Cidades

Policiais recolhem um computador do apartamento onde ocorreu o triplo homicídio

Intenção é saber com quem as vítimas trocaram e-mails e se houve movimentações contábeis suspeitas nos dias anteriores à tragédia. Documentos também foram apreendidos no local

Renato Alves
postado em 10/09/2009 08:00

A delegada Martha Vargas voltou ontem no fim da tarde ao Bloco C da 113 Sul: quase duas horas de varreduraApesar do silêncio dos investigadores, a Polícia Civil deu ontem mais uma demonstração de que não trabalha mais com a hipótese de crime comum no caso do triplo homicídio ocorrido no apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul. Treze dias após as mortes, agentes voltaram ao cenário da tragédia atrás de documentos e informações virtuais de duas das vítimas ; o advogado e ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral José Guilherme Villela, 73 anos, e a mulher, Maria Carvalho Mendes Villela, 69. Também acabou assassinada a empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva, 58. No começo da noite, os policiais deixaram o imóvel com ao menos três envelopes e uma CPU (o cérebro de um computador).

Com o equipamento apreendido, os investigadores vão analisar, principalmente, e-mails trocados por José Guilherme e informações contábeis dele e da mulher, segundo um dos integrantes do grupo responsável pelo caso. Na semana passada, dois contadores dos Villela já haviam prestado depoimento sobre o patrimônio da família e movimentações bancárias que pudessem ser estranhas à rotina do casal. Nos envelopes recolhidos ontem, foi possível identificar contas de telefone referentes a um número com prefixo do Lago Sul, além de um passaporte. A delegada Martha Vargas, titular da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), entrou no prédio às 17h05 e saiu às 18h45 sem dar entrevista, acompanhada de quatro agentes e do diretor do Departamento de Polícia Circunscricional (1)(DPC), delegado André Victor do Espírito Santo. Esse limitou-se a dizer que não participa das investigações. ;Estou aqui para dar apoio institucional à doutora Martha.;

Dessa vez, não houve perícia, apenas a coleta de material. Até a noite de ontem, os peritos haviam visitado nove vezes o apartamento 601/602. Tentam reunir elementos que levem ao autor ou autores dos assassinatos. Pistas levantadas no imóvel, além dos mais de 20 depoimentos, são fundamentais para sustentar a suspeita de morte encomendada. Essa linha de investigação supera a anterior, de latrocínio comum (roubo com morte), ainda que joias tenham sumido do closet de Maria. Os investigadores esperam os laudos do Instituto de Criminalística (IC) para chegar a uma conclusão. Ontem, a Polícia Civil divulgou o laudo cadavérico, antecipado pelo Correio (leia ao lado).

[SAIBAMAIS]Pela primeira perícia, realizada na noite de 31 de agosto, os agentes estimam que o crime ocorreu entre as 19h e s 20h de 28 de agosto, uma sexta-feira. Os corpos acabaram encontrados três dias depois, por um policial federal que é amigo da neta do casal. O mais provável é que ao menos um dos envolvidos seja conhecido das vítimas, pois não havia marca de arrombamento no apartamento.

Cenário alterado
Também como antecipou o Correio, a PCDF não tem dúvidas de que a cena do triplo homicídio foi alterada. E teria ocorrido não apenas antes de os investigadores irem pela primeira vez ao apartamento 601/602. Fontes da polícia admitem que alguém esteve no imóvel após a perícia inicial, com o intuito de retirar documentos e inserir objetos para confundir o trabalho de apuração. As fitas amarelas e pretas colocadas nas portas não foram suficientes para isolar o local. Agora, elas passam por análise para a detecção de impressões digitais incriminadoras.

Os investigadores desconfiam também que a faca de 15cm encontrada na cena do crime não seja a mesma usada para matar os Villela e a empregada. Os agentes acreditam que a faca, do tipo comum em uma cozinha, pode ter sido colocada lá para confundi-los. O laudo cadavérico não confirmou que o objeto achado com manchas de sangue se trata da arma. Só apontou que os ferimentos nas três vítimas são compatíveis com um mesmo tipo de lâmina.


1- Administração
O DPC é responsável pela administração de todas as delegacias circunscricionais, as delegacias locais que cuidam dos crimes comuns ocorridos em uma região específica. As unidades são conhecidas pelos números. A 3; Delegacia de Polícia, por exemplo, investiga as ocorrências do Cruzeiro, Octogonal e Sudoeste. Já a 10; DP responde pelos casos do Lago Sul. A Asa Sul está na área de abrangência da 1; DP, localizada no Setor Policial Sul, Lote 2B.

; Colaboraram Edson Luiz e Raphael Veleda

; Se você tiver qualquer informação sobre o crime, ligue para o telefone 197

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação