postado em 04/09/2009 08:46
Diretores e orientadores de 25 escolas públicas de ensino médio e fundamental de Santa Maria se reuniram na manhã de ontem com representantes do Ministério Público e da Vara da Infância e da Juventude com o objetivo de discutir soluções para o problema da violência nos colégios da cidade. O encontro ocorreu no Centro de Ensino Especial 1, onde houve um almoço coletivo organizado por voluntários da escola. Cansados de ver as drogas e brigas tomarem conta do dia a dia das crianças dessa região, os educadores pediram a intervenção desses órgãos para implantar um projeto pedagógico mais eficiente no combate à violência. As entidades entenderam a necessidade de ajuda e colocaram em prática nas instituições de ensino de Santa Maria o Projeto da Paz(1).Inicialmente, as atividades se dividem em três etapas. Na primeira, os educadores conversaram sobre a escola onde atuam e trocaram informações sobre o cotidiano. Em um segundo encontro, listaram os problemas encontrados em cada centro de ensino. O consumo de drogas por crianças e adolescentes apareceu como principal problema na maioria dos colégios, assim como o abandono dos meninos e meninas pela família. O terceiro momento foi dedicado a encontrar soluções.
Sugestões
Entre as saídas propostas para diminuir a violência nas escolas de Santa Maria está a implantação de projetos culturais em cada colégio. Os coordenadores do Projeto da Paz incentivam os diretores e orientadores a descobrir quais são os talentos dos estudantes e como eles podem contribuir para a vida escolar. ;Aqui tem muita gente que sabe tocar violão, cantar e dançar. Um projeto não precisa ser caro e complicado para dar certo. Temos soluções simples e baratas quando cada um passa adiante o que tem de melhor;, explicou a coordenadora intermediária da Promoção da Cidadania e Cultura de Paz de Santa Maria, Alessandra Arruda.
Outra ação que poderia trazer melhorias seria a formação de Conselhos de Segurança Escolar em cada centro de ensino. Algumas escolas de Santa Maria têm essas organizações, mas de forma não atuante. Na manhã de ontem, o analista do Ministério Público e assessor do Grupo de Apoio à Segurança Escolar José Vanderlei Santos Rolim ressaltou a importância de formar conselhos escolares ativos dentro de cada comunidade para integrar as famílias dos alunos e os educadores. ;A escola deve ser um local de excelência para revitalizar a sociedade. Os estudantes precisam ter um envolvimento lúdico e verdadeiro com a escola. Os pais também têm a necessidade de se sentir valorizados;, ressaltou Rolim.
Os diretores aprovaram as ideias propostas. O gestor do Centro de Ensino Fundamental 213, Carlito Aguiar, trocou com os colegas relatos sobre experiências que deram certo. ;Onde eu trabalho, temos uma disciplina na qual os alunos devem formular projetos e são os responsáveis pela gestão deles. Eles não pensam em violência porque a cabeça deles está sempre ocupada. Nesses encontros, tenho a oportunidade de mostrar o exemplo aos meus colegas e ouvir o que funciona na escola deles;, diz o diretor do CEF 213, Carlito Aguiar da Silva.
Na dinâmica desta quinta-feira, o projeto começou a sair dos portões do colégio para entrar na comunidade. Os diretores foram divididos em quatro grupos. Cada um recebeu uma missão. O primeiro vai produzir um blog sobre o movimento. O segundo deve organizar visitas às casas de pessoas da cidade e órgãos públicos. A intenção é colher opiniões sobre quais são as necessidades de Santa Maria e os temas que devem ser abordados em sala de aula para formar cidadãos. O terceiro tem a tarefa de organizar confraternizações. O restante deve registrar os eventos em vídeo e foto. ;Com esse projeto, pretendemos resgatar a autoestima dos nossos educadores e dos alunos. Com certeza, a violência deve diminuir depois disso;, concluiu o diretor da Diretoria Regional de Ensino de Santa Maria, Júlio Moronari.
1- Como funciona
O Projeto da Paz já está implantado em centros educacionais de Brazlândia, São Sebastião e Gama. Atualmente, 130 colégios contam com a presença de conselhos de segurança escolar. Os grupos são formados por pais de estudantes, professores e representantes de entidades públicas e surgiram após as atividades do programa gerido pelo Ministério Público.