Adriana Bernardes
postado em 26/09/2009 07:55
No fim da tarde de ontem (25/9), a dona de casa Josely dos Santos Couto, 31 anos, esperava a filha, Ana Beatriz, 4, na porta da Escola Classe 2, na Estrutural. Por muito pouco, a menina não ficou fora do colégio. Josely não conseguiu vaga no início do ano. Mas não desistiu. ;Eu vinha na escola direto. Aí houve a desistência de uma criança e ela foi matriculada. Achei bom demais porque eu estava doida para ela estudar;, comemora. A angústia da estudante de administração Rosa Maria Gomes, 32, durou mais tempo. Somente há cinco dias ela finalmente conseguiu atender aos insistentes pedidos do filho Gabriel, 5. ;Ele vivia pedindo para estudar. Eu acho importante ele vir para a escola. Só não veio no começo do ano porque não tinha vaga;, comenta.
A conquista dessas duas mães exemplifica o que muitas outras estão vivendo. No ensino regular da rede pública, o governo conseguiu aumentar a quantidade de matrículas na pré-escola, de 32.644, em 2008, para 34.032, ou 4,2% a mais, em 2009. No ensino médio, o crescimento foi maior: o número saltou de 64.615 para 76.393, incremento de 18,2%. Já as matrículas nas creches no Distrito Federal aumentaram 52,5% porque, este ano, o Ministério da Educação (MEC) incluiu nas estatísticas as instituições particulares que têm convênio com o governo.
A notícia ruim é que as matrículas na Educação para Jovens e Adultos (EJA) tiveram uma queda de 19,1% e 22,7%, respectivamente, nos ensinos fundamental e médio, integrado à educação profissional. A secretária adjunta de Educação, Eunice Santos, explica que a redução reflete o alto índice de evasão dos estudantes. ;É um desafio reverter esse quadro;, ressaltou.
Essa realidade deve mudar a partir do próximo ano, quando a Secretaria de Educação pretende colocar em prática um plano de diretrizes que está sendo elaborado. Esse plano vai trazer uma série de normas para tornar a escola mais atrativa. A compra de material pedagógico específico está entre as metas.
O incremento mais expressivo nas matrículas, no entanto, só vai aparecer no senso de 2010. Com a entrega de 20 novas escolas este ano, o governo conseguiu ampliar a oferta na pré-escola em 37,5%, saltando de 33.416 em dezembro de 2008 para 45.797, em 31 de agosto deste ano. Nas estatísticas divulgadas pelo Ministério da Educação, o aumento foi de 4,2%. ;Isso é muito importante porque é uma meta buscada no Brasil todo. E estamos conseguindo um bom desempenho;, avalia Eunice Santos.
Ensino especial
Na educação especial (que atende aos portadores de necessidades especiais), só o ensino médio e as duas categorias de EJA tiveram resultados positivos. Segundo Eunice Santos, o incremento na quantidade de matrículas no EJA é reflexo da implantação do currículo funcional. ;Olhamos o aluno como um todo. Se ele tem alguma restrição de aprendizado escolar, exploramos outras habilidades. Passamos a valorizar e a capacitar essas pessoas. E isso atraiu um número maior de pessoas;, explica.
A maior queda de matrícula no ensino especial foi na creche e pré-escola. Eunice Santos garante que o governo atendeu toda a demanda. Para ela, seria preciso uma pesquisa mais ampla da população para descobrir os motivos da queda de matrícula. ;Se tivemos capacidade para atender a todos que nos procuraram e as matrículas caíram, pode ser que o número de pessoas da educação especial tenha caído;, diz. Os números são preliminares. Pelo menos 22 escolas públicas, 28 particulares e 11 creches ainda não entregaram para o Ministério da Educação a quantidade de matrículas feitas. O balanço fechado será divulgado pelo MEC em outubro.
Colégios avaliados
Cerca de 600 escolas públicas e privadas no Distrito Federal vão ser avaliadas nos próximos meses. Este ano, o Sistema de Avaliação do Desempenho das Instituições Educacionais do Distrito Federal (Siade -2009) começou pelas instituições que oferecem a educação infantil. É a primeira vez que elas serão avaliadas e, segundo o governo, a iniciativa é inédita no Brasil.
Desde a última segunda-feira, profissionais de 241 escolas públicas e 30 particulares da educação infantil respondem ao protocolo de autoavaliação que vai apontar o que pode ser melhorado na qualidade do ensino oferecido no DF. E nos próximos dias 7 e 8, 190 mil alunos das redes pública e privada farão provas de avaliação de rendimento do Siade 2009. Entre eles, 180 mil estudam em 569 escolas públicas e 10 mil em 35 instituições privadas.
Os 35 colégios privados fazem parte de um grupo de 476 instituições com o recredenciamento programado para 2010. Para conseguir isso, as escolas devem demonstrar melhoria qualitativa (aprimoramento administrativo, didático-pedagógico, qualificação de recursos humanos, modernização de equipamentos e instalações). ;O Siade trabalha com vários instrumentos e cada um deles é fundamental para a formulação de políticas públicas consistentes e sintonizadas com as reais necessidades das escolas, sejam públicas ou particulares, e da rede de ensino;, explica o secretário de Educação, José Luiz Valente.
Além da prova, 23 mil professores e 15 mil servidores da carreira de assistência nas escolas públicas começaram a responder questionários online. A meta é uma autoavaliação da política educacional e gestão escolar. De forma mais ampla, os resultados vão servir para que a Secretaria de Educação identifique problemas e atue para melhorar a política educacional e de gestão da rede.