Mineiro de Manhuaçu, José Guilherme Villela havia completado 73 anos em 12 de agosto. Apesar de ser um advogado bastante conhecido em Brasília, onde exerceu também várias funções públicas, Villela se notabilizou como defensor do ex-presidente Fernando Collor de Mello durante o processo de impeachment, em 1992.
O fato de Villela ter sido ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por seis anos contribuiu para que fosse chamado para atender Collor e outros políticos envolvidos em questão jurídicas relacionados a cargos e mandatos.
"Ele era um profissional bem respeitado em Brasília", afirma o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cézar Britto. "É muito estranha essa morte", acrescenta Britto, ressaltando que, a partir de amanhã, vai indicar um colega para acompanhar as investigações da Polícia Civil.
Procurado por meio de sua assessoria, o senador Fernando Collor (PTB-AL) não deu retorno. Em junho do ano passado, o político alagoano, em seu primeiro discurso no Congresso, fez cinco citações elogiosas a seu defensor durante o impeachment.
Carreira
José Guilherme Villela começou sua carreira profissional como advogado em Belo Horizonte, na década de 1960, principalmente atuando junto aos tribunais superiores. A partir de 1962, passou a ser também procurador do Tribunal de Contas do Distrito Federal, cargo que exerceu até 1988, quando se aposentou e passou em um concurso público para auditor da mesma corte.
[SAIBAMAIS]O advogado morto foi juiz do TSE por quatro anos (dois como suplente) e teve o nome incluído em várias listas tríplíces para exercer outras funções efetivas, sendo escolhido. Além disso, foi professor de direito da Universidade de Brasília (UnB), membro da OAB e advogou para partidos políticos e estados brasileiros.
Villela escreveu a Oração aos Moços, onde citava declarações religiosas voltadas aos advogados e à juventude. Também trabalhou em questões de terras em vários estados.
Mortes misteriosas
O advogado é a quinta pessoa próxima a Collor que morreu em circunstâncias misteriosas. Pouco depois de denunciar o ex-presidente, seu irmão, Pedro Collor de Mello, faleceu vítima de câncer. Em seguida, um infarto matou Elma farias, então mulher de Paulo César Farias, ex-tesoureiro de campanha de Fernando Collor.
PC Farias, como era conhecido, foi assassinado anos depois junto com a namorada Suzana Marcolino em uma casa de praia em Alagoas, onde morava.