Cidades

Custo de moradia dispara em Brasília

Gastos com mão de obra e materiais de construção subiram 4,02% e 8,08% nos últimos 12 meses, índices muito superiores à inflação do período. Apesar da alta nos preços, mercado continua aquecido, com boas vendas especialmente para casas populares

Mariana Flores
postado em 11/09/2009 08:07
Os custos para construir ou reformar um imóvel no Distrito Federal subiram acima da inflação nos últimos meses, o que não impediu a população de começar as obras. Os gastos com mão de obra e materiais de construção ficaram 4,02% mais elevados desde o início do ano e 8,08% nos últimos 12 meses, pelos números do Índice Nacional da Construção Civil (1)(Sinapi) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em agosto, o m; médio do DF era de R$ 729,79, acima da média nacional, que ficou em R$ 706,36 ; apenas cinco estados têm valores mais elevados: Rio de Janeiro (R$ 789,31), Roraima (R$ 788,30), São Paulo (R$ 780,82), Amazonas (R$ 750,89) e Acre (R$ 748,48). Para os mesmos períodos, a inflação na capital do país foi de 2,90% e 4,82%, respectivamente, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (2)(IPC-S), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Mas quem sentiu mais a variação foram os brasilienses que investiram em produtos de melhor qualidade.

Casa em reforma na Fercal: impacto foi menor para os brasilienses de baixa rendaOs valores necessários para a construção de imóveis populares sofreram reajustes menores do que a média verificada na cidade. O m; de uma casa popular de um pavimento, com varanda, sala, dois quartos, área de circulação, banheiro e cozinha, construída com produtos de acabamento inferior, está R$ 445,14, 2,20% mais que no fim do ano, e 5,60% acima do valor cobrado há 12 meses. A variação menos intensa incentivou os brasilienses de menor renda a iniciar as obras. Um estudo feito pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) ; Pesquisa Domiciliar Socioeconômica do DF (3); mostra que, nos domicílios mais pobres do DF ; representam 10% da população local ;, as reformas foram ou estão sendo feitas. Em Sobradinho II, 67,2% das casas passaram por mudanças. No Varjão, 57,0% delas também foram reparadas. Atualmente, 19,3% dos lares do Itapuã estão em reforma.

Pesquisa
E as obras devem continuar. A pesquisa da Codeplan mostra que, nas 15 cidades ana-lisadas, a necessidade de reformas passa de 24%. Em algumas, chega a 66,4% dos domicílios questionados, caso verificado na Estrutural. Os profissionais do setor comemoram. A construção civil se tornou o empregador que mais gera vagas na iniciativa privada. Somente em julho deste ano foram criados 4 mil postos de trabalho no setor, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Nos últimos 12 meses, já são 12 mil empregos.

Os empresários que comercializam material de construção também comemoram. ;Brasília é, hoje, um canteiro de obras, a cidade não para de crescer. As vendas estão muito boas e o que ajudou foi o aumento de renda, a redução do IPI, e um otimismo, já que a crise aqui foi sentida de forma superficial;, afirma o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Materiais de Construção do DF (Sindmac), Cecin Sarkis. ;Além disso, com os juros baixos, as pessoas estão preferindo investir em suas casas do que deixar o dinheiro rendendo na poupança;, acrescenta.

Divisão dos custos
Dos R$ 729,78 gastos, em média, para construir um m;, R$ 446,73 se referem aos custos com materiais, que, acumulam um incremento nos últimos 12 meses de 8,79%, mas tiveram um alívio desde março, com a diminuição da carga tributária. Neste ano, o acréscimo foi de 1,98%. Já a mão de obra responde por R$ 283,05 no preço final. O aumento foi mais intenso em 2009 do que no acumulado de 12 meses ; 7,40% e 6,98% ;, uma vez que o reajuste da categoria foi dado em maio. Os salários cobrados tiveram um acréscimo de 6,5%, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do DF. O piso salarial atual é de R$ 501,60, para serventes, e R$ 778,80 para pedreiros, serralheiros, bombeiros e eletricistas. ;A atividade da construção civil está muito intensa, a demanda está muito alta, o que permitiu os aumentos de salários;, analisa o coordenador do Sinapi, Oreval Alves, técnico do IBGE.

1 - Custos da construção
Criado em 1969, o Sinapi tem como objetivo a produção de informações de custos e índices com abrangência nacional, visando à elaboração e avaliação de orçamentos, além do acompanhamento de custos. Em 2002, o Congresso Nacional aprovou através da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) a adoção do Sinapi como referência para delimitação dos custos de execução de obras públicas.

2 - Inflação
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) é calculado pela Fundação Getulio Vargas e mede a variação de preços em Brasília e em seis regiões metropolitanas. São pesquisados semanalmente os valores de 450 produtos e serviços, agrupados em sete classes de despesas. Os pesos atribuídos a estes itens espelham as despesas das famílias com renda mensal de até 33 salários mínimos.

3 - Radiografia do DF
A Pesquisa Domiciliar Socioeconômica foi realizada em 15 regiões administrativas do DF de menor poder aquisitivo: têm renda mensal de até dois salários mínimos per capita e consomem, no máximo, 80 Kw/mês de energia elétrica. A pesquisa aborda questões relativas aos domicílios, inventário de bens, serviços domiciliares e benefícios sociais.

Gastos com mão de obra e materiais de construção subiram 4,02% e 8,08% nos últimos 12 meses, índices muito superiores à inflação do período. Apesar da alta nos preços, mercado continua aquecido, com boas vendas especialmente para casas populares

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