As vendas do comércio varejista no Distrito Federal cresceram 1,98% de julho para agosto, de acordo com pesquisa da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF). O segmento de combustíveis e lubrificantes teve a maior alta: 6,9%. Esse resultado reflete o incentivo federal à indústria automobilística. Em segundo e terceiro lugares ficaram calçados e supermercados, com aumentos, respectivamente, de 6,3% e 5,9%. Farmácias e perfumarias registraram queda de 15,9%, seguidas do setor autopeças e acessórios, com descréscimo de 8% nas vendas. Na composição da média geral, todas as áreas do comércio conseguiram elevar as vendas em agosto em relação a julho (veja quadro).
Para o presidente da Fecomércio, senador Adelmir Santana (DEM-DF), a alta é significativa e revela que, apesar da crise, as famílias não tiveram perda de renda. ;Estamos vivendo um momento em que todos os consumidores estão reticentes e, ainda assim, o consumo cresceu;, comenta. De acordo com ele, os resultados devem ser ainda melhores neste mês. ;Em comparação a agosto de 2008, o crescimento foi de 0,66%, mas, ano passado, só começamos a sentir os efeitos da crise a partir de setembro. Ao compararmos setembro ao mesmo período deste ano, os resultados tendem a ser ainda mais positivos;, prevê o senador.
Os segmentos com aumento de vendas em agosto confirmam a boa capacidade de compra dos brasilienses. A alta no consumo de combustíveis está relacionada ao crescimento da frota de veículos, bens de alto custo. Os calçados, vice-campeões de venda no período, não são considerados itens essenciais, o que demonstra que os consumidores locais têm dinheiro para gastar além das compras de primeira necessidade. A pesquisa, que leva em conta 407 empresas de 16 ramos de negócio, também mostrou um pequeno aumento nas compras à vista(1).
Calçados
Na loja Sapato da Corte, do Sudoeste, a gerente Glauberta Pereira Cordeiro notou alguma prosperidade em agosto. ;As vendas crescem mais intensamente em dezembro, mas fizemos promoção no mês passado e vendemos mais sapatos;, conta. Segundo ela, que trabalha na rede de calçados há dois anos, a situação é tão boa que a Sapato da Corte se prepara para abrir uma nova loja em um shopping center da cidade e existe, a exemplo de anos anteriores, a perspectiva de contratar funcionários temporários para o fim de ano.
Maria Sueli da Silva, gerente da Mr. Foot, também registrou um pequeno crescimento nas vendas de julho para agosto. Quando compara ao mesmo período de 2008, ela avalia que ocorreu uma queda de 15%. ;Fizemos promoção e, em seguida, chegou uma nova coleção recentemente, o que leva a uma diminuição no volume de negócios. Apesar das variações, no ramo de calçados as vendas costumam ser altas;, diz. A auxiliar administrativa Michele Marques dos Santos, 24 anos, confirma a força do mercado de calçados no DF. ;Compro pelo menos um par a cada dois meses;, conta Michele, que aproveitou um intervalo no expediente para aumentar sua coleção.
1 - Pagamento
Os pagamentos à vista corresponderam a 66,9% do montante negociado em agosto. Em julho, o percentual tinha sido de 66,2%. Os pagamentos a prazo também cresceram, de 9,7% para 10,8%. Em compensação, de julho para agosto caiu o uso de cartão de crédito ( de 14,5% para 13,7%) e também de cheques pré-datados
(8,4% para 7,6%).
Empregos em queda há três meses
A nota ruim da pesquisa realizada pela Fecomércio ficou por conta da variação negativa de empregos no DF durante o mesmo período. A mão de obra empregada em agosto passado foi 0,53% menor do que a do mês anterior. No ano passado, a variação do mesmo período foi positiva (1,54%).Os segmentos de instrumentos musicais e informática foram os de retração mais acentuada, com índices negativos de 6,9% e 6,6%, respectivamente. Eles são seguidos pelo ramo que engloba empresas de cine, foto, som e óticas, que apresentou baixa de 5,2%.
Este é o terceiro mês consecutivo que o comércio do DF registrou uma variação negativa em seu nível de emprego. De maio para junho a variação foi de -0,58%, e, de junho para julho,-0,39%. Foram poucas as áreas que conseguiram índices positivos em agosto. Entre elas estão livrarias e papelarias (2,8%), tecidos (1,2%), farmácias e perfumarias (1,5%) e combustíveis e lubrificantes (1,8%).
Neste ano, o índice acumulado de empregos é de ; 1,11%. Nos primeiros oito meses do ano passado, o mesmo indicador acumulava o valor positivo de 0,40%. Quando comparada a agosto do ano passado, a variação de emprego também é negativa
(- 0,03%). Apesar da queda, o presidente da Fecomércio, senador Adelmir Santana, considera o nível de postos de trabalho razoável e se diz otimista em relação à criação de empregos temporários(1) no fim do ano. ;Os números sinalizam que, no último trimestre deste ano, vamos ter um resultado extremamente significativo;, avalia Santana.
1 - Oportunidades
Um terço dos lojistas do DF pode contratar trabalhadores temporários neste fim do ano, segundo levantamento da Fecomércio. A pesquisa mostra que 29,3% dos empresários vão empregar pessoas para ajudar nas vendas de Natal. O volume é o dobro do registrado no ano passado, quando o país atravessava os primeiros meses da crise econômica global.