Acusado pela morte de três mulheres em um acidente na Ponte JK, em outubro de 2007, Paulo César Timponi conseguiu nesta quinta-feira (17/9) a mudança da acusação contra ele para homicídio culposo ; sem a intenção de matar.
Com a mudança, Timponi não será mais julgado por um júri popular e deve sair da prisão ainda hoje. Ele está preso desde abril do ano passado e aguarda apenas a conclusão de um alvará de soltura. Até agora, Timponi respondia por homicídio doloso.
O viúvo de uma das vítimas do acidente, Luiz Cláudio de Vasconcelos, saiu revoltado do julgamento. "Isso é um absurdo. É um absurdo e não vai ficar assim", afirmou. No desabafo, Luiz Cláudio disse ainda que as três mulheres morreram em vão. "A sociedade está afrontada hoje. Elas morreram à toa", disse.
A família das vítimas disse que vai recorrer da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Alguns familiares dos envolvidos choraram após a conclusão do julgamento.
Além da desembargadora e relatora do processo Sandra De Santis, o desembargador George Lopes Leite votou a favor do pedido, mas pediu desculpas aos familiares pelo voto e disse que "é muito difícil julgar". Somente o desembargador Edson Alfredo Smaniotto votou contra a decisão da relatora e afirmou que Timponi assumiu sim risco ao dirigir em alta velocidade.
A decisão foi estendida ao músico Marcelo Costa Salles, que dirigia uma S10 e era acusado de disputar um pega com o Golf, conduzido por Timponi.
A defesa
Durante o pronunciamento, o advogado de defesa, Eduardo Toledo, defendeu que não houve provas de que o réu e Marcelo Costa faziam racha na Ponte JK. "Nenhum dos pardais instalados na ponte capturaram velocidades acima da permitida", afirmou Toledio. Ainda sustentou a tese de que, se o local estivesse com defesas na área central, o acidente seria evitado.
Após o resultado, o advogado disse que a decisão representa uma "lição de cidadania para a sociedade". "Essa decisão representa que cada caso é um caso e que não podemos levar todos os fatos a uma só situação e submeter alguém a uma roleta russa", declarou.
O acidente
Em outubro de 2007, Paulo César Timponi conduzia o Golf que teria batido na traseira do Corolla na Ponte JK. Na época, um laudo da Polícia Civil apontou que o Golf de Timponi estava a 130 km/h e o Corolla a 60km/h, no momento da batida. No carro dele foram encontradas uma lata de cerveja, uma garrafa de uísque e vestígios de cocaína.
Com o impacto, Antônia Maria de Vasconcelos, a irmã dela, Altair Barreto de Paiva, e a amiga Cíntia Cysneiros de Assis, que estavam no Corolla, foram arremessadas para fora e morreram na hora. Testemunhas afirmaram ter visto, minutos antes do acidente, o músico Marcelo Costa Salles, que dirigia uma S10, disputando um pega com o Golf, conduzido por Timponi.
Ouça trecho do voto do desembargador George Lopes que decidiu o caso
Ouça Eduardo Toledo, advogado de defesa de Timponi, sobre a decisão
Ouça o desabafo de Luiz Cláudio após a decisão do tribunal