A doação de órgão é um ato de amor e solidariedade. A frase parece batida, mas o gesto pode devolver a esperança para muitas famílias. Só no Brasil, quase 60 mil pessoas, entre ativos e semi-ativos, aguardam na fila por um transplante. A maioria dos pacientes espera por uma nova córnea e um novo rim, juntos eles totalizam 53.997. Os dados são do Ministério da Saúde, e se referem ao 1; semestre de 2009.
No Distrito Federal, cinco pessoas esperam por um coração, 216 uma nova córnea e 232 um rim. "Se tivéssemos esses órgãos hoje, esses pacientes estariam prontos para serem transplantados", afirma a coordenadora da Central de Capacitação de Órgãos do Distrito Federal, Daniela Salomão. Outros três pacientes aguardam um coração, 810 uma córnea e 315 um rim, esses são classificados como semi-ativos. "São os pacientes não prontos, se tivesse um órgão disponível hoje eles não teriam condições de receber. Esses não estão em condições clínicas de serem transplantados, alguns deles faltam exames ou não conseguimos contato porque mudaram de endereço ou telefone", explica Salomão.
Entre os Estados brasileiros, São Paulo é o que tem mais gente na fila. São 13.385 na esperança de conseguir uma doação. O Estado também tem a maior população do Brasil. São mais de 40 milhões de habitantes. Em seguida, Rio de Janeiro com 7.744 pacientes (6.186.710 vivem na cidade e 11.812.482 na região metropolitana), Minas Gerais com 6.244 (e 20.033.665 habitantes) e Paraná com 4.285 (10.686.247 vivem no Estado).
Recusa
A coordenadora da Central de Capacitação de Órgão do DF diz estar preocupada com as recusas de doações. Só este ano, 30 possíveis doadores negaram ajudar com o transplante. "Precisamos chacoalhar a sociedade, a recusa tem aumentado e isso nos preocupa", diz. O coração é um dos órgãos mais difíceis de serem doados. "O órgão sofre muita instabilidade e variação de pressão, ainda tem a idade de alguns doadores que compromete o órgão também", explica.
Na capital, atualmente, os transplantes são realizados no Hospital de Base do DF (HBDF), Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), Hospital do Coração (localizado no Hospital das Forças Armadas), além de hospitais particulares e clínicas de oftalmologistas. Mais de 90% dos transplantes são realizados pelo sistema público de Saúde.
Campanha no DF
Neste domingo (27/9), é comemorado o Dia Nacional do Doador de Órgãos. Para lembrar a data, a Central de Capacitação de Órgão do DF estará nesta quinta (24/5) e sexta-feira (25/5) na Procuradoria Geral do Trabalho. Será montado um estande, das 12h às 18h, para cadastro de doadores de medula óssea. No local, também será feito o exame para a tipagem de sangue.
Também está prevista uma palestra na próxima quinta-feira (1/10) sobre a importância da doação de órgãos. O evento será no Centro de Ensino 103, em Santa Maria, às 11h. A palestrante será a enfermeira Josiane Gomes Fernandes. E no dia 2 de outubro, sexta-feira,
uma divulgação no shopping de Taguatinga, das 12h às 22h, para sensibilizar a população, além do cadastramento de doadores.
Saiba mais
; Como posso me tornar um doador de órgãos?
O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas.
; Quais os requisitos para um cadáver ser considerado doador?
* Ter identificação e registro hospitalar;
* Ter a causa do coma estabelecida e conhecida;
* Não apresentar hipotermia (temperatura do corpo inferior a 35;C), hipotensão arterial ou estar sob efeitos de drogas depressoras do Sistema Nervoso Central;
* Passar por dois exames neurológicos que avaliem o estado do tronco cerebral. Esses exames devem ser realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e de transplante;
* Submeter-se a exame complementar que demonstre morte encefálica, caracterizada pela ausência de fluxo sangüíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral; e
* Estar comprovada a morte encefálica. Situação bem diferente do coma, quando as células do cérebro estão vivas, respirando e se alimentando, mesmo que com dificuldade ou um pouco debilitadas. Observação: Após diagnosticada a morte encefálica, o médico do paciente, da Unidade de Terapia Intensiva ou da equipe de captação de órgãos deve informar de forma clara e objetiva que a pessoa está morta e que, nesta situação, os órgãos podem ser doados para transplante.
; Quero ser um doador de órgãos. O que posso doar?
* Córneas (retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias);
* Coração (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas);
* Pulmão (retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas);
* Rins (retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas);
* Fígado (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
* Pâncreas (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
* Ossos (retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos);
* Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
* Pele; e
* Valvas Cardíacas.
; Posso doar meus órgãos em vida?
Sim. Também existe a doação de órgãos ainda vivo. O médico poderá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças anteriores. A compatibilidade sangüínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família ou amigo. Este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.
; Para doar órgãos em vida é necessário:
* ser um cidadão juridicamente capaz;
* estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais;
* apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação;
* Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando; " Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante; e
* Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.
; Orgãos e tecidos que podem ser doados em vida:
* Rim;
* Pâncreas;
* Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
* Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%); e
* Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais).
; Quem não pode doar?
* Pacientes portadores de insuficiência orgânica que comprometa o funcionamento dos órgãos e tecidos doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular;
* Portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contra-indicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados;
* Pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas; e
* Pessoas com tumores malignos - com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero - e doenças degenerativas crônicas.
; Entre em contato
Disque Saúde ; Transplantes: 0800 61 1997
E-mail: snt@saude.gov.br
Fonte: Ministério da Saúde