Ana Maria Campos
postado em 27/09/2009 08:28
A crise na escolha do candidato petista ao Governo do Distrito Federal está perto do fim. Mas a legenda deverá enfrentar agora um novo embate: a escolha do nome que vai representar o PT na corrida ao Senado. O deputado Geraldo Magela acerta os últimos detalhes para anunciar a desistência de sua pretensão em concorrer ao Executivo. Antes disso, no entanto, terá de administrar uma nova disputa interna e com partidos aliados pelo apoio para seus novos planos.Magela pretende concorrer ao Senado. Por enquanto, ele não fala abertamente sobre o assunto. Mas já comunicou essa disposição a vários companheiros do partido e também a representantes do Palácio do Planalto que trabalham para viabilizar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República. Ele avisou que vai abrir espaço e apoiar a candidatura do ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz ao GDF. Quando chegar o momento de tornar pública sua nova meta, ele já terá um novo adversário.
O deputado distrital Chico Leite (PT) já se colocou como um concorrente para o Senado. Ele pretende deflagrar o processo de prévias internas para a escolha do candidato. De acordo com o que estabelecem as regras internas do PT, qualquer militante tem o direito de disputar a indicação, com votação dos filiados. Por isso, é impossível evitar um embate interno, caso alguém deseje entrar no páreo. Foi essa norma que acabou provocando uma demora na escolha do candidato do partido à sucessão do governador José Roberto Arruda (DEM). ;Só se resolvem as coisas com entendimento e não com segregação. Nenhuma decisão pode ser tratada no PT sem passar pela militância, ainda mais uma resolução tão importante como a candidatura ao Senado;, disse Chico Leite.
Renovação
Como em 2010 o Senado passará por uma renovação de dois terços de sua composição, dois senadores serão eleitos. Por isso, o PT poderia lançar Magela e Chico Leite como candidatos. O problema é o risco dessa estratégia, já que dificilmente os dois seriam eleitos com tantos nomes de olho na vaga que serão apoiados por Arruda e pelo ex-governador Joaquim Roriz (sem partido). Caso não haja acordo, a escolha de um dos dois petistas só deverá ocorrer em março de 2010(1), como ocorreria na hipótese de não haver entendimento entre Magela e Agnelo Queiroz.
A disputa no partido pode ficar ainda mais acirrada já que os petistas sabem que há um interesse grande da direção nacional do PT em ampliar a bancada no Senado na próxima legislatura. Interessado numa solução rápida, Agnelo é favorável à escolha de Magela como candidato ao Senado, como forma de unir o partido para começar a campanha ao governo. Os dois já discutiram o assunto em jantar há 10 dias. O presidente regional do PT, Chico Vigilante, também conta com a possibilidade de lançamento de uma chapa pura do partido, como forma de atender os interesses internos.
Além de Chico Leite, a intenção de Magela esbarra nos interesses de aliados. O deputado Rodrigo Rollemberg (PSB) afirma que a negociação em torno de uma composição entre seu partido e o PT deverá começar do zero, já que ele havia discutido com a direção petista a prioridade na escolha dos demais integrantes da chapa. ;Estou aberto a novas conversas. Mas preciso reiniciar a discussão;, disse ao Correio. No PT, há ainda quem defenda uma coligação, embora mais difícil, com o PDT do senador Cristovam Buarque (DF).
1- Encontro
De acordo com resolução do PT, todas as prévias para escolha de candidatos majoritários só poderão ocorrer depois do encontro nacional do partido que será realizado em fevereiro. Nessa reunião, o PT vai estabelecer as estratégias e o arco de alianças para a eleição presidencial e todas as definições regionais deverão ser submetidas ao interesse da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
MEMÓRIA
Embates históricos
As prévias são uma rotina no Partido dos Trabalhadores, mesmo quando há favoritismo por um dos concorrentes. Foi o que aconteceu, por exemplo, na disputa pela candidatura presidencial em 2002. Líder do PT desde a fundação da legenda, Luiz Inácio Lula da Silva precisou passar por uma eleição interna para se tornar o candidato ao Palácio do Planalto. Ganhou do desafiante, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), com 85% dos votos. Então governador do Distrito Federal em 1998, Cristovam Buarque, então no PT, aceitou se submeter a uma eleição entre os filiados para concorrer à reeleição. Ele disputou com o então senador Lauro Campos, que acabou deixando o partido antes das prévias para se filiar ao PDT. Cristovam disputou a indicação em duas outras oportunidades, em 1994, como candidato a governador e em 2002 como concorrente ao Senado. No Rio Grande do Sul, em 2002, o então governador Olívio Dutra (PT) disputou e perdeu a indicação ao governo. O hoje ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), venceu o embate interno, tirou a possibilidade de reeleição de Dutra, mas acabou derrotado nas urnas por Germano Rigotto (PMDB).
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