Cidades

Polícia responsabiliza zoológico goiano por morte de 23 animais

postado em 11/09/2009 18:27

A Dema (Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente) enviou nesta sexta-feira à Justiça o relatório final do inquérito sobre a morte de 23 animais neste ano no zoológico de Goiânia (GO). De acordo com o documento, seis das mortes foram causadas por anestesias dadas no zoológico, e outras 10 por negligência do zoológico. Ao todo já morreram 70 animais no zoológico esse ano.

Segundo explica o delegado titular do DEMA, Luziano Carvalho, nove tracajas e uma tartaruga morreram quando o zoológico mandou limpar a água do tanque em que ficavam, à noite. Na ocasião um predador matou todas. Já a onça, o leão, o hipopótamo, o tamanduá bandeira e a queixadá fêmea morreram pela anestesia.

[SAIBAMAIS]Carvalho também explicou que a causa da morte das duas girafas do Le Cirque, que desde dezembro do ano passado estavam no zoológico goiano, foi anemia crônica, possivelmente causados por subnutrição. "Só não sabemos se elas já chegaram assim ao zoológico, ou se adoeceram lá".

Foram responsabilizados por essas mortes o professor de pós-graduação em Medicina de Animais Selvagens e Exóticos, do Instituto Qualitas, José Ricardo Pachalyo, o diretor do zoológico, Raphael Cupertino, dois veterinários, e mais um funcionário do setor de limpeza. Eles não foram indiciados porque, a lei de crime ambiental não prevê modalidade culposa (sem intenção), apenas dolosa (com intenção).

O diretor do Zoológico, Raphael Cupertino, não concorda com a decisão da polícia. Segundo explica, todos os procedimentos feitos eram necessários, e para fazê-los os animais precisavam de anestesia. "O hipopótamo morreu dois meses depois que recebeu a anestesia; o Tamanduá, três dias depois de edema pulmonar, que nós acreditamos ter sido causado por uma picada de escorpião. Apenas dois morreram por causa da anestesia, o leão, que tinha que fazer uma vasectomia; e a onça, que tinha uma infecção dentária muito séria".

Cupertino disse que o zoológico já está fazendo mudanças no zoológico. "Estamos fazendo algumas mudanças nas celas e temos planos de fazer um exame de saúde na maior parte dos nossos animais", explicou. Além disso, há um projeto para que o zoológico mude de lugar, "estamos agora escolhendo o melhor lugar", afirma.

O relatório foi entregue a Justiça, agora cabe ao Ministério Público analisar qual a melhor medida a ser tomada.

Le Cirque

Entre os 70 animais mortos no zoológico de Goiânia estão as duas girafas do Le Cirque, companhia de espetáculos que foi autuada por maus-tratos a animais quando fazia temporada em Brasília. Uma zebra também foi apreendida e enviada para Goiânia na ocasião, e é o único animal do circo e permanece viva no zoo da cidade - que, no entanto, está fechado para visitações.

A polêmica envolvendo os animais da companhia circense teve início depois que uma vistoria do Ibama constatou que eles eram vítimas de maus-tratos. A pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o circo, então instaldo no estacionamento do estádio Mané Garrincha. No dia 12 de agosto de 2008, fiscais ambientais apreenderam dois chimpanzés e um hipopótamo. O Le Cirque conseguiu reavê-los na justiça, mas só o hipopótamo foi devolvido, já que os macacos haviam sido levados para um santuário mantido pelo Projeto Grandes Primatas (GAP), ONG de proteção dos direitos e estudo do comportamento dos animais, em Sorocaba.

O GAP apresentou ao Ibama um laudo técnico comprovando o tratamento inadequado. A dupla de chimpanzés teve os dentes e os testículos arrancados, apresentavam marcas de correntes no pescoço e sofriam de estresse crônico. Com base nesse documento, os órgãos de fiscalização ambiental do DF prepararam uma operação, chamada de Arca de Noé, para "resgatar" os animais do circo. Mas os proprietários ficaram sabendo e evacuaram o local. Segundo uma funcionária da empresa, que não quis se identificar, os animais foram transportados às pressas durante a madrugada. Quando os agentes chegaram para cumprir o mandado judicial, não encontraram nenhum bicho.

O Ibama expediu um mandado de busca e apreensão em todo o país. Quando as carretas do circo passaram por um posto da Polícia Rodoviária Federal na BR-163, em Mato Grosso do Sul, os animais foram interceptados, e passaram dois dias em uma acampamento improvisado na sede da Polícia Militar Montada de Campo Grande, antes de serem mandados de volta a Brasília.

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