postado em 14/09/2009 08:25
Mara PuljizAry Filgueira
Edson Luiz
Depois de realizar novas diligências até o fim da madrugada de ontem, a Polícia Civil deu novos rumos às investigações sobre a morte do advogado José Guilherme Villela, 73 anos, de sua mulher, Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva, 58. A apuração se concentrará nas ações em que o advogado atuava em seu escritório. Os delegados e agentes também trabalham com a hipótese de que o crime tenha sido premeditado.
O ponto de partida dessa nova linha de investigação coordenada pela delegada-chefe da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), Martha Vargas, desta vez, será o escritório, na Quadra 1 do Setor Comercial Sul (SCS), onde o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) trabalhava com sua equipe de advogados, entre eles, o filho Augusto e a neta Carolina Villela. ;Estamos seguindo várias linhas de investigação. Vamos fazer um levantamento no escritório, onde pesquisaremos ações judiciais e as principais causas defendidas;, informou o chefe do Departamento de Polícia Circunscricional (DPC), André Victor do Espírito Santo.
O delegado não deu detalhes de como os trabalhos serão conduzidos e que tipo de informação os investigadores pretendem obter com as novas diligências no escritório do Edifício Denasa. Além do local, a polícia pretende vasculhar outros imóveis da família Villela. A intenção é buscar indícios que possam levar aos suspeitos. Além de ganhar notoriedade por defender o ex-presidente Fernando Collor de Mello, no processo de impeachment, José Guilherme advogava em questões fundiárias. Os investigadores querem saber se a motivação para o crime tem alguma relação com os casos nos quais ele atuava, o que fortalece a hipótese de que o triplo homicídio tenha sido encomendado.
Até agora, as principais buscas se concentraram somente no apartamento das vítimas situado no Bloco C da 113 Sul. O imóvel foi periciado 10 vezes. O último trabalho, realizado na tarde e noite de sábado, contou com equipes do Instituto de Criminalística (IC) e de Identificação (II). A última apuração de provas teve ainda a colaboração da psiquiatra Conceição Krause, do Centro de Estudo da Mente, departamento vinculado à Polícia Civil do DF e ao diretor do Departamento de Polícia Técnica (DPT), José Ribamar Machado.
Foram mais de seis horas de trabalhos dentro do imóvel. Lá, os especialistas colheram novas impressões digitais e recolheram evidências. A polícia analisa indícios de que o criminoso (ou criminosos) entrou no apartamento 601/602 da 113 Sul para roubar o casal. Porém, a tese de latrocínio só será confirmada nesta semana, quando se inicia a análise dos laudos periciais.
OAB no caso
A terceira semana após a descoberta dos corpos de José Guilherme, Maria [SAIBAMAIS]Carvalho e Francisca se inicia com o resultado de exames realizados pelo Instituto de Identificação da Polícia Civil, que devem revelar as digitais colhidas no apartamento dos Villela. Outro laudo, divulgado pelo Instituto de Criminalística, vai descrever a dinâmica do crime. Hoje, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) começa, oficialmente, a acompanhar o inquérito policial. Mas a participação da seção brasiliense da entidade se limitará, por enquanto, ao papel de observadora privilegiada do caso. ;Quando houver um dado concreto, a gente entra em ação como auxiliar do Ministério Público num possível processo;, explicou o advogado criminalista Raul Livino, designado na sexta-feira para representar a OAB/DF no acompanhamento do caso.
Sobre as novas apurações no escritório dos Villela, Raul Livino elogiou a investigação coordenada pela delegada Martha Vargas. ;Estamos diante de um quebra-cabeças. Todo o fator que não anula um dado é passível de ser investigado;, ratificou.
Todo o trabalho de apuração vem sendo feito pela 1; DP. A delegada Martha Vargas tem preferido o silêncio a divulgar informações que possam atrapalhar as investigações. Ontem, a movimentação na delegacia foi tranquila. Martha chegou sozinha à delegacia por volta das 20h40 . No dia anterior, a chefe das investigações esteve no prédio acompanhada da psiquiatra forense Conceição Krause. ;Ela está traçando o perfil psicológico das pessoas que prestaram depoimento;, explicou André Victor.
Filha não foi à DP
Ao contrário do que divulgou o Correio na edição de ontem, a testemunha que compareceu à unidade policial na tarde de sábado não foi a filha do casal assassinado, Adriana Villela. A polícia esclareceu que a mulher que chegou à delegacia com o rosto encoberto por um lenço era, na verdade, uma pessoa que se apresentou como informante. ;Ela resolveu aparecer na delegacia por conta própria. Dizia ser uma informante, mas não acrescentou nada às investigações;, garantiu André.
A informação de que se tratava de Adriana se deu por causa da semelhança entre elas. A informante que entrou no prédio tinha o cabelo preto e mediano e as mesmas características da filha do casal. Ela também não deixou a delegacia pela porta da frente, o que despertou desconfiança dos jornalistas. Agentes de polícia ainda deixaram subentendido que era Adriana. ;Há muitos palpiteiros nesse caso. Não há vazamento de informação e, portanto, ninguém sabe o que está acontecendo;, reiterou André Victor.
Para saber mais
Segundo conclusão do laudo pericial, as vítimas foram assassinadas entre às 19h30 e 20h do último dia 28 de agosto, uma sexta-feira. A empregada Francisca Nascimento teria sido a primeira a morrer, com 22 facadas pelas costas. Ela teria aberto a porta para o criminoso (ou criminosos). Conforme o laudo técnico, Maria Villela recebeu 12 golpes no tórax e o marido, José Guilherme, morreu depois de receber 38 facadas.