeriu à menina que seguisse a carreira policial.
Ferimento
Joeci da Silva Brito e a criança foram mantidas reféns durante quase nove horas dentro de casa. A ação policial começou por volta das 10h. Um atirador de elite disparou apenas um tiro contra Edilson, que retribuiu o disparo na direção dos policiais. Ele foi atingido no braço e passa bem.
Edilson pode pegar até 15 anos de prisão e deve responder pelos crimes de cárcere privado, posses ilegais de arma e munição, disparo de arma de fogo e resistência à prisão.
Acusações graves
Os crimes de segunda-feira não são os únicos pelos quais o ex-policial civil terá que responder. Ele já foi condenado a dois anos e quatro meses de prisão pelo crime de tortura, segundo o diretor-geral da Polícia Civil, Cléber Monteiro. Além disso, responde por outras acusações graves: estupro, atentado violento ao pudor e lesão corporal. Edilson chegou a ficar preso em uma ala de tratamento psiquiátrico no manicômio Judiciário do Presídio Feminino Colmeia, no Gama.
Ele entrou para a Polícia Civil em 1996 e foi expulso em novembro de 2001, após a acusação de estupro. Teria cometido o crime de tortura contra uma ex-namorada, de apenas 16 anos.