Juliana Boechat
postado em 22/09/2009 08:42
A dona de casa de hoje, além de cuidar do lar, estuda, trabalha e ajuda nas despesas. No rol de tarefas, dentro e for a de casa, ela não escapa da responsabilidade de fazer a refeição, a limpeza e a compra do mês. Na correria do dia a dia, no entanto, muitas compram o primeiro produto que enxergam na prateleira e não prestam atenção ao rótulo ou ao preço. A partir dessa constatação, a estudante de nutrição e dona de casa Suely Bezerra da Silva, 34 anos, fundou a Associação das Donas de Casa do Distrito Federal e Entorno. Com cursos, palestras ou visitas em domicílio, ela ensina a cerca de 4 mil mulheres como economizar na hora da compra do mês.A iniciativa surgiu há quatro anos aproximadamente. Moradora de Ceilândia, Suely percebeu que pequenos mercados da cidade perdiam a concorrência com os grandes nomes do varejo. Ao se deparar com os preços altos na hora de fazer as compras, teve a ideia de ajudar as mulheres como ela e ainda colocar em prática o conhecimento adquirido no curso de nutrição. O projeto começou de maneira tímida e, hoje, congrega 4 mil donas de casa. Entre as dicas (veja quadro), Suely ensina como gastar menos no supermercado, a comprar produtos saudáveis e a dar preferência aos produtos locais.
As mulheres não pagam para se associar. Para manter o trabalho, Suely conta com a contribuição mensal de 30 empresas locais de roupa, alimentos, bebidas e materiais de construção. O dinheiro é aplicado em publicidade. Agora, ela está à procura de uma sala comercial para montar a sede da associação. No fim do ano, a presidente promove uma confraternização e distribui produtos das empresas conveniadas às donas de casa. ;É uma forma de tornar o produto conhecido e mostrar que, além de serem mais baratos do que outros, são de ótima qualidade;, explicou. ;Outra vantagem de comprar os produtos locais é a contribuição que estamos dando à criação de empregos na região;, disse Suely.
Economia
A presidente e fundadora da associação costuma dar cursos e palestras quando há uma mudança no mercado que influencie diretamente a vida das donas de casa, como o aumento do preço da cesta básica. Suely ainda presta consultoria em domicílio a algumas mulheres que querem tirar dúvidas ou pedir dicas antes de fazer as compras do mês. Nessas ocasiões, ela costuma ensinar como comprar apenas o necessário, escolher alimentos saudáveis e os produtos mais baratos. Ela ensina que uma das formas de fazer isso é organizar uma lista de compras antes de sair de casa para não correr o risco de pegar o primeiro produto da prateleira sem prestar atenção no preço.
Adriana da Silva Lima, 34 anos, trabalha, estuda e é a responsável pela casa e dois filhos ; um deles recém-nascido. ;O trabalho da associação ajudou muito. Antes, eu chegava no supermercado com pressa e comprava a primeira coisa que via à frente. Agora, preparo a lista antes de sair de casa. Economizo tempo e dinheiro;, disse. Adriana também aprendeu a aproveitar comida, pesquisar preço e valorizar marcas pouco conhecidas. ;Com os cursos, as palestras e as dicas, reparamos como somos mal informadas;, contou. ;Ser dona de casa é um prazer que toda mulher tem. Fazer tudo com amor e carinho, sai tudo bem-feito;, garantiu.
A maior publicidade do trabalho de Suely é o boca a boca. Adriana soube do trabalho da associação pela mãe, Maria Geneci da Silva Lima, 55, vizinha de Suely e também dona de casa. A partir de então, os boatos correram a cidade e chegaram a outras localidades do Distrito Federal. Maria contou que a adaptação à nova rotina é difícil no início. Mas garante que basta entrar no ritmo, que o projeto vale a pena. ;Uma incentiva a outra e é maravilhoso;, contou. Ela disse ainda que Suely sempre vai a sua casa para saber como estão sendo feitas as compras e atualizar as novidades no ramo.
Antes eu chegava no supermercado e comprava a primeira coisa que via na frente. Agora, preparo a lista. Economizo tempo e dinheiro;
Adriana da Silva Lima, integrante da Associação de Donas de Casa do DF e Entorno
Evitar o desperdício
Algumas dicas que a associação dá para as donas de casa do DF
# Priorizar produtos do Distrito Federal;
# Analisar os preços na prateleira do supermercado;
# Observar os rótulos dos produtos;
# Não desperdiçar alimentos: dá para esquentar a comida do almoço no jantar;
# Fazer uma lista de compras antes de sair de casa apenas com o necessário; Associar o preço à qualidade do produto.
Movimento mineiro tem 25 anos
Em Brasília, a iniciativa de Suely é única. Mas trabalhos como o dela são antigos em outras cidades do Brasil e em diversos países da Europa e nos Estados. Em Minas Gerais, as donas de casa e os consumidores em geral contam com o apoio do Movimento de Donas de Casa. Há 25 anos, a entidade desenvolve ações voltadas aos consumidores em geral. Profissionais de diversas áreas podem se cadastrar e participar do movimento. A população conta com atendimento jurídico gratuito, pesquisas semanais de preço e ainda pode assistir a palestras sobre formas de aperfeiçoar o consumo e os gastos.
O movimento também realiza atendimentos individuais ou palestras para um número maior de interessados. Investe ainda em educação do consumidor mirim que, por meio de uma cartilha de história em quadrinho, aprende a economizar e a gastar o dinheiro de maneira consciente. Outro foco da entidade são as campanhas sobre segurança alimentar, a redução de taxas de juros, uso racional da água, do gás de cozinha e do telefone. Tudo para estimular a precaução na hora do consumo e reduzir os gastos no fim do mês. No site (www.mdcmg.org.br), os interessados podem acompanhar pesquisas de preço e ainda ter acesso à lei do Direito do Consumidor.