Cidades

Porteiros e moradores da Asa Sul recebem palestra sobre segurança

postado em 23/09/2009 09:51
Os moradores de Brasília sentem saudade do tempo em que as crianças podiam brincar tranquilas embaixo do bloco até tarde. Diante das ameaças de roubos, uso de drogas e até da incidência de crimes como o triplo homicídio ocorrido na 113 Sul em 31 de agosto, no qual morreram dentro de casa, a facadas, o advogado José Guilherme Villela, 73 anos, a esposa Maria Villela, 69, e a empregada Francisca Nascimento da Silva, 58, a comunidade se mobiliza para ter mais segurança dentro da própria residência. Na manhã da última quarta-feira, os moradores, porteiros, babás e zeladores que trabalham na 111 Norte se reuniram para assistir a duas palestras no Bloco G, uma sobre drogas e outra a respeito da segurança nos prédios.

Luis Carlos fala aos moradores e funcionários de prédios da 111 Norte: medo após triplo homicídio na 113 SulO policial civil e prefeito comunitário da 309 Norte, Luis Carlos Alves Azevedo, foi o responsável por ensinar, principalmente aos porteiros, como evitar que pessoas indesejadas entrem nos edifícios. Ele falou durante mais de uma hora sobre a responsabilidade desses profissionais. ;O porteiro é um agente de segurança e não apenas um vigia que abre portas. A segurança deve ser um costume construído no dia a dia;, explicou.

Azevedo destacou as principais funções dos funcionários do prédio. Entre elas, estão manter um livro de ocorrências, no qual se deve anotar tudo que ocorre de suspeito ao redor do bloco, e uma lista com o nome das pessoas e números das identidades de quem visita ou presta algum serviço no local; checar se os interfones e câmeras funcionam; ter uma relação de telefones dos moradores; e, acima de tudo, conhecer bem quem vive no prédio e nunca confiar em estranhos que tentem entrar sem antes consultar o dono de algum apartamento. Manter uma relação de amizade e respeito com os porteiros também pode ajudar os moradores a ficarem longe do perigo.

O palestrante lembrou também a necessidade de se fazerem crachás para os pedreiros e outros trabalhadores das obras dos prédios. ;Tivemos casos de pessoas que disseram aos porteiros que eram do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e queriam fazer o censo demográfico. Era mentira e por sorte nenhum conseguiu entrar;, relatou o policial. ;Houve também ocorrências de roubos de bicicletas. Um homem entrava nas garagens quando os moradores abriam o portão para passar com o carro. O porteiro precisa estar atento nesses momentos;, acrescentou. A palestra é promovida pela Secretaria de Justiça e pode ser feita em qualquer local do Distrito Federal, a pedido da comunidade. ;Até outubro, a agenda está lotada. Tem pelo menos outras 26 quadras na fila depois disso;, informou um dos palestrantes, Alexandre Rocha, responsável pela palestra sobre drogas.

Todos os porteiros dos blocos da 111 Norte usam rádios estilo walkie-talkie para trocar informações sobre a movimentação na quadra. A ferramenta está em uso desde 2008. Ainda assim, há problemas para controlar a entrada e saída de pessoas nos edifícios. ;Não adianta ter o material se o funcionário não souber operar ou não quiser usar corretamente;, ressaltou Azevedo. Os crimes como roubo a residência, na região, no entanto, diminuíram após a implantação do sistema integrado de comunicação.

Pedidos
Após as três mortes na 113 Sul, a prefeita da 111 Norte, Eliane Werneck, recebeu vários pedidos de síndicos para orientar melhor os empregados e ensinar aos moradores o que eles devem fazer para se sentirem mais seguros. ;Esse crime chocou Brasília e fez a comunidade participar mais ativamente das reuniões e das decisões dos condomínios;, relatou Eliane. A prefeita está sempre em comunicação com a polícia e distribui por e-mail, aos habitantes das quadras, fotos de bandidos que agem na região. ;Temos dois jornais: um virtual e um impresso. É preciso muita comunicação para se manter a paz nas redondezas;, relatou.

Os porteiros aprovaram o treinamento que receberam, mas ressaltaram que nem sempre uma eventual falha na hora de controlar a entrada e saída é culpa deles. Muitos desses profissionais precisam deixar a guarita para atender pedidos de moradores, que os chamam até para arrastar móveis nos apartamentos. ;Nós somos obrigados a desempenhar funções que vão além de cuidar da portaria. Temos de atender os mimos dos moradores. Aí, fica complicado;, reclamou Claudiomar Inácio de Souza, 38 anos, morador de Planaltina e porteiro de dois blocos da quadra, em um deles há 10 anos. ;O Claudiomar é um porteiro disputado aqui na 111 Norte justamente por ser atento e eficiente;, elogiou Eliane. ;A única responsabilidade do porteiro deve ser ficar atendo à movimentação na portaria. Se os condôminos colaborarem, isso vai ser possível;, acrescenta Claudiomar.

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