Inimigos históricos, adversários ferrenhos na disputa eleitoral de 2002, o ex-governador Joaquim Roriz (PMDB) e o deputado federal Geraldo Magela (PT) tomaram café da manhã juntos no Bay Park Resort Hotel, no Setor Hoteleiro Turístico Norte. O encontro reservado foi testemunhado apenas pelo deputado federal Laerte Bessa (PMDB). No PT, a notícia causou desconforto. Em meio a uma disputa eleitoral pela indicação do partido pela candidatura ao Governo do Distrito Federal, a aproximação de Magela com o antigo oponente virou motivo para ataques de aliados de Agnelo Queiroz, que também planeja concorrer ao Executivo.
O presidente do PT-DF, Chico Vigilante, reclamou de Magela ter discutido cenários políticos para 2010, sem o aval do partido. ;Temos uma comissão oficial no PT indicada justamente para tratar de processos de negociação. Mas não tem problema porque nem o Magela representa o PT e nem o Roriz pode falar pelo PMDB;, provocou Vigilante. O deputado distrital Paulo Tadeu (PT) considerou o encontro normal, porém inócuo. ;Não tenho restrição a conversas. Mas não há motivos para encontros com Roriz que podem confundir o eleitor. Nosso projeto é antagônico. Fizemos anos de oposição verdadeira e temos divergências profundas;, disse Paulo Tadeu.
O deputado distrital Chico Leite (PT), que em 2002 se recusou a apertar a mão de Roriz na diplomação do então governador eleito, tem pensamento semelhante. ;Não acredito em alianças meramente eleitorais. Só acredito em união, em princípios;, afirmou. Ao Correio, Magela disse que a proposta de uma conversa sobre os cenários eleitorais para 2010 partiu de Laerte Bessa (veja entrevista ao lado). O deputado peemedebista afirmou que não foi bem assim. ;A ideia do café surgiu espontaneamente numa conversa com Magela. Digamos que foi uma iniciativa comum;, garantiu Bessa. ;Falamos muito sobre a Dilma (Rousseff) e Lula;, explicou o deputado peemedebista.
Polarização nacional
De acordo com Bessa, principal aliado de Roriz no partido, o ex-governador garantiu a Magela que vai seguir a determinação do PMDB nas eleições de 2010. Dessa forma, se o partido estiver com Dilma, como se desenha, Roriz também oferecerá o palanque para a candidata petista à Presidência da República, na hipótese de permanecer no partido. O grupo do ex-governador trabalha com a hipótese de ocorrer uma polarização nacional nas próximas eleições entre Dilma e o candidato do PSDB ; o governador de São Paulo, José Serra, ou o de Minas, Aécio Neves.
Se isso ocorrer, avaliam os rorizistas, o governador José Roberto Arruda (DEM) estará com o PSDB. Por isso, o PT nacional vai exigir que petistas e rorizistas do Distrito Federal se unam em torno de Dilma. Uma imposição dessa natureza uniria em Brasília antigos adversários nas campanhas eleitorais do Distrito Federal. Para Vigilante, a resistência será grande.