Está cada vez mais cara a locomoção dentro do Distrito Federal. Os reajustes nos últimos 12 meses chegam a 50% e podem ultrapassar, em até sete vezes, a média registrada no restante do país. O peso é maior para as 1,1milhão de pessoas que utilizam os transportes públicos ; ônibus urbanos e semiurbanos, metrô e táxis. Em alguns casos, o brasiliense paga os valores mais altos do país, como nos ônibus semiurbanos, que ligam Brasília a cidades do Entorno. A tarifa de ônibus urbano, única que não aumentou no último ano, é bem superior à cobrada em São Paulo, Rio de Janeiro e na vizinha Goiânia. Está mais caro também manter o carro próprio. Na contramão da tendência verificada no restante do país, a gasolina aumentou 4,36%, enquanto na média nacional ela está mais barata que há 12 meses. E contratar um seguro obrigatório ficou 19,46% mais caro, segundo levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas a pedido do Correio, com base no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S).(1)
Há exatamente um ano, o bilhete de metrô era vendido a R$ 2. Agora são necessários R$ 3. Um aumento de 50%, enquanto a inflação na capital do país variou 4,82%. A explicação para o reajuste elevado é que o metrô operava com tarifas promocionais até fevereiro deste ano. Como tem um público cativo ; 150 mil pessoas por dia ; não é mais necessário dar descontos. Em julho, foi a vez do reajuste nos ônibus semiurbanos, que ligam cidades de dois estados distantes, no máximo, 75km. As concessionárias que operam os destinos tiveram autorização para elevar em 6,21% o preço das tarifas. Os valores pagos por 57,9 milhões de pessoas por ano são os mais caros do país. Os preços chegam a R$ 5,55 ; cobrado entre Brasília e Mansões Marajó, bairro de Cristalina, cidade goiana. O trecho entre Brasília e Luziânia custa R$ 4,05, chega a R$ 4,25 quando o destino é Águas Lindas. Na região metropolitana de São Paulo a tarifa máxima cobrada é de R$ 4,50.
Ônibus e táxi
As passagens urbanas, que variam de R$ 1,50 a R$ 3, também são mais caras do que em outras grandes capitais brasileiras. Na maior cidade do país a passagem de ônibus custa R$ 2,30. No Rio de Janeiro, o valor é R$ 2,20, e em Goiânia, R$ 2,25. O valor brasiliense vigora desde dezembro de 2006 e, de acordo com a Secretaria de Transporte, não há previsão de novos aumentos. De acordo com a secretaria, ao todo, 800 mil pessoas viajam nos ônibus urbanos.
Quem opta pelos táxis também está pagando mais caro neste ano. Utilizados por 36,5 mil pessoas diariamente, eles tiveram autorização para aumentar em 9% a tarifa desde junho. Na prática, o reajuste médio foi menor, de 3,49%, de acordo com o levantamento da FGV, mas, ainda assim, foi superior ao verificado na média nacional, de 2,91%. O índice não foi repassado integralmente aos consumidores em função das promoções que os taxistas fazem, segundo a presidente do Sindicato dos Permissionários de Táxi e Motoristas Auxiliares do DF, Maria do Bonfim Pereira de Santana. ;O cliente deve negociar com o motorista um desconto. Em Brasília, temos mais oferta que demanda, então é fácil negociar;, orienta.
O peso do carro próprio
Quem utiliza o carro particular para transitar pela capital federal também está arcando com valores mais onerosos. Segundo o Detran, há 1,1 milhão de veículos no DF. O litro de gasolina está 4,36% mais elevado que há 12 meses. Apesar de ser menor que a inflação, a variação fugiu da tendência verificada na média nacional, que registrou recuo de 0,19% no período. Segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o litro do combustível custa entre R$ 2,61 e R$ 2,76. Em média, o DF tem a sétima gasolina mais cara do país. Os gastos com a manutenção dos veículos também ficaram bem mais altos. O valor do seguro facultativo subiu 19,46% em relação ao ano passado. Os serviços de oficina mecânica aumentaram 5,02%. Os consumidores estão sentindo o peso de manter o carro particular. Toda vez que tem de abastecer, o técnico em telecomunicações Francisco Adriano Franco, 28 anos, se angustia com o preço da gasolina. Ele espera o combustível chegar à reserva, mas não costuma encher o tanque. ;Ponho só o suficiente para andar nos próximos dias. A gente sente o peso. É doído pagar tão caro assim;, afirmou, depois de mais uma parada para abastecer. Francisco trabalha em três lugares diferentes: Taguatinga, Centro Cultural Banco do Brasil e Feira dos Importados. Com tantas idas e vindas, gasta, em média, R$ 400 por mês com combustível: ;É um absurdo, caro demais. Não entendo isso;. (Colaborou Diego Amorim)
1 - Inflação
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) é calculado pela Fundação Getulio Vargas e mede a variação de preços em Brasília e em seis regiões metropolitanas. São pesquisados semanalmente os valores de 450 produtos e serviços, agrupados em sete classes de despesas. Os pesos atribuídos a esses itens espelham as despesas das famílias com renda mensal de até 33 salários mínimos, ou seja, R$ 15,3 mil.
Realidade local
1,1 milhão
Quantidade de automóveis em circulação no Distrito Federal
800 mil
Pessoas usam os ônibus urbanos da capital do país diariamente
36,5 mil
Brasilienses andam de táxi todos os dias
160 mil
Total de moradores do DF que usa o metrô por dia
158,8 mil
Número de passageiros que andam de ônibus entre Brasília e alguma cidade do Entorno por dia