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Após liberação de empréstimo no Banco Mundial, Arruda planeja novos financiamentos

O governador José Roberto Arruda (DEM) deixou a capital americana ontem com o sentimento de que a relação do GDF com os bancos de fomento dos Estados Unidos está consolidada e tem perspectivas de ser duradora. Quase três anos depois de iniciadas as conversas em torno do Swap, Arruda avalia que as portas das instituições financeiras estão ;definitivamente; abertas para a negociação com o Distrito Federal. Nesta semana, o Executivo concluiu a primeira etapa de um contrato no valor de R$ 52 milhões. ;Imaginar que há dois anos e meio viemos sonhar com esses projetos e hoje eles se tornam realidade é incrível;, resume Arruda, que faz planos de expandir os negócios com os bancos de desenvolvimento para mais de R$ 1 bilhão.

Aumentar as cifras dos empréstimos internacionais, no entanto, é só uma parte das metas do governador em seu último ano e meio de gestão. Há outros desafios que Arruda está disposto a enfrentar. A tentativa de indicar o novo conselheiro do Tribunal de Contas do DF (TCDF), que até o final deste mês será conhecido, é um exemplo. A candidatura à reeleição, outro. ;Eu não fujo à luta, estou preparado;, disse o governador em entrevista ao Correio, sobre a possibilidade de repetir em 2010 a dobradinha de 2006, quando Paulo Octávio se candidatou como vice.

Quanto às possibilidades de coligações, nenhuma delas está descartada. Mas quaisquer que sejam, segundo o governador, só serão decididas na esteira das composições nacionais. ;Ainda é cedo para essas definições. Posso dizer, no entanto, que me dou bem com todas as correntes partidárias e não fecho as portas para nenhum partido, porque essa variedade contribui para a governabilidade;, considera. Confira a seguir os principais pontos da entrevista concedida por Arruda em Washington.

Portas abertas

Empréstimos
Assinamos o contrato do Swap de US$ 130 milhões e recebemos a primeira parcela imediatamente. Esse contrato é um prêmio à nossa gestão, aos índices que alcançamos com a melhoria da administração. São recursos que serão aplicados na educação, na saúde e uma parcela na organização do trânsito. Com a liberação do dinheiro, o banco reconhece os avanços nas áreas críticas para a população e retribui todo o esforço que a gente fez de economia, diminuição de gastos. É o resultado mais importante da viagem a Washington.

Educação

É a área que indubitavelmente mais melhoramos no governo. Até diria que as obras aparecem mais, mas os avanços na educação são muito mais importantes e maiores. Ter 200 escolas com educação integral, 4,5 mil bolsistas universitários trabalhando como monitores nas nossas escolas, os laboratórios de ciência, 3 mil novos servidores da educação contratados, o plano de cargo e salários, a eleição democrática para os dirigentes, escolas técnicas para alunos de nível médio, fizemos uma grande revolução na educação pública em dois anos e meio. Olho para trás e quase não acredito em tudo o que fiz na educação. E o banco reconheceu isso.

Saúde

Na área da saúde nós investimos muito também, só que os resultados vão demorar um pouco para serem sentidos, porque a situação da saúde era tão caótica que as mudanças levam mais tempo para produzirem efeito. Já terminamos o Hospital de Santa Maria, construímos seis novas unidades de saúde, vamos construir mais oito unidades de pronto atendimento, contratamos mais 3 mil servidores, compramos equipamentos de raios X, tomógrafos, salas cirúrgicas, mas sei que ainda precisamos de muitos outros investimentos para os resultados começarem a ser notados.

Governar

No Brasil é sempre muito difícil, por causa da nossa legislação exageradamente burocratizada. Há um excesso do sistema de controle superveniente e, à medida que se aproxima o processo político, essas barreiras se tornam ainda mais complicadas. Mas como tudo aquilo que tinha de ser feito, inclusive as medidas mais duras, foram feitas no tempo próprio, estamos no momento de colher os resultados disso. Não existem 1,9 mil obras em Brasília por acaso, temos isso porque pagamos dívidas, colocamos as contas em dia, fomos capazes de alavancar recurso internacional, de ampliar a capacidade de investimento do Estado, identificar os novos projetos, licitá-los e iniciar os contratos até chegar à fase de execução. Todos percebem que a cidade está cheia de obras, mas até chegar aqui foi um longo caminho. A relação com os bancos americanos está definitivamente consolidada.

PMDB

Não trato das questões internas de outro partido, não seria elegante. Posso dizer que o acordo que fiz com o PMDB foi transparente e aberto, e que esse acordo foi feito com a direção nacional e local do partido e está sendo muito bom para Brasília.

Reeleição

O Paulo Octávio é o presidente do partido e encaminhará a questão. No cenário de hoje, ele já me disse que a melhor forma talvez seja a gente repetir a dobradinha. Eu não fujo à luta, estou preparado. Nossa relação tem sido a melhor possível. Se eu for para a reeleição, vou indicado por ele. É esse o trato. Ele indica o candidato.

Senado

Eu estou feliz da vida, porque na eleição passada fiquei procurando um candidato ao Senado e não tinha. Agora tem muitos, esse é o melhor dos mundos, avançamos muito. Melhor que isso só o Dunga, que pode escolher entre Robinho e Adriano. Isso é sinal de que o governo deu certo, se não tivesse dado certo, não tinha candidato de peso, com cacife eleitoral, querendo concorrer junto com a gente.

Arruda X Roriz X Agnelo

Toda a disputa é legítima, essa ou qualquer outra que se desenhe. Mas o cenário não está consolidado ainda, muitas alianças podem acontecer na esfera nacional e em consequência no contexto local.

Alianças

Não fecho nenhuma porta, todas as forças políticas que durante esses anos quiseram contribuir com a gente nesse formato de cidade organizada foram muito bem-vindas. Se tivesse fechado portas, não teria tido o apoio do PV, que veio depois de iniciado o governo e de outros partidos, que têm feito importantes parcerias.Quanto mais ampla a aliança, melhor a governabilidade. Eu me relaciono muito bem com todas as correntes políticas, mesmo aquelas que eventualmente têm discordâncias ou fazem críticas construtivas. De qualquer forma, o cenário nacional não está definido, portanto o local também não.

Tribunal de Contas

O poder de indicação dessa vaga é da Câmara Legislativa. Muitos deputados, no entanto, têm procurado me ouvir e a esses tenho dito que talvez, nesse momento, a indicação de alguém com perfil mais técnico seja bom para todo mundo. Até porque os meus deputados da base estão muito bem e não posso prescindir deles no embate eleitoral, especialmente aqueles que me ajudaram no Executivo e cresceram por conta disso. Se um deles ficasse de fora para concorrer ao TCDF, me desfalcaria no processo eleitoral.